Manoel Adir Kischener e Everton Marcos Batistela


ENSINO DE HISTÓRIA MEDIEVAL, ESQUEMATISMO E TELEOLOGIA




 Introdução
Ao buscar tratar de perspectiva que adote e valorize a complexidade da sociedade medieval, mesmo nas salas de aula de História da Educação Básica, se valoriza o aluno. Também é valorizar a si próprio enquanto professor, se sempre aberto a aspectos outros e a formação constante e inacabada.

A História Medieval junto a área Antiga é, provavelmente, aquela que o professor de Educação Básica precisa de mais leitura, até pela dificuldade de apreensão, pelo tempo passado mais distante, e por ser conhecimento que por esta natureza está mais associado ao nome de especialistas.

Estes estudiosos são chamados medievalistas.

Apesar de o existirem também no Brasil, como Macedo [2000], são mais raros do que os estudiosos dos períodos mais recentes, como do Brasil republicano, ou da Ditadura civil-militar [Reis Filho, 2014].

Normalmente o período medieval é visto de forma estanque, como de forma teleológica e simplificada, sintetizada que é em três categorias que compõem esta sociedade e, cheio de mitos (Pernoud, 1989), em muitas aulas ainda. No senso comum como sinônimo de atraso, como na propaganda de internet que trava, “Essa internet medieval de vocês” [Vivo fibra, 2019].

A própria organização curricular, da disposição dos conteúdos, se o professor os seguir à risca, expõe problemas a compreensão do aluno que, em pleno 6º ano tem de se defrontar com a complexidade dos primeiros hominídeos e da própria “formação” do homem. Já no ano seguinte, se defrontará com o Feudalismo.

Sem saber direito a respeito da Idade Média, muito em débito ao professor que, despreparado e até desprevenido em sala, desconhece a complexidade daquela realidade.

Sabendo que no Brasil a periodização, aquela em quatro partes e criticada por Le Goff [2015] não serve ao nosso país, a confusão na cabeça do aluno se estabelece.

Como resolvê-la?

A adoção da síntese, induzida que é, reprodutiva para cada sociedade e períodos históricos, não escapa ao Medieval.

Grosso modo, são três as categorias e, destas, com alguma diferença para ter graça, se vale, de sociedade em sociedade, entendimento este, errôneo, pelo menos desde a ideia político-partidária de perceber a riqueza de cada sociedade em apenas três partes, aqueles que estão no poder, a “classe média” que até almeja chegar lá e, a base disso, ou aqueles que estão por baixo, os pobres, os excluídos, a ralé, a plebe ou quaisquer nomes que se dê.

Fica a critério da perícia ou imperícia do professor de História, do seu tempo de aula. Do seu preparo. Do respeito que oferece a profissão e aqueles que são os seus alunos, naquele tempo, naquele ano letivo.

Depende também da perspectiva à abertura como exposto no primeiro parágrafo, por exemplo, tendo ciência do que afirma Heers [1995], a respeito da invenção da Idade Média.

Diante deste cenário, objetiva-se trazer questões e apontamentos a respeito do ensino de História que trata da História medieval, notadamente a partir da percepção do primeiro autor enquanto professor na Educação Básica e da revisão de literatura.

O ensino entre o esquematismo e a teleologia
De modo sumário – e aqui vale-se do que o primeiro autor vivenciou em sua adentrada na docência em História no início dos anos 2000 ainda como estagiário – percebe-se e se ensina que no período medieval existiam apenas três ordens, três estamentos ou três classes sociais, dependendo da “orientação teórica” a que se adote em sala, na busca de alguma autonomia ou no mero ato de ser “piloto de livro didático” na Educação Básica.

Quem são elas neste entendimento? Os nobres, o clero e os camponeses.

O que segue, a partir de alguns autores, expõe o entendimento que ressalta a prevalência da perspectiva teleológica que provavelmente têm contribuído à manutenção do entendimento redutor a respeito da Idade Média.

