A HISTÓRIA PÚBLICA E A REDENÇÃO
DO MEDIEVO
Na edição passada deste evento tive a
oportunidade de discutir sobre como a mentalidade medieval estava presente na
colonização das américas, designadamente a respeito da apreensão do
“outro-monstruoso”. Naquele breve texto acerca do esforço cognitivo dos
expansionistas ibéricos diante das gentes do Novo Mundo, ou melhor, sobre esta
faceta do primeiro colonialismo moderno, advoguei em prol do estudo do
imaginário como rompedor de barreiras temporais a fim de destacar um possível
ensino da Idade Média mais pertinente à realidade brasileira [Lisboa, 2019, p. 55-62]. Ainda
convencido desta leitura, o que aqui proponho para a mesa é menos uma reflexão
conclusiva do que a instituição de um debate. A partir de um panorama dos
estudos medievais no Brasil – feito que não se quer inédito –, procurarei
incidir sobre como a História Pública pode elevar a razão de ser do
medievalismo nos trópicos.
Breves linhas
sobre o medievalismo no Brasil
No ano de 2015, a primeira versão da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) suscitou inúmeros debates em torno da História
Antiga e Medieval, pois, com a premissa de um currículo voltado ao nacional,
abolia do ensino escolar esses dois recortes estrangeiros à realidade
brasileira. Longe de querer dar conta deste debate, destaco ao leitor as notas
da Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM) e do Núcleo de Estudos
Mediterrânicos (NEMED) da
Universidade Federal do Paraná, bem como recomendo o artigo de Igor Teixeira e
Nilton Pereira A Idade Média nos
currículos escolares: as controvérsias nos debates sobre a BNCC [Pereira;
Teixeira, 2016, p. 16-29], uma vez que as duas primeiras foram bastante
acatadas por antiquistas/medievalistas e pelo terceiro muito bem sintetizar o
tema também em 2016.
Mas esta discussão não é nova. Na apresentação da
coletânea organizada por Jaime Pinsky, Modo
de Produção Feudal, publicada em 1982, temos uma previsão de futuro. Sobre
ela, e para iniciar a contextualização do Medievalismo no Brasil, trago a seguinte
consideração de Mário Bastos e Leandro Rust:
“Com o tom grave e compungido de quem atesta uma
impossibilidade, asseverava que as nossas universidades [brasileiras] jamais
formariam um especialista em História Medieval, por tratar-se esse de um passado
que não nos pertencia e que nos era ‘alheio’ por razões diversas.
Restar-nos-ia, apenas, ministrar, conformados, cursos honestos, se é que tal
paroxismo é possível. Pouco mais de vinte anos passados, as expressões do
quadro atingido pelos estudos medievais no Brasil parecem querer nos lembrar
quão incertas costumam ser as posições de arautos e profetas!” [Bastos; Rust,
2008, p. 164].
Conforme Ronaldo Amaral, “a grande questão sobre
os estudos medievais no Brasil ainda permanece a mesma: por que estudar Idade
Média em nosso país? O Brasil é uma realidade geográfica e sociocultural
anacrônica ao período medieval, pois surgiu após ele” [Amaral, 2011, p. 446].
De meados da década de 1960 até os inícios dos
anos 80, a História tinha que ser “engajada”. Não era bem visto que, em plena
ditadura militar, o historiador ou historiadora estudassem temáticas, tempos e
espaços tão exóticos. De que serviria isso para a superação o quadro político
nacional? “No máximo, permitiam-se incursões à Idade Média inspiradas por
aquelas que tinham sido feitas por Marx e Engels” [Coelho, 2006, p. 29]. No
binarismo corrente entre revolucionários e conservadores dentro dos cursos de
História, os medievalistas eram colocados
do lado direito do espectro político. Estudar a longa duração usando chaves
interpretativas de ordem cultural, por exemplo, era totalmente contrário ao
materialismo histórico dialético que postulava uma História que somente
avançava por meio de rupturas. Dessa forma, o Medievo circunscreveu-se ao modo
de produção feudal, como bem ilustra a leitura comunista de um semifeudalismo
brasileiro ainda em vigor na metade do século XX [Mendes, 2013, p. 204].
Soma-se a isso que neste contexto poucos eram os profissionais com formação na
área, ficando a disciplina acadêmica ao encargo dos professores de História
Moderna, Contemporânea e do Brasil, não sendo estranho, por isso, a caricatura
da Idade Média como Feudalismo.
