Geraldo Neto


ESTUDAR A PESTE NEGRA EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS: RELAÇÕES ENTRE A IDADE MÉDIA E O TEMPO PRESENTE NO ENSINO DE HISTÓRIA



Introdução
O ano de 2020 está sendo marcado pelo avanço da pandemia do Covid-19, conhecido popularmente como coronavírus. Surgida na China no final de 2019 essa doença se expandiu e vem infectando milhares de pessoas em todos os continentes, provocando muitas vítimas, especialmente idosos. No Brasil, a doença chegou nos primeiros meses de 2020, gerando medo na população e ações das autoridades como a decretação de quarentena, suspensão das aulas nas escolas e proibição do funcionamento de comércios para evitar a aglomeração de pessoas.

Nesse contexto de desafios, qual o papel do ensino de História? Entendemos que, a partir das nossas inquietações do presente, buscar no passado pistas de como as sociedades humanas lidaram com desafios como este com o qual estamos passando, contribuindo para estimular a relação passado e presente e construir uma História que traga significado aos alunos.

Hilário Franco Júnior identifica o período conhecido como Idade Média como uma matriz da civilização ocidental cristã. Concordamos com o autor, quando diz que “Diante da crise atual da civilização, cresce a necessidade de se voltar às origens, de refazer o caminho, de identificar os problemas. Enfim, conhecer a Idade Média para conhecer melhor os séculos XX-XXI.” [Franco Júnior, 2006, p.155]. A crise atual provocada pela pandemia do coronavírus é uma razão bastante significativa para voltarmos nossos olhos para a Idade Média para conhecer os nossos próprios desafios.

Assim, voltamos nossa atenção para uma epidemia que marcou as sociedades da Idade Média na Europa: a peste negra. Nosso objetivo neste trabalho é investigar algumas questões: como a doença se propagava e os seus impactos na sociedade europeia ocidental; quem as sociedades elegeram como “culpados” pela doença; quais as possibilidades de abordagem da peste negra no ensino de História. Conforme Fleck e Anzai, “a aplicação da perspectiva histórica para o estudo das doenças pode auxiliar na compreensão das estruturas de poder e dos comportamentos humanos de uma determinada época, possibilitando a análise das ações dos diferentes grupos sociais.” [Fleck; Anzai, 2013, p.2].

Estas questões serão articuladas com a pandemia atual do coronavírus e as possibilidades de se abordar o tema das doenças, no caso da peste negra, no ensino de História.

A peste negra na Idade Média
Assim como o coronavírus de hoje, a doença conhecida como peste negra surgiu na Ásia. Segundo Georges Duby, a peste negra veio da Ásia pela Rota da Seda. Ela era transmitida essencialmente pelos parasitas, principalmente as pulgas e os ratos. Era uma doença exótica, contra a qual os organismos dos europeus não tinham defesas. [Duby, 1999, p.81].

Marcelo Cândido da Silva aponta que a doença era o resultado de uma infecção causada pelo bacilo Yersinia pestis, que se apresenta de três formas: a pulmonar, a bubônica e a septicêmica. A peste bubônica foi a mais difundida na Europa Medieval. Segundo o autor:

“Ela se transmite de maneira indireta, por meio da picada de pulgas que vivem em ratos domésticos. Essa picada inocula o bacilo no organismo humano, atingindo o sangue e provocando a necrose de células em todo o corpo, onde se forma uma superfície gangrenada e, por ação de defesa do sistema imunológico, um inchaço dos gânglios, os quais podem atingir o tamanho de um ovo.” [Silva, 2019, p.124].

A peste trouxe consequências graves para a Europa. Em termos demográficos, a população europeia sofreu com muitas mortes a cada incidência de novos surtos. Silva afirma que a Inglaterra, por exemplo, perdeu 25% de sua população em 1348; 22,7% em 1360; 13,1% em 1369; e 12,5% em 1375. Entre os séculos XIV e XV, a Normandia Oriental, a região parisiense, Provença e Navarra perderam cerca de 70% de sua população [Silva, 2019, p.126-127]. Já Duby aponta que entre junho e setembro de 1348, cerca de um terço da população europeia sucumbiu. [Duby, 1999, p.84]. Franco Júnior afirma que a peste negra “foi a maior catástrofe populacional da história ocidental: num intervalo de tempo bem menor, matou, em termos absolutos, mais do que a Primeira Grande Guerra Mundial.” [Franco Júnior, 2006, p.31].