Se por um lado, muitos autores demonstraram a complexidade da sociedade medieval, como os renomados medievalistas Bloch [1982], Duby [1994] ou Le Goff [2005] para ficar naqueles considerados “clássicos” na área temática.

Por outro, existiu um outro debate (e pasmem, ainda alguns o postergam!) sobre a existência ou não do Feudalismo além de partes da Europa, aquela considerada Ocidental.

Mesmo que essa disputa tenha sido vista como finalizada, os seguidores de Guimarães [1963], que no Brasil se notabilizou por esta linha de pensamento, só aumentam entre os integrantes dos movimentos sociais no país, como o MST.

Mais recentemente, um outro debate, e com não menor espanto, a respeito da existência de campesinato além do espaço geográfico e tempo histórico europeu, sugerem para a atualidade brasileira a permanência de tal categoria em sua agricultura que é altamente tecnificada na maior parte das regiões.

Compreende-se seu uso apenas enquanto potencialidade política na voz dos movimentos sociais, mas provavelmente, é de difícil apreensão analítica na realidade social por parte de cientistas sociais.

Nesse sentido, talvez a máxima “A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes” [Marx; Engels, 2005, p. 40], tenha contribuído sobremaneira a essa questão, em especial a partir dos usos teleológicos que se faz destes.

Estes autores assim caracterizaram a sociedade medieval:

“[...] na Idade Média, senhores, vassalos, mestres das corporações, aprendizes, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes, outras gradações particulares” [Marx; Engels, p. 40].

Nesta mesma linha, Ponce [2010] afirma que “[...] o feudalismo conhecia três ‘variedades’ sociais: os bellatores, ou guerreiros, os oradores, ou religiosos, e os laboratores, ou trabalhadores” (Ponce, 2010, p. 86, ênfase no original).

Por outro lado, mesmo acrescendo em detalhes e linhas de interpretação a respeito do período medieval, mas sem sair do esquema explicativo, Saes e Saes [2013] afirmam que “[...] alguns historiadores concentram sua atenção nas relações entre os nobres; e outros têm seu foco na relação entre os nobres e os camponeses” [Saes; Saes, 2013, p. 43].

No esquema os autores entendem as “[...] características indicadas como definidoras do sistema: a relação suserano-vassalo, a fragmentação do poder e o estabelecimento da servidão como relação social fundamental no campo” [Saes; Saes, 2013, p. 48].

Sob outra perspectiva, Burbank e Cooper (2019) afirmam que “Os reinos não se mantinham unidos por laços de semelhança, mas por conexões verticais entre desiguais”; para os autores estas se davam entre “[...] reis e senhores, senhores e vassalos, vassalos e camponeses” [Burbank; Cooper, 2019, p. 116].

Entre as inúmeras perspectivas muito próximas e que ao cabo se sintetizam no esquema das três categorias e, que ao fundo o é teleológica, um exemplo se amplifica ainda mais pelo estilo de escrita e o alcance de vendas, é o caso do entendimento de Harari [2015].

Para este autor, “Na Europa medieval, os aristocratas gastavam o dinheiro despreocupadamente em luxos extravagantes, ao passo que os camponeses levavam uma vida frugal, cuidando de cada centavo” [Harari, 2015, p. 359].

Ou ainda: “Na Idade Média as pessoas acreditavam em divisões de classe, então nenhum jovem da nobreza usaria um traje de camponês. Na época, ser chamado de ‘senhor’ ou ‘senhora’ era um privilégio raro reservado para a nobreza e muitas vezes adquirido com sangue” [Harari, 2015, p. 121].

É esse entendimento empobrecido que contribui para que muitos professores de História o amplifiquem em sua sala de aula na Educação Básica. E o fazem de forma estanque, em uma hora-aula, ao transpor realidades complexas e singulares de sociedades diversas, de uma a outra, como se fossem idênticas.

Nesse entendimento, é como se o vitimismo se estabelecesse na narrativa da História, e a opressão imperasse, apenas ela, sem existir a possibilidade de resistência a partir de mecanismos diversos e, transformações nas relações entre dominados e dominadores não fossem possíveis, apesar das permanências.