Porém, ao ritmo da abertura política do final da
década de 1970 abriram-se também as portas dos departamentos para novas
perspectivas teórico-metodológicas. Era hora de chegar o estudo das
mentalidades e do imaginário pelos escritos de Georges Duby, Jacques Le Goff,
Philippe Ariès, Emmanuel Ladurie e o esquecido Marc Bloch. Com a História
Cultural, grosso modo, a longa duração voltava a fazer sentido e isso tocava
diretamente as outras disciplinas, haja vista que
“Tal como a palavra ‘mentalidade’, a palavra
‘imaginário’ apresenta-se com um certo halo de indefinição que lhe confere uma
parte do seu valor epistemológico, já que assim nos permite atravessar
fronteiras e escapar às compartimentações. É um conceito libertador, um
instrumento que abre portas e janelas e nos leva a outras realidades,
mascaradas pelos rótulos convencionais das preguiçosas divisões da história”
[Le Goff, 1994, p. 31].
Não obstante, foi apenas nos idos de 1990 que
institucionalizou-se o campo de estudos medievais. A criação da ABREM, em 1996,
de grupos de trabalho dentro da Associação Nacional dos Professores
Universitários de História (ANPUH), a partir de 1998, e de uma série de núcleos
de estudos, independentes ou institucionais, a partir dos 2000. Nesse momento,
importante ter claro que boa parte dos professores especializados no assunto
tiveram alguma formação em universidades europeias, daí a predominância, por
exemplo, de pesquisas sobre a Península Ibérica (proximidade do idioma,
facilidade em se ler as fontes, etc.). Outro aspecto relevante é a concentração
no sul e sudeste dessa primeira geração de medievalistas brasileiros, sendo São
Paulo e Rio de Janeiro os grandes epicentros. É apenas no decorrer da primeira
década do século XXI que pulveriza-se para o interior do país espaços de
pesquisa e programas de pós-graduação que contemplassem o Medievo.
Maria Coelho fala-nos em um artigo de cerca de
dez anos antes da primeira versão da Base Nacional Curricular que:
“Hoje, o medievalismo brasileiro está cada vez
mais consolidado. Em tempos de democracia e de globalização, já não se sustenta
mais a bandeira política dentro dos departamentos de História, que clamava pela
necessidade de fortalecer os estudos da área de História do Brasil, em
detrimento de outras linhas de pesquisa que pareciam inúteis aos olhos dos que
advogavam pela revolução. Mas, ainda assim, a História Medieval é uma área que
precisa de vez em quando justificar a sua existência” (Coelho, 2006, p. 31).
História Pública
e a redenção do Medievo
Como vimo-nos a ter que justificar a existência
deste campo de estudo, penso que a História Pública não somente poderia vir de
encontro a isso como também, junto do ensino de história, possui capacidade de
elevar tais questões. Em outras palavras, não somente legitimar o conhecimento
histórico aqui em exame, mas instituir um debate permanente, abrir uma
antecâmara para que essa discussão sobre a disciplina não se encerre.
Conforme Jerome de Groot falou ao blog Café História, aquilo que motivou-o a
desenvolver trabalhos na área da História Pública foi a percepção
“[...] de que a história estava acontecendo em
público e que precisávamos prestar atenção nisso. Eu percebia que existia um
enorme interesse pelo passado, mas a maioria dos meios de apresentação deste
passado às pessoas não era compreendido pelos historiadores acadêmicos. Eu
comecei, então, a me interessar por versões do passado apresentadas na
televisão e em filmes, e a me preocupar com o fato de que os historiadores
aparentemente não estavam muito envolvidos com o tipo de história que está
acontecendo fora dos meios especializados. Eu comecei então a pensar nas formas
como nós ‘consumimos’ o passado, isto é, como utilizamos o passado em nossas
vidas e os meios que empregamos quando efetivamente pagamos para usá-lo. Quanto
mais eu procurava, mais eu encontrava: de lojas de souvenirs de museus até
propaganda comercial, dos argumentos políticos aos filmes de Hollywood.
História é consumida, lida, interrogada, usada, pensada e debatida em milhões
de lugares”. [Groot, 2019]
Para o professor da Universidade de Manchester e
autor de Consuming History [2009],
estamos cercados por versões do passados através do consumo massivo de
história, algo que nos leva a imaginar realidades
outras (de maneira não neutra, enquanto receptores). Agora, quando pensamos
detidamente sobre como a Idade Média é representada não seria novidade destacar
uma visão obscura. Cabe acerca disso uma rápida recapitulação histórica baseada
em Hilário Franco Júnior.