A situação chegou a tal gravidade que, segundo Duby, não se sabia mais onde enterrar os mortos e nem havia mais madeira para fazer os caixões. [Duby, 1999, p.85]. Le Goff e Truong apontam que os cortejos e as cerimônias tradicionais de luto tiveram de ser proibidos em numerosas cidades. Os mortos eram empilhados diante das portas das casas, o enterro, se fosse possível, era sumário, e o ritual reduzido ao mínimo. [Le Goff; Truong, 2014, p.106].

Daniela Buono Calainho insere a epidemia da peste no contexto da chamada crise do século XIV na Europa. Dentre as consequências dessa crise está o abalo das estruturas da nobreza feudal, que tiveram suas fortunas arruinadas e perdas de terras, a migração dos servos para as cidades, o que gerou grande tensão social. [Calainho, 2014, p.122-123].

Outra consequência da peste se deu no campo psicológico e cultural. Calainho afirma que “um misticismo e uma angústia coletiva se apoderaram desta sociedade, agora assolada pela peste, pela fome, pelas guerras, pela carestia. O castigo divino estava manifesto, castigo impingido aos homens por conta de todos os seus pecados.” [Calainho, 2014, p.124]. Georges Duby observa que “no campo cultural que as repercussões do choque são mais visíveis. O macabro instala-se na literatura e na arte. Propagam-se imagens trágicas, o tema do esqueleto, da dança macabra. A morte está em toda parte.” [Duby, 1999, p.86-87].

Jean Delumeau chama a atenção para a questão dos medos da sociedade do ocidente, sendo a peste como um dos medos que atravessou séculos na Europa ocidental. A peste provocou representações mentais que a associavam a uma praga comparável às que atingiram o Egito no velho testamento bíblico. É ao mesmo tempo identificada como uma “nuvem devoradora que chega do estrangeiro e se desloca de país em país, da costa para o interior, de uma extremidade à outra de uma cidade, semeando a morte à passagem”, além de ser ainda descrita como “um dos cavaleiros do Apocalipse, como um novo ‘dilúvio’”, e como “um incêndio frequentemente anunciado no céu pelo rastro de fogo de um cometa.” [Delumeau, 2009, p.161]. Delumeau acrescenta ainda que as crônicas da época que descrevem as pestes “constituem como que um museu do horrível”. [2009, p.168].

Assim como na pandemia do Covid-19 da atualidade, em que os cientistas e governos pregam o isolamento social como forma de combater a propagação do vírus, fechando as fronteiras, por exemplo, na Idade Média as autoridades também tomavam medidas de proteção contra a peste negra. A mais comum eram “fechar-se atrás dos muros e proibir a entrada dos estrangeiros.” [Duby, 1999, p.90]. Duby observa que os médicos da época tinham uma ideia dos mecanismos de contaminação, pois sabiam que o ar viciado propagava os miasmas, recomendando queimar ervas aromáticas nas ruas. Contudo, não sabiam que era necessário defender-se contra as pulgas. Com isso, as categorias sociais mais poupadas foram as que viviam em melhores condições de higiene, isto é, os ricos. [Duby, 1999, p.85-86].

Por outro lado, Hilário Franco Júnior diz que a peste era “democrática e igualitária”, atingindo indiferentemente a todos: “Ricos e pobres, organismos bem e mal alimentados, eram igualmente suscetíveis à peste.” Alguns grupos eram mais expostos devido a razões profissionais, como coveiros, médicos e padres. A única possibilidade de salvação era manter-se afastado dos locais tocados pela peste. [Franco Júnior, 2006, p.30].
        
Os “culpados” pela peste negra: os judeus
Na atual pandemia do COVID-19 ocorreram em vários países, inclusive no Brasil, ações de xenofobia contra os asiáticos. Vários asiáticos foram alvos de posts negativos nas redes sociais sendo considerados culpados por estarem trazendo o vírus para o Brasil. Membros e apoiadores do governo de Jair Bolsonaro, como o ministro da Educação Abraham Weintraub, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro postaram no twitter mensagens que sugerem a ideia da disseminação do coronavírus pela China como um suposto plano comunista de dominação econômica mundial.