Ao se adotar essa postura, “[...] em que pesem os reiterados esclarecimentos de historiadores especializados na pesquisa sobre a Idade Média a respeito dos estereótipos que envolvem aquele período, [pela ação de professores] muitos preconceitos ainda persistem” [Macedo, 2007, p. 109-110].

Mas o que se pode fazer?

Possibilidades
Para se iniciar, uma questão que já foi feita ao primeiro autor e, provavelmente também a outros professores, é idêntica ao exposto por Macedo [2007]:

“[...] ao falarmos de Europa Medieval tratamos quase sempre de França, Inglaterra, Alemanha e Itália. Outra seria a Europa do Leste Europeu, a Europa Nórdica e, segundo nos interessaria mais saber, a Europa Ibérica. Descolonizar o ensino de História” [Macedo, 2007, p. 115].

Frente a isso é premente a necessidade de fazer a discussão a respeito do estudo do período medieval e esclarecimento aos alunos a respeito da relação do Brasil com este, mesmo que não o tenha vivido de forma direta, como posto no canto “Céus de Castilla y León”, de Vasconcellos e César [2017]:

“[...] Reinos lendários da Ibéria
Fronteiras da cristandade
Se eu não vivi neste tempo
Como é que eu sinto saudade? [...]”.

Por outro lado, Guaracy [2015] afirma que o Brasil português foi organizado a partir de métodos de administração da Idade Média.

Pode-se, então, buscar mais sentido com a relação com a Península Ibérica, como será revelado mais adiante no texto. Mas, antes talvez se deva valorizar o exposto por Caimi [2006], que é outro dilema, que também é próprio dos professores da Educação Básica, pois

 “[...] é paradoxal verificar como persiste, nos meios acadêmicos, a concepção de que, para ensinar História, basta a apropriação, nos cursos de formação, pelo futuro professor, dos conhecimentos históricos produzidos e sistematizados pela historiografia e pela pesquisa histórica, negligenciando-se a preocupação com estudos sobre a aprendizagem, ou seja, com a construção das noções e dos conceitos no pensamento da criança ou do jovem” [Caimi, 2006, p. 21].

Como a concordar com a estratégia teleológica e com a busca e o privilégio do esquematismo a respeito do período medieval em sala, o professor que não manifestar preocupação com a afirmação de Caimi [2006], estará, entrega-se, alheio ao que a historiografia nacional tem se proposto em se tratando do período.

Nesse sentido, a respeito da Idade Média, de acordo com Oliveira [2010, p. 107], “[...] há muito tempo tem despertado o interesse dos brasileiros, mas só recentemente é que esse campo tem alçado uma maior atenção no que diz respeito à realização de estudos”.

Por outro lado, conforme Vieira [2013, p. 28] “[...] ainda existe em nossa sociedade um grande preconceito em relação à Idade Média”.

Em concordância a existência, talvez caberia ao professor de História refletir, ponderar a respeito do que afirma o medievalista consagrado, “[...] como quase todas as épocas, a Idade Média foi uma mistura de êxitos e de derrotas, de felicidades e de dramas” [Le Goff, 2008, p. 53].

E quando este professor passar a considerar que “Negligenciando a formação do sentido histórico, esquecendo que a história é a memória dos povos, o ensino forma amnésicos” [Pernoud, 1989, p. 158], talvez a sugestão de Macedo [2007] quanto ao trato da obra de Rucquoi [1995] ao se pensar sobre a origem do Brasil, tenha mais sentido.

No entender desta autora, são as conexões estabelecidas pelos portugueses antes da “descoberta” com muçulmanos e judeus, dentre outros aspectos que podem levar a produção de sentido para o estudo de Idade Média a estudantes brasileiros, pois a “[...] diversidade é a principal característica da história da Península Ibérica” [Rucquoi, 1995, p. 11].