Pelos humanistas do renascimento, a Idade Média
era tida como um tempo de inferioridade da produção humana perante os feitos
divinos; protestantes criticavam o monopólio católico; nos absolutistas havia
lamento pelos reis fracos; os iluministas escrachavam do pensamento ser
dominado pela igreja; entretanto, pelos românticos, era tida como a origem das
nações, um tempo de fé e segurança, onde a cientificidade não causou problemas,
tinha-se tranquilidade e merecia ser revivida [Franco Júnior, 2001, p. 11-18].
Por mais que sejam interpretações datadas, a ideia de um tempo sem especificidades
e de pouco contributo para nossa realidade ainda estão presentes na concepção
de alguns sobre a “Idade das Trevas”, especialmente em função de gerações
passadas que foram formadas por professores sem uma formação especializada em
Medieval, como vimos no tópico anterior.
Ademais, para não entrar propriamente nas
abundantes características fantásticas veiculadas pela literatura e produção
audiovisual, cabe mencionar que têm sido os louváveis do medievalism em analisar as apropriações não científicas do período
medieval. Mas longe de tentar dar conta desses assuntos, visto que as produções
historiográficas são vastas e os aspectos a serem analisados mais plurais
ainda, continuarei o raciocínio no âmbito universitário.
Parece-me especialmente interessante a iniciativa
do professor de História Medieval da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Gabriel Castanho, ao ministrar a disciplina História Pública da Idade
Média no primeiro semestre de 2019, cujo programa felizmente partilhou em seu
perfil da academia.edu. Vejamos a
ementa:
“De quem é a História? Enquanto coisa (ou seja,
disciplina acadêmica) é de poucos, os chamados profissionais de ofício.
Enquanto prática, ela é pública, é produto, é mercadoria, é de todos (e de
ninguém ao mesmo tempo...). Nos últimos anos as mídias (séries televisivas,
filmes, jogos – digitais ou não – ,livros, discos etc.) e, mais recentemente,
as mídias 2.0 alteraram a forma comoos seres humanos produzem, circulam e
consomem memórias do passado. Tal alteração levou à ampliação dos objetos, dos
temas e das abordagens trabalhados pelos profissionais acadêmicos. Mais do que
nunca a ideia de que toda História é filha de seu tempo parece imperar dentro e
fora do mundo universitário. Partindo dessas reflexões gerais, o curso pretende
refletir de forma crítica sobre a presença do medievalesco em nosso mundo
contemporâneo. Para tanto, iremos nos perguntar sobre as formas, os conteúdos e
os usos dessa ‘medievalidade’ pela opinião pública atual. Trata-se, por fim, de
uma abordagem que irá se ancorar empiricamente nas mídias de massa
contemporâneas e teoricamente (em grande parte, mas não exclusivamente) nos
‘espaços de experiência’ e ‘horizontes de expectativas’. Assim, é no embate do
presente com o passado e o futuro que nosso curso pretende se inserir a fim de
oferecer aos alunos uma oportunidade para refletir sobre a recepção do medievo
em nosso mundo contemporâneo”. [Castanho, 2019, p. 1]
Com um programa preocupado em perspectivar a
Idade Média e apontar seus usos, este professor de futuros professores
estruturou suas aulas tanto discutindo teoricamente quanto valendo-se de uma
produção cinematográfica e literária amplamente consumida. Em suma, é um
exemplo de História Pública extremamente pertinente nos pressupostos de Groot.
Com isso, partindo apenas da perspectiva de uma história experimentada pelo
público – um público por certo também escolar! –, a razão de ser do Medievo se
apresenta àqueles que eventualmente propugnam sua extinção na educação básica.
Daí o termo “redenção”, empregado em razão dessa
modalidade da História ser um meio possível de afastarmos a negação do ensino
da Idade Média, este tempo nada anacrônico a nós – antes muito pelo contrário,
extremamente presente.
Considerações
nada finais
Como é perceptível, meu texto apresenta-se mais
como as considerações iniciais de alguém estrangeiro ao campo da História
Pública do que propriamente como o de um pesquisador da área capacitado a
concluir ou propor algo. E de fato assim o é. No entanto, creio que esta mesa seja
precisamente o espaço onde podemos afinar as reflexões.