Na época da epidemia da peste negra na Europa medieval dos séculos XVI e XV vários foram considerados “bodes expiatórios”, culpados pela disseminação da doença: os judeus, os leprosos, os estrangeiros, os feiticeiros, etc. Vamos aqui nos referir ao caso dos judeus. Numa sociedade profundamente marcada pela mentalidade religiosa a partir do poder da Igreja Católica, aqueles que não seguiam os dogmas do cristianismo eram considerados “marginais” e “bodes expiatórios” para os problemas que ocorrem no mundo terreno, resultados do castigo divino contra esses sujeitos que se negam a reconhecer a Cristo. Segundo Hanna Zaremska, os judeus formavam uma categoria à parte, nem heréticos, nem ímpios. Os escritos antijudaicos desde a Alta Idade Média consideravam a dispersão dos judeus como um castigo divino. Deus fizera assim para pagarem a crucificação de Cristo. [Zaremska, 2006, p.125-126].

Antes mesmo da disseminação da peste negra, a Igreja medieval já praticava uma política de segregação dos judeus. Em 1215, o IV Concílio de Latrão decidiu que em terras cristãs os judeus deveriam se distinguir dos fiéis por suas roupas a fim de evitar qualquer relação sexual entre os adeptos das duas religiões. Aos judeus foram atribuídas uma série de representações negativas relacionadas à sua suposta impureza: eram portadores de “doenças judaicas”; sofriam de hemorroidas e sangramentos; exalavam mau cheiro. Esse aspecto de impureza associada aos judeus guiou algumas outras leis que refletiam o medo da sociedade cristã medieval em relação a eles, como as que interditavam os judeus e os cristãos de sentarem-se em torno de uma mesa; frequentar os mesmos banhos e os mesmos albergues; ou contratar amas-de-leite judias para amamentar as crianças cristãs. [Zaremska, 2006, p.128-129].

Kellen Jacobsen Follador observa que a crença na culpabilidade dos judeus foi agravada a partir do ano mil, quando da disseminação de mitos antijudaicos cujos enredos reforçavam a visão negativa que parte dos cristãos possuía dos judeus. Acreditava-se que os judeus buscavam prejudicar os cristãos e atingir os ícones de santidade do cristianismo. Os mitos antijudaicos eram diversificados e relatavam assassinatos rituais, profanação de hóstias, profanação de objetos sagrados e um complô – formado por minorias sociorreligiosas que os cristãos apontavam como pecadores – que objetivava destruir os cristãos. [Follador, 2016, p.34].

Assim, Delumeau aponta que a peste negra eclodiu “em uma atmosfera já carregada de antissemitismo”. [Delumeau, 2009, p.205]. Os judeus logo são considerados culpados pela disseminação da doença e das tragédias decorrentes dela. Maria Guadalupe Pedrero-Sánchez, em livro que traz vários documentos sobre a história da Idade Média, apresenta um em que se comenta um boato muito difundido: o de que a peste negra era resultado de ações dos judeus que haviam envenenado os poços. Isso gerou grande perseguições aos judeus, com queima de suas casas e massacres:

“Corria o boato de que certos criminosos, particularmente os judeus, jogavam venenos nos rios e nas fontes, o que fazia aumentar tanto a peste acima mencionada. É a razão pela qual tanto cristãos como judeus inocentes e pessoas irrepreensíveis foram queimadas e assassinadas e outras vezes maltratadas em suas pessoas, mesmo que tudo isso procedesse da constelação ou da vingança divina.” [Pedrero-Sánchez, 2000, p.195].

A peste negra no ensino de História: possibilidades de abordagens
Diante do que foi visto até aqui, cabe perguntar: como podemos abordar o caso da peste negra na Idade Média no ensino de História? Como mencionamos anteriormente, podemos fazer uma relação com a atual pandemia do Covid-19, algo nunca vivenciado por nossa geração. Conforme diz Duby, “para que escrever a história, se não for para ajudar seus contemporâneos a ter confiança em seu futuro e a abordar com mais recursos as dificuldades que eles encontram cotidianamente?” [Duby, 1999, p.9]. Num momento de tanta angústia, de tantas incertezas, podemos nos voltar para o passado para investigar como as sociedades de outros tempos enfrentaram questões semelhantes, para nos auxiliar a enfrentar melhor os nossos medos.