Nesse sentido, afirma que “Longe de constituir uma ‘margem’ da cristandade do Mediterrâneo, a Península Ibérica situa-se então no próprio coração do mundo medieval na medida em que é a herdeira do Império Romano” [Rucquoi, 1995, p. 15].

Por outro lado, a autora reconhece que “A história medieval da Península Ibérica e, efectivamente, mal conhecida” [Rucquoi, 1995, p. 312].

Se assim corroborar o professor de História e, de tal modo se valer deste uso equivocado e esquemático, este acabará por praticar o exposto por Almeida e Silva [2011] quanto ao período medieval. Afirmam os autores que,

“No campo do saber histórico tem cabido à Idade Média o papel não confessado de tabula rasa sobre a qual conteúdos vários podem ser adaptados. Torna-se, assim, de forma mais marcada que outros períodos históricos, terreno livre para a apropriação ou a transposição oportunista de sentido histórico, porque excluído da zona de continuidade histórica. [...] como uma zona de sombras aparece em sua negação como Idade das Trevas, mas igualmente em sua hiperidealização como ‘lenda dourada’” [Almeida; Silva, 2011, p. 13, ênfase no original]

Para além da perspectiva extremista, o professor deverá lembrar ou ler mais a respeito se ainda não o saiba, e se com interesse em passar adiante uma ideia diversa do que se têm feito a respeito do período, expor que

“O período medieval é marcado em Portugal por dois períodos de urbanização distintos: a ocupação muçulmana dos séculos VIII a XIII, e o período cristão a partir de meados do século XIII, após a conquista definitiva do Algarve” [Teixeira, 2005, p. 129].

Apenas dentro desta linha interpretativa, se o professor se atentar, abrem-se possibilidades de interdisciplinaridade com o ensino de Artes e Literatura, áreas que ajudam a dar sentido visual e cognitivo, se aproveitadas, ao ensino de História.

Se forem pensar neste trabalho conjunto, talvez estes professores devam ter em ideia que, “Quando uma cidade era conquistada pelos cristãos, a sua função defensiva mantinha-se e as cidades não modificavam a sua estrutura, nem a sua arquitectura. [...] A mesquita maior era habitualmente convertida em igreja matriz” [Teixeira, 2005, p. 135].

E talvez possam considerar a escrita de Toro Vial [2015]. Este autor expõe que “Ao longo de toda a Idade Média constatamos a existência de um tipo particular de crônicas. [...] são relatos que pretendem abarcar toda a história da humanidade, desde a criação do mundo até a época do seu autor” [Toro Vial, 2015, p. 158].

Mas que também, para além das proximidades possíveis, das possibilidades que o intercâmbio entre as áreas sugere, deve-se considerar que

“As sociedades portuguesa moderna e a brasileira colonial [...] não formavam um corpo orgânico e único, mas debaixo das aparências que precisavam ser mantidas afloravam clandestinamente expressões de descontentamento, revolta, incompreensão, medo e dúvidas. Não formavam uma unidade religiosa, como se pregou. Havia manifestações adaptadas do Judaísmo, de Protestantismo e de Islamismo, como do próprio ceticismo” [Ribeiro, 2015, p. 48].

A autora acresce, neste sentido, que

“O Brasil não foi de fato uma terra de ninguém que pouco interesse despertou nos europeus. Ao contrário, para alguns portugueses de origem judaica, era a própria ‘terra prometida’, vista, como um lugar de maiores possibilidades de ascensão social” [Ribeiro, 2015, p. 61].

Vieram para cá porque perseguidos por lá. Muitos outros não o eram e vieram também, e dela não queriam voltar, tal como exposto na canção “Notícias da Terra Brasilis” de Vasconcellos e César [2017]:

“Trago notícias de uma terra muito boa
[...]
Termino assim de lhe contar as novidades
E, por favor, me mande mais alguns cabrais
É por El Rey que iniciarei a mestiçagem
E me perdoe, majestade,
mas eu não volto nunca mais!”.