Referências
Eduardo Leite Lisboa, mestrando do Programa de
Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5428506342272992.
E-mail: eduardolisboa.his@gmail.com.
AMARAL, Ronaldo. O medievalismo no Brasil.
História Unisinos. São Leopoldo, v. 15, n. 3, p. 446-452, 2011.
BASTOS, Mário Jorge da Motta; RUST, Leandro
Duarte. Translatio Studii. A História medieval no Brasil. Signum, Belo
Horizonte, v. 10, p. 163-188, 2008.
CASTANHO, Gabriel. História Pública da Idade
Média. Disponível em:
<https://www.academia.edu/38274007/História_Pública_da_Idade_Média_Graduação_-_UFRJ_2019_1_>.
Acesso em: 19/04/2020
COELHO, Maria. Breves reflexões acerca da
História medieval no Brasil. In: SILVA,
Leila Rodrigues (Dir.) Atas da VI Semana de Estudos Medievais do Programa de
Estudos Medievais da UFRJ. Rio de Janeiro: PEM, p. 29-33, 2006.
GROOT, Jerome. Consumindo História: genealogia,
História Pública e outros engajamentos com o passado (Entrevista). Entrevista
concedida a André de Lemos Freixo. In: Café História – História feita com
cliques. Disponível em:
https://www.cafehistoria.com.br/historia-publica-consumindo-historia/.
Publicado em: 12 ago. 2019. Acesso em: 19/04/2020
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento
do ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 2001, p. 11-18.
FRANCO JÚNIOR, Hilário Franco. Raízes medievais
do Brasil. Revista USP, São Paulo, n. 78, p. 80-104, 2008.
LISBOA, Eduardo Leite. Do interesse pela
mentalidade medieval: a face monstruosa da colonização e outras ponderações.
In: BIRRO, Renan Marques; BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José Maria
de Sousa. (Org.). Aprendendo História: Ensino & Medievo. União da Vitória:
Edições Especiais Sobre Ontens, 2019, p. 55-62.
MENDES, Claudinei Magno Magre. A questão do
Feudalismo no Brasil: um debate político. In: Notandum, Porto (Portugal), 2013,
p. 199-212.
PEREIRA, Nilton; TEIXEIRA, Igor. A Idade Média
nos currículos escolares: as controvérsias nos debates sobre a BNCC. Diálogos,
Maringá, v. 20 n. 3, p. 16-29, 2016.
Bom dia Eduardo, gosto muito da perspectiva do Ensino de História junto com a História Pública. É interessante que os profissionais ligados ao ensino de História intensifiquem os diálogos com o movimento da História Pública. Você pretende essa relação? Se sim, por qual engajamento ?
ResponderExcluirObrigada.
Oi, Ana. Pois bem, em minhas pesquisas correntes acabo por não me dedicar nem ao ensino de história nem a história pública. No entanto, como ponderei no texto, acredito que a relação de ambas podem vir a ser muito frutíferas, sobretudo quando penso na "legitimidade" que a história pública confere ao ensino da idade média (por ser um período hoje experienciado enquanto produto/mercadoria).
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ExcluirBom dia Eduardo, ainda que breve sua reflexão em relação a História Pública e os trabalhos com o medievo, como você pretende trabalhar essa temática dentro das perspectivas da História Pública com o Ensino? Haverá contribuições da comunidade externa? Pretende utilizar recursos tecnológicos ou outras ferramentas que auxiliem na expansão da temática para outros públicos?
ResponderExcluirObrigada
Jocimara Maciel Correia
Olá, Jocimara. Como coloquei para a Ana, em minhas pesquisas correntes acabo por não me dedicar nem ao ensino de história nem a história pública. Mas penso que fontes para explorar o medievo através de recursos tecnológicos, hoje, é imperativo, pois ele chega-nos abundantemente por mídias áudio-visuais. O diálogo com a comunidade externa aposto que evidenciará o caráter público da história medieval.
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ResponderExcluirMuito interessante falar de História Medieval, na perspectiva com a História Pública, já que muito do que se tem produzido na academia não é voltado para públicos além daqueles da universidade. E parte do que se tem produzido e divulgado para o grande público sobre a História Medieval, seja por meio de filmes ou documentários, por vezes, não passa pelo crivo de especialistas dessa área.