Cabe aqui tomarmos um cuidado: quando fizermos uma associação entre o coronavírus e a peste negra não devemos contribuir para reforçar um estereótipo negativo da Idade Média como uma “Idade das trevas”, imagem criada pelos renascentistas do século XVI e reforçada depois pelos iluministas [Franco Júnior, 2006, p.11]; imagem esta da Idade Média  que ainda está presente no ensino de História Medieval, conforme Nilton Mullet Pereira [Pereira, 2012, p.234], e nos livros didáticos de História da atualidade, conforme Pereira e Giacomoni. [Pereira; Giacomoni, 2008]. Devemos buscar alternativas, como uma abordagem da Idade Média nas aulas de História por meio do cotidiano, um tema que torna acessível para os alunos a relação entre o passado e o presente. [Menezes Neto, 2015]. Um debate, por exemplo, sobre os medos do passado e do presente, a partir das perspectivas apontadas por Duby e Delumeau. [Duby, 1999; Delumeau, 2009].

Uma possibilidade bastante enriquecedora seria um trabalho de análise de imagens produzidas tendo como temática a peste negra. Segundo José Rivair Macedo, “trabalhar hoje com as imagens produzidas na Idade Média significa entrar em contato com um importante código de comunicação visual.” [Macedo, 2012, p.120-121]. Os professores do ensino fundamental já têm recorrido ao uso de imagens nas aulas sobre História Medieval, conforme demonstra o estudo de Menezes Neto e Maia sobre as práticas dos professores de História em Belém. [Menezes Neto; Maia, 2017].

As imagens abaixo são alguns exemplos de recursos que os professores podem utilizar como ponto de partida para discutir a peste negra:


Imagem 1: Le Christ lançant les fleches de la peste, 1424
[Duby, 1999, p.78].

A imagem acima é uma pintura em madeira, de autoria anônima, produzida em 1424. Conforme Duby, “os pintores representavam os surtos da peste por uma chuva de flechas mortíferas”. Nessa pintura, “Cristo envia do alto céu as flechas da peste que atingem precisamente os corpos nos locais onde aparecem os bubões.” [Duby, 1999, p.78]. A imagem reforça a ideia de que a peste negra era um castigo divino, pelo fato da sociedade, em particular os judeus, não aceitarem Cristo como o salvador. Segundo Delumeau, essa imagem de um Deus encolerizado que atira flechas nos homens vem da Antiguidade, em uma passagem do livro da Ilíada, mas que “foi a cultura eclesiástica que retomou e popularizou essa comparação.” [Delumeau, 2009, p.163].


Imagem 2: Le triomphe de la mort, 1431 ou 1450
[Duby, 1999, p.87].

A segunda imagem é de autoria de Giovanni di Paolo, produzida entre 1431 ou 1450, que representa a peste como um “monstro hediondo lançando flechas”. [Duby, 1999, p.87]. A imagem reforça a ideia de terror que a peste negra provocou no imaginário coletivo da Idade Média, associada a um monstro terrível.


Imagem 3: A dança macabra, 1486
[Franco Júnior, 2006, p.30].

Esta imagem é uma xilogravura italiana de 1486, que apresenta um bispo e um homem rico acompanhados da morte, representada por esqueletos humanos. Segundo Franco Júnior, a morte “tornou-se um tema recorrente na arte e na literatura, representada como uma força impessoal, com iniciativa própria, que atinge a todos, poderosos e humildes, clérigos e leigos, jovens e velhos, virtuosos e pecadores.” [Franco Júnior, 2006, p.30].


Imagem 4: Os judeus como assassinos de Jesus Cristo
[Costa, 2008]

A imagem acima, embora não cite diretamente a peste negra, é importante recurso didático que o professor pode utilizar porque demonstra a construção da imagem dos judeus como os assassinos de Jesus Cristo. Segundo Ricardo da Costa, na imagem, “Cristo, sentado em majestade, é escarnecido pela turba de judeus.” O iluminista cria uma caracterização animalesca para os judeus: “um, na frente, à esquerda, Lhe dá a língua (e o toca em Sua região genital), outro (à direita) manda-O calar a boca (gesto simbolizado pelo dedo indicador da mão esquerda em seus lábios) e tem feições visivelmente simiescas.” [Costa, 2008[. Segundo Zaremska, a partir do século XIII a iconografia medieval atribuiu aos judeus “traços distintivos exprimindo selvageria, como o nariz adunco ou a barba. Tais características acrescentam-se aos atributos mais evidentes, como a rodela ou o chapéu pontudo.” [Zaremska, 2006, p.132[.