E se assim foi, a respeito da centralização precoce da política em Portugal, processo que pode ter ajudado a desencadear, “[...] a Península Ibérica surge como uma espécie de vanguarda política na Idade Média” [Coelho, 2014, p. 41].

Comparato [2018] compreende que esta centralização precoce se deu com o aumento do poder do rei e a consequente diminuição de poderes de nobres e clérigos.

Para o autor, o confisco de terras dos nobres, que antes as haviam recebido do monarca como recompensa pelos feitos militares, desde a Lei Mental de D. Duarte, os tornou como clientes do rei “[...] beneficiando-se de empregos e rendas públicas” e, com a instituição do padroado desde o século XIII, “[...] formou-se uma sociedade cujo equilíbrio orgânico pendia inteiramente da cúpula, em vez de se fundar na base” (Comparato, 2018, p. 37-38)].

De outro ponto de vista, apesar da centralização triunfalista exposta a partir do entendimento do autor anterior, Coelho [2014] entende que este

“[...] monarca não dispunha de instrumentos de repressão e de punição realmente eficazes para impor a sua lei. [...] embora a recorrente impunidade enfraquecesse o poder régio, por outro lado, chama a atenção a frequência com que as pessoas recorrem às instâncias da justiça do rei para solucionar seus conflitos” [Coelho, 2014, p. 47].

Quanto a estas interpretações, dentre outras, que abrem brechas nas ideias monolíticas a respeito do período medieval que vêm sendo criticadas, a busca de sentido no ensino a respeito da Idade Média em Portugal, do que pode se valer o professor de História em seu contraponto aos esquematismos que o induzem ao reducionismo e relacionar ao Brasil, este talvez possa beneficiar-se, além de Rucquoi [1995], dos textos de uma mesma coletânea: Mattoso [2000], Coelho [2000] e Moreno [2000].

A respeito da renovação dos estudos medievalísticos, Tengarrinha [1999] afirma que foi “[...] na década de 80 que os trabalhos sobre a história rural da Idade Média começam a ter maior desenvolvimento” (Tengarrinha, 1999, p. 117].

Na mesma obra, quanto aos estudos no Brasil, Arruda [1999, p. 81] afirma que estes têm se originado especialmente a partir da temática “[...] das relações entre a Metrópole e a Colônia”.

Considerações finais
O intento foi mostrar, a partir de algumas obras que há, que talvez tenham contribuído sobremaneira aos professores da Educação Básica, para o uso de esquematismo e teleologia no ensino de História sobre a Idade Média.

Por outro lado, enquanto alternativa a este costume, buscou-se mostrar que há renovação, constante e significativa na temática. Que a historiografia tem adentrado mais na relação entre Brasil e Portugal, da metrópole e a colônia, o que traz possibilidades de significar e aproximar mais o ensino aos alunos.

Ao entrar a esse imaginário, sugere-se o trato completo da obra “Doze cantos ibéricos e uma canção brasileira” de Vasconcellos e César [2017]. Poderá ser uma forma de possibilitar aproximações, em busca do sentido do ensino de História Medieval na Educação Básica, a partir da audição e dos caminhos que se abrem para serem trilhados com outros colegas professores.

Se antes era lema “navegar é preciso” como disse o general romano Pompeu [UC.PT, s./d.], agora experimentar novas formas, reinventar, é necessário, ainda mais no ensino de História Medieval!

Referências
Manoel Adir Kischener é Bacharel e Licenciado em História, Mestre em Desenvolvimento Regional e Doutorando em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Everton Marcos Batistela é Licenciado em Filosofia, Mestre e Doutor em Sociologia e Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dois Vizinhos.

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<https://www.youtube.com/watch?v=C7OnrqHxavE>.
Acesso em 19/03/2020.

6 comentários:

  1. Prezados, gostei muito do texto.

    Apesar das proximidades, considerando o esforço da decolonialidade, voltar-se para a Península Ibérica não arriscaria substituir um ídolo com pés de barro por outro?