ResponderExcluirEduardo, a minha pergunta é a seguinte: Como você visualiza os conteúdos a respeito da História Medieval voltados para o grande público?
Atenciosamente. Thais Carraro
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado pela pergunta, Thais. Então, é sempre muito complicado pensar em como chega ao público esse conteúdo que por vezes sequer possuem historiadores na equipe produção. Para a preparação de uma aula tais materiais são como um convite para a reflexão, principalmente os eventuais equívocos/anacronismos que nos possibilitam problematizá-los. Agora, quando penso nesse conteúdo sendo consumido sem tais filtros, na melhor das hipóteses, é como disse Marc Bloch na introdução de sua Apologia da História (apresentando e defendendo a função desse saber): “(...) mesmo que a história fosse julgada incapaz de outros serviços, restaria dizer, a seu favor, que ela entretém” (BLOCH, 2002, p. 43) - e para ele isso se traduz nas produções literárias que se querem históricas, colocando como “historiadores em potencial” aqueles que as apreciam. Imaginemos, então, a potência disso atualmente ;)
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ExcluirBoa tarde, Parabéns pelo trabalho que é muito atual e interessante. Assim, você também não acredita que essa história pública sobre a idade Média (filmes e etc)não pode atrapalhar a história acadêmica no sentido de sedimentar certas ideias errôneas o que dificulta a divulgação da história acadêmica. Grato, Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirOlá. Pelo contrário, acredito que, como disse para a Thais, tais equívocos/anacronismos são um convite para uma reflexão levada a cabo por um especialista!
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ExcluirAlguns autores colocam que não existe Idade Média, e sim representações sobre o período. Neste caso, as concepções dos renascentistas, românticos, modernos e pela nossa geração sobre o medievo são nada mais que medievalidades. Ou seja, cada tempo histórico, com seus métodos e teorias vão produzir diferentes concepções do medievo. Podemos tomar essa noção para os outros períodos também, sendo assim, existe algum campo da história que não seja representação e consequentimente anacrônico (no bom sentido da palavra)?
ResponderExcluirLuana Barbosa Miranda Souza
Oi, Luana. Partilho de tais convicções e diria que não, não há como nos livrarmos da representação do passado. Gosto de pensar a história enquanto "ficção controlada", como quis Sandra Pesavento (em texto "Fronteiras da ficção" nos anais da ANPUH de 1999). Acho que essa interface da história com a literatura ainda muito têm a nos ensinar sobre os efeito de 'verossimilhança' - muito mais do que de verdade - da historiografia.
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ExcluirOlá Eduardo, parabéns pelo texto, Idade Média e História Publica são dois temas instigantes. Seu trabalho cita a consolidação do campo de estudos medievais no Brasil. Por outro lado, muita coisa do que se consome com temática de inspiração medieval (filmes, séries) não é produção nacional (não sei se minha avaliação está correta). Seríamos capazes de produzir uma história pública do Medievo diferenciada, a partir de temas que nos são particularmente relevantes?
ResponderExcluirGisele Oliveira Ayres Barbosa
Olá, Gisele. Acredito que sua avaliação sobre a produção está correta, sim. Agora, não sei até que ponto poderíamos produzir uma história pública "diferenciada" por localizar-mo-nos inseridos em uma cultura de massa. Refletirei mais sobre isso... você têm alguma ponderação?
ExcluirOi Eduardo, obrigado pela sua resposta. Também não sei ao certo, talvez questões ligadas à desigualdade, fome, conflitos na cidade no campo, que são especialmente sensíveis para nós e que encontramos também na Idade Media ...na verdade fique divagando ao ler o texto
ExcluirEu que agradeço! Mas sobre essa realidade próxima, recomendo o trabalho do prof. Mário Jorge Bastos, da UFF, sobre o campesinato medieval e a incursão que faz sobre o Brasil.
ExcluirAtt.,
Eduardo Leite Lisboa
Bom dia, o texto é muito provocativo e a discussão acerca da "Public History" é justificada pela crescente demanda por história pelo público, principalmente nas mídias e na indústria cultural, fora dela a produção historiográfica brasileira parece ainda não ter saído das fronteiras da Academia, enquanto a produção de 'história popular' foi capitaneada com sucesso editorial, por outros profissionais, como por exemplo jornalistas ou cientistas políticos, segundo Jurandir Malerba em seu artigo "Acadêmicos na Berlinda", estes produzem obras mais literárias que historiográficas. Por que em sua opinião, esse cenário difere do cenário internacional, onde acadêmicos produzem "Public History" de qualidade, com sucesso de mercado?