A partir dessas imagens e da relação com o presente, o professor de História pode trabalhar com os alunos a partir das seguintes questões norteadoras: quais as visões da sociedade medieval sobre a peste negra? Qual a influência da religião cristã na interpretação sobre a difusão da epidemia? Como a arte visual expressa os impactos psicológicos da peste negra na sociedade? Quais os fatores que levaram os judeus a serem considerados culpados pela tragédia da peste negra? Quais as semelhanças e diferenças que são possíveis de perceber entre a peste negra na Idade Média e a pandemia do Covid-19 na atualidade?

Essas são algumas possibilidades de abordagens da peste negra no ensino de História, buscando fazer uma relação com o presente, com a atual pandemia do coronavírus. Entendemos que a História também tem muito a contribuir fornecendo elementos que possam auxiliar nos debates para compreender melhor o contexto histórico do século XXI, dialogando com os desafios que os homens medievais enfrentaram em seu período. Em um contexto com a rápida divulgação de muitas fake news e de negacionismo científico sobre as doenças e as formas de combatê-las, que tem como objetivos interesses políticos, o professor de História da educação básica também deve participar das discussões, auxiliando os alunos a ter uma posição crítica sobre o volume de informações que recebem. O estudo da Idade Média pode ser um caminho para isso.


Referências
Geraldo Magella de Menezes Neto é Professor de História da Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC) e Professor de História e Estudos Amazônicos da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC). Atualmente é doutorando em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

CALAINHO, Daniela Buono. História medieval do Ocidente. Petrópolis-RJ: Vozes, 2014.
COSTA, Ricardo da. Então os cruzados começaram a profanar em nome do pendurado. Maio sangrento: os pogroms perpetrados em 1096 pelo conde Emich II von Leiningen (†c. 1138) contra os judeus renanos, segundo as Crônicas Hebraicas e cristãs. 2008. Disponível em:
https://www.ricardocosta.com/artigo/entao-os-cruzados-comecaram-profanar-em-nome-do-pendurado-maio-sangrento-os-pogroms Acesso em: 18 abr. 2020.
DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente: 1300-1800. Uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. (Companhia de Bolso)
DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. São Paulo: Editora UNESP/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.
FOLLADOR, Kellen Jacobsen. A relação entre a peste negra e os judeus. Revista Vértices, Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, n. 20, p.25-46, 2016.
FLECK, Eliane Cristina Deckmann; ANZAI, Leny Caselli. Apresentação do dossiê “História da saúde e das doenças: protagonistas e instituições”. Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, vol. 6, n. 2, p.1-6, jul.-dez. 2013.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.
LE GOFF, Jacques; TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
MACEDO, José Rivair. Repensando a Idade Média no ensino de História. In: KARNAL, Leandro. (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2012.
MENEZES NETO, Geraldo Magella de. História Medieval no ensino fundamental: relato de experiência em uma escola pública do distrito de Mosqueiro (Pará -Brasil). Revista de História da UEG - Anápolis, v.4, n.2, p.320-339, ago. /dez. 2015.
MENEZES NETO, Geraldo Magella de; MAIA, Lívia Lariça Silva Forte. A História Medieval e seus desafios na educação básica: relatos de professores de escolas públicas de Belém do Pará. Revista de História Bilros: História(s), Sociedades(s) e Cultura(s). Fortaleza, v. 5, n. 9, p.35-63, mai. - ago. 2017.
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. A grande peste (1348). In: História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
PEREIRA, Nilton Mullet; GIACOMONI, Marcello Paniz. Possíveis passados: representações da Idade Média no ensino de História. Porto Alegre: Zouk, 2008.
PEREIRA, Nilton Mullet. Ensino de História, Medievalismo e Etnocentrismo. Historiae, Rio Grande, 3 (3), p.223-238, 2012.
SILVA, Marcelo Cândido da. História medieval. São Paulo: Contexto, 2019.
ZAREMSKA, Hanna. Marginais. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. (orgs.). Dicionário temático do ocidente medieval. vol. II. Bauru-SP: Edusc, 2006.

60 comentários:

  1. Caro autor,
    Você diz: “ Dentre as consequências dessa crise está o abalo das estruturas da nobreza feudal, que tiveram suas fortunas arruinadas e perdas de terras, a migração dos servos para as cidades, o que gerou grande tensão social”
    Você poderia comentar um pouco mais sobre as consequências da peste negra? Por que a peste tem relação com a ruína dessa nobreza?

    Ass. Nathany A. W. Belmaia

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    1. Prezada Nathany, obrigado pela pergunta.