    Renan Birro

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    1. MANOEL ADIR KISCHENER

      Agradecido, Professor!
      Até pode ser. Mas na busca de sentido e proximidade no ensino, que o aluno se encontre em meio ao mar de produções que buscam se achegar e mesmo disputar o imaginário medieval (que em algumas escolas até chega, em produções, livros e revistas, jogos), penso que ao se aproximar da Península Ibérica pode ser uma boa estratégia, da diversidade desta como expõe Adeline Rucquoi, e mesmo proximidade formativa, por assim dizer, já que fizemos parte desta história, mas com a ressalva de não se ficar na negação do período como “idade das trevas”, ou com a hiperidealização como “lenda dourada”, como sugerem Néri de B. Almeida e Marcelo C. da Silva.
      Abraços!

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    2. EVERTON MARCOS BATISTELA

      Buscando responder às colocações do Renan e também às do Renato. O interessante é que estamos vivendo, em múltiplos setores da vida social, uma espécie de descoberta da alteridade, da diversidade. Diante do declínio da civilização ocidental, iniciamos uma era de atenção à outras formas de vida social, que o ocidente relegou em nome de uma padronização cultural, civilizacional. Essa tendência de abertura pode permitir novas visões e incursões na História Medieval.

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  2. Prezados,
    Concordo com a questão colocada por Renan Birro e a resposta me faz pensar em outra reflexão: A Península Ibérica tem sua diversidade na Idade Média. Mas não seria possível ver diversidade em muitos outros espaços europeus medievais? Penso, por exemplo, no mundo anglo-saxão e nórdico, na península italiana (de contato intenso com o mundo bizantino, grego e africano, além das migrações recebidas no Baixo Império Roomano e Alta Idade Média), ou mesmo no espaço franco-germânico, local do feudalismo clássico, onde se vê muito mais que oratores (não oradores), bellatores e laboratores, mas também comerciantes, artesãos, mulheres com funções sociais distintas em níveis sociais distintos... Concordo com o olhar pela diversidade. Mas essa ligação com a Peninsula Ibérica, pelas ligações históricas com o Brasil, não seria também teleológica?

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    1. MANOEL ADIR KISCHENER

      Agradecido, Professor!
      Concordo quanto a diversidade, tudo depende, em nossos dias (com mais acessos e possibilidades) do que o professor definir como trato ideal em suas aulas, como defendo em outro texto, neste mesmo seminário, talvez seja o momento deste professor (de nosso tempo, da Educação Básica) se rebelar e, teria as melhores condições, penso, contra o livro didático (e mesmo da teleologia herdada de graduação), ao buscar dar novo rumo as suas aulas.
      Não se nega que exista diversidade como nos espaços citados por vós, mesmo que isso não apareça nas obras denunciadas como teleológicas na escrita, depende, como escrevi, da estratégia que o professor se valer (mas eu mesmo não tive oportunidade de ver isso, essa diversidade que o Sr. consegue ver, e sei que é possível, nem com os professores da Educação Básica, nem com o de graduação).
      Não vejo como teleológica essa ligação com a Península Ibérica, ao contrário, a vejo como uma, entre tantas possibilidades como vós defende em seus exemplos, entre outras, mas talvez a que permite mais o achego a questões presentes em nós, na forma como nos constituímos, daquilo que permanece em algumas regiões, os laços culturais, os costumes e, mesmo as estratégias de vida se pensar naquelas comunidades, do Brasil profundo, que mantém essa medievalidade mais lusa, por assim dizer. Bem ao contrário, seria uso da teleologia os esquemas que são costumeiros, mesmo em cursos de pós-graduação, de olhar redutor sobre o período medieval (permanece, infelizmente, uma perspectiva empobrecida dentre nós, muitos dos colegas que temas mais contemporâneos falam e estereotipam a Idade Média, como fosse possível comparar períodos históricos) em categorias e períodos como se fossem únicos, onde não há mostra alguma de diversidade, de tensão, de relações de dominação e resistência, por exemplo, independendo do local a que se refere.
      Abraços!

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    2. Correção:

      * muitos dos colegas que tratam de temas mais contemporâneos...

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