ResponderExcluirPâmella Holanda Marra
Olá, Pâmella. Para ser sincero, não tenho bagagem suficiente para respondê-la adequadamente. No entanto, sou levado a ponderar que a razão disso resina na história pública ser ainda "novidade" no Brasil, pois somente nos últimos anos assistimos a um início de debate/produção e maior divulgação do campo, ao passo que na Austrália, Reino Unido e EUA sabemos existir até mesmo uma formação para tal - lembrando que apenas em 2019 tivemos um mestrado em história pública no país (UNESPAR). E você, alguma ideia?
ExcluirQueria pedir desculpas por descumprir uma das normas ao esquecer de assinar minha mensagem! Se estiver em tempo, registro que a resposta dada acima é do autor do texto, Eduardo Leite Lisboa. Obrigado!
ExcluirOlá, professor!
ResponderExcluirGostei muito da relação de História Pública com a História Medieval.
Sabemos que nas escolas é usado um termo preconceituoso em relação ao medievo, que é a "idade das trevas". Infelizmente esse termo é ensinado e disseminado nas nossas escolas, produzindo em nossos alunos uma visão limitada.
A partir disso gostaria de fazer uma pergunta.
O que você acha que leva professores de História, mesmo na vida acadêmica aprendendo uma visão mais ampla da Idade Média, ainda sim, nas ministrações de suas aulas propagam apenas o lado obscuro da Idade Média? Contribuindo para que a visão dos alunos fiquem presa apenas a "Idade das Trevas".
Desde já, agradeço!
Alvanir Ivaneide Alves da Silva
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirPois olha, Alvanir, não só na História... vejo movimento similar em colegas da Filosofia, área que muito mais me surpreende uma vez que concentram sua atenção justamente para o âmbito das ideias. Uma hora falando do refinamento do pensamento medieval já seria suficiente para afastar qualquer trevas que foram colocadas sobre o período. Mas me atendo a sua pergunta, penso que pode ser a soma de uma falha formativa + um completo desinteresse pelo medievo + alguma ideologia política não renovada + carência de história da historiografia e dos primevos pressupostos metodológicos do/a historiador/a em relação ao passado, isto é, o de não atribuição de valor.
ExcluirObrigado!
Queria pedir desculpas por descumprir uma das normas ao esquecer de assinar minha mensagem! Se estiver em tempo, registro que a resposta dada acima é do autor do texto, Eduardo Leite Lisboa. Obrigado!
ExcluirOlá, Eduardo
ResponderExcluirGostaria primeiramente de te parabenizar pelo texto, contribuindo para o refletir sobre o nosso ofício de historiador/a.
Em seguida, apresentar-me enquanto discente da UFTM e promovedor de um grupo preocupado com Idade Media e História Pública no Instagram, chama-se @barbaridadesmedievais.
Dessa forma, gostaria de te perguntar como você enxerga as questões elencadas pela História Pública diante das Fake-news que estamos enfrentando ultimamente?
Mateus Delalibera
Oi, Mateus! Já sigo a página de vocês, rs. Parabéns pela iniciativa! Agora, quanto a sua pergunta, infelizmente não tenho conhecimento suficiente para responder, sinto muito. Gostaria de compartilhar alguma consideração sobre? Obrigado!
ExcluirQueria pedir desculpas por descumprir uma das normas ao esquecer de assinar minha mensagem! Se estiver em tempo, registro que a resposta dada acima é do autor do texto, Eduardo Leite Lisboa. Obrigado!
ExcluirOlá ! Gostei muito do seu texto !
ResponderExcluirA situação atual, com uso mais recorrente da tecnologia, pode continuar para a história pública e principalmente, para o fortalecimento de estudos sobre o medievo ?
Cordialmente,
Mauricio Ribeiro Damaceno
Oi, Mauricio. Penso que sim! É um esforço do próprio "medievalismo" e ensino da história da Idade Média, como vemos em outras comunicações - mais precisas do que a minha - aqui do simpósio. Obrigado!
ExcluirQueria pedir desculpas por descumprir uma das normas ao esquecer de assinar minha mensagem! Se estiver em tempo, registro que a resposta dada acima é do autor do texto, Eduardo Leite Lisboa. Obrigado!
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