      Este trecho é uma citação do livro de Daniela Calainho, “História Medieval do Ocidente”. Ela insere a peste negra como um dos fatores para a “crise do século XIV” que ocorreu na Europa Ocidental. Esta crise reuniu, por exemplo, a estagnação econômica; a desestabilização ecológica pelo desmatamento de florestas; chuvas torrenciais que arrasaram as colheitas em 1314 e 1315; aumento do preço do trigo; aumento da fome e das taxas de mortalidade; limitação na circulação monetária. Quando a peste negra atinge a Europa Ocidental em meados do século XIV, encontra esse contexto de instabilidades econômicas e sociais. Isso tudo abalou as estruturas da nobreza feudal, que também foi afetada pelo conjunto de problemas que se abateram nesse período. Foi nesse sentido que quis colocar, que a peste negra se juntou a todos esses fatores na crise do século XIV.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  2. Olá, autor. Seu texto prioriza sobretudo a atuação do professor de história em sala de aula e no como se fazer a abordagem desse tema, sendo assim um bom guia. Parabéns!
    Minha pergunta é: quando Duty diz "fechar-se atrás dos muros e proibir a entrada dos estrangeiros" era uma tipo de "isolamento social"? Se sim, em que nível?

    Giovanna Mayara de Souza Lima.

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    1. Prezada Giovanna, obrigado pela pergunta.

      Não sei dizer se na Idade Média utilizavam um termo como “isolamento social”. Contudo, se pensarmos na ideia de um isolamento para proteção contra a doença, como forma de diminuir a propagação das infecções como estamos vivenciando hoje, podemos estabelecer uma relação. Como se atribuía a disseminação da peste aos judeus e aos estrangeiros, “fechar-se atrás dos muros” era a medida mais óbvia para tentar se proteger.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  3. Parabéns ao Autor. Gostei muito do texto, acho que você está trazendo para a discussão um tema do tempo presente que tem muitas similaridades com a Peste Negra. Hoje, porém vivemos em outro tempo, numa democracia, especificamente aqui no Brasil. Você acha que esta pandemia do coronavirus afetou os direitos sociais das pessoas? e durante a peste negra, existia algum tipo de "direito social" que foi afetado? Obrigada Juliana Favretto

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    1. Olá Juliana, muito obrigado.

      Essa questão dos direitos é mais uma questão da chamada Idade Moderna para cá, como os direitos civis, políticos e sociais. Mas se tratamos por exemplo, da livre circulação das pessoas, certamente, houve uma limitação na Idade Média como há hoje. No entanto, creio que o direito maior que a sociedade deve preservar é a vida. Então, nada mais lógico que, em prol da vida, abdicarmos temporariamente desse direito de livre circulação para que mais vidas possam ser preservadas. Alguns grupos conservadores, reacionários e negacionistas dizem que os governadores que estão implementando as medidas de isolamento social e lockdown são “comunistas”, mas essa é uma outra discussão.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  4. Muito interessante e atual a reflexão do Prof. Geraldo. Esse paralelo entre a peste negra e a pandemia do Covid-19 nos mostra um paralelo de muitas coisas em comum. Gostaria de saber de sua perspectiva de como iremos abordar num futuro próximo, no campo da história essa pandemia do coronavírus?
    Maximiliano Gonçalves da Costa

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    1. Prezado Maximiliano, obrigado pela pergunta.

      Creio que temos fontes abundantes para o pesquisador que vier a pesquisar a atual pandemia do coronavírus. Uma possibilidade clara de pesquisa são os conflitos entre os defensores do isolamento e distanciamento social e os que são a favor da liberação das atividades comerciais, conflitos esses que tem como influência lógica a questão política, entre os defensores do presidente Bolsonaro e os críticos a ele. Outra possibilidade que vai se dar é no campo da memória, como vão se construir as memórias desse período por quem o viveu, sendo um terreno importante de atuação para os que utilizam a metodologia da história oral. Enfim, as possibilidades serão múltiplas.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  5. Olá. Parabéns pelo texto.
    A partir do fato de que tanto a peste negra quanto o covid-19 tiveram suas origens na Ásia, você acredita que, caso não tomemos os devidos cuidados, esse debate pode reforçar preconceitos contra esses povos? se sim, o que debates fazer com os alunos para evitar esse problema?

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  6. Olá. Parabéns pelo texto.
    A partir do fato de que tanto a peste negra quanto o covid-19 tiveram suas origens na Ásia, você acredita que, caso não tomemos os devidos cuidados, esse debate pode reforçar preconceitos contra esses povos? se sim, o que debates fazer com os alunos para evitar esse problema?
    Maria Fabíola da Silva
    mariafabioladasilva@yahoo.com.br

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    1. Prezada Maria, muito obrigado!

      Minha intenção no texto também foi essa: a de chamar a atenção para, em casos como a propagação de doenças ao longo da história, como na época da peste negra na Idade Média e do coronavírus de hoje, que é comum a sociedade eleger “inimigos”, “culpados”, reforçando preconceitos e estereótipos contra grupos que são marginalizados pelos que detém o poder. De fato, um pouco antes de as aulas serem interrompidas na rede estadual do Pará, a qual leciono, presenciei nas escolas piadinhas de alunos, desde o fundamental até o EJA, sobre os orientais, como se eles fossem os culpados pela doença. Devemos trabalhar sim para evitar qualquer tipo de preconceito, pois só conhecendo o outro podemos construir uma sociedade mais democrática e que respeite as diferenças. A perseguição aos judeus na Idade Média, como um dos “culpados” pela peste negra, é apenas um exemplo no qual podemos trabalhar o conhecimento e o respeito por diferentes povos.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  7. Cláudia Sena Lioti18 de maio de 2020 às 18:03

    Olá Geraldo!
    As razões pelas quais a população culpou os judeus pela disseminação da peste formam religiosas e étnicas/culturais, hoje, algumas pessoas culpam os chineses pela pandemia. Por trás deste discurso de culpabilização em relação à COVID-19, há também alguns preconceitos. Na sua opinião, estes preconceitos são apenas de ordem cultural, ou envolvem também política e economia?
    Parabéns pela pesquisa!

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    1. Prezada Cláudia, obrigado pela pergunta.

      Em relação aos judeus na Idade Média, conforme demonstram vários textos de Jacques Le Goff, havia também uma rejeição a eles em variados períodos devido trabalharem com atividades comerciais e de empréstimos financeiros. Muitas pessoas poderosas ficavam endividadas com os judeus, então a perseguição a eles era uma forma também de se livrarem das dívidas. É importante recordar também que a Igreja Católica medieval condenava a prática da usura, não por acaso, os burgueses eram excluídos da construção simbólica da sociedade das três ordens (clero, nobreza, camponeses).

      No caso dos preconceitos em relação aos chineses de hoje, na pandemia do covid-19, há também um componente econômico, haja vista que atualmente a China é a segunda maior economia do mundo, com ferrenha disputa comercial com os Estados Unidos no mercado internacional e na busca de influência. Não por acaso, o presidente Donald Trump a todo momento responsabiliza a China pelo avanço da pandemia do covid-19, não apenas para criar um inimigo externo para justificar os problemas internos, mas uma forma também de atingir a China economicamente para manter a supremacia norte-americana.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  8. Parabéns pelo excelente texto.

    Gostaria de saber se o magistério da Igreja Católica - de forma oficial (documentos oficiais) - responsabilizou algum grupo pela disseminação da peste negra.
    E ainda, qual foi a ação tomada pelo magistério para "conter" a doença, ou ajudar seus fiéis, seja no âmbito espiritual ou físico, durante a peste negra?
    (Por exemplo, com a atual covid-19, a Igreja suspendeu as suas celebrações solenes e a missa pública com os fiéis, para evitar a difusão da doença).

    Daniel Soares Lopes Morais
    moraislopesdaniel@gmail.com

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    1. Olá Daniel, obrigado pela leitura.

      A atribuição da culpa pela peste negra aos judeus foi feita mais pelas populações das cidades ou vilas que vivenciavam essas mortes, e numa interpretação cristã entendiam aquele momento de crise como um castigo divino pelos pecados dos judeus. A própria Igreja não culpou diretamente os judeus, algo que confesso, faltou deixar claro no texto. Cito abaixo um trecho de Kellen Follador sobre isso:

      Não obstante os ataques, o papa Clemente VI (1342-1352) condenou a ação de cristãos e as acusações de que a pestilência havia sido provocada pelos judeus. Em consequência, ele reafirmou a bula Sicut Judaeis, que colocava o povo testemunha sob a proteção da Igreja e decretou que todos os sacerdotes punissem os fieis que perseguissem ou caluniassem os judeus devido à doença que assolava a Europa (Horrox, 1994). Vale lembrar que o papa Clemente VI não estava sozinho em sua defesa dos judeus e na descrença de que seus membros eram os culpados pela peste negra. Muitos religiosos e cristãos laicos, dentre eles pensadores ligados às ciências, ratificavam a opinião papal.” (FOLLADOR, p. 2016, p. 39).”

      Sobre as medidas da Igreja, creio que também houve a interrupção das missas, pois o que os conselhos municipais recomendavam, conforme Duby, era que todos se fechassem em suas casas e que os muros das cidades não fossem abertos para os estrangeiros.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  9. Segundo o texto a peste negra era considerada como um castigo divino,particularmente sob os judeus por não aceitarem Cristo como salvador. Atualmente, será que não estão relacionando o COVID 19, como um castigo divino, devido ao comportamento destrutivo do ser humano?

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    1. Prezado Arnold, obrigado pela pergunta.

      Creio que algumas religiões também fazem essa interpretação atualmente. No caso das religiões cristãs, uma forma de interpretar o momento atual se dá pela leitura do livro do Apocalipse, com a ideia de que a segunda vinda de Cristo será antecedida por momentos de guerras, doenças, etc., ou seja, a pandemia do coronavírus seria um dos sinais do fim dos tempos e do “julgamento final”.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  10. Olá, autor. Voltado para o Ensino Básico de História, poderemos relacionar o pensamento de culpabilizar determinado povo por essas duas grandes pandemias (Peste Negra e Covid-19), levando em consideração, é claro, os valores de cada época?
    Ângela de Souza Lins.

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    1. Prezada Ângela, obrigado pela pergunta.

      Sem dúvida, entendo que esses contextos de marcados pela propagação de doenças são uma oportunidade para trabalharmos com os alunos a questão da diversidade e do respeito às diferenças. É tarefa importante problematizar os discursos criados que atribuem “culpados” pelas doenças, que visam na verdade atender interesses de determinados grupos. Nós professores de História teremos um papel fundamental na educação dessa geração que está vivenciando a pandemia, para podermos entende-la de forma crítica, sem negacionismos e preconceitos.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  11. Texto Genial!
    Segundo essa citação: "Na atual pandemia do COVID-19 ocorreram em vários países, inclusive no Brasil, ações de xenofobia contra os asiáticos. Vários asiáticos foram alvos de posts negativos nas redes sociais sendo considerados culpados por estarem trazendo o vírus para o Brasil. Membros e apoiadores do governo de Jair Bolsonaro, como o ministro da Educação Abraham Weintraub, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro postaram no twitter mensagens que sugerem a ideia da disseminação do coronavírus pela China como um suposto plano comunista de dominação econômica mundial."

    E o link da imagem (capa da revista em quadrinho da Turma da Mônica) do post do ministro da Educação Abraham Weintraub: https://www.bemparana.com.br/noticia/ministro-da-educacao-usa-cebolinha-para-ironizar-chineses-no-twitter#.XsQYGHVKjIU

    utilizando as fontes acima, podemos fazer uma relação com as fontes do período medievo? Ou seja, podemos analisar a eleição de um culpado? Quais os argumentos utilizados para eleger os judeus culpados e quais os argumentos para eleger os chineses culpados? as representações judaicas e chinesas? etc.

    Atenciosamente.

    VICTOR LIMA CORRÊA

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    1. Prezado Victor, obrigado pela pergunta.

      Como respondi em outra pergunta, essa escolha de judeus na Idade Média e dos chineses hoje como culpados pelas doenças também envolve questões culturais e econômicas. No caso dos judeus, atuavam em atividades comerciais e realizavam empréstimos a juros. No caso dos chineses, são a segunda economia do mundo com grande influência mundial e também representam um regime “comunista”. Enfim, os chineses são um povo distante da nossa tradição ocidental e cristão, então nesse sentido torna-se mais fácil eleger um culpado externo pelas crises e mortes, como fazem o governo Trump e Bolsonaro, do que reconhecer as próprias limitações e incompetências.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  12. Professor, louvo e o parabenizo por esse texto tão esclarecedor e didático sobre a realidade do passado e agora do presente.
    Fico pasma, contudo, diante das similaridades que são expostas no artigo do que houve com a peste negra e agora com a Covid-19. Similaridades estas, sendo na maioria das vezes, atribuída ao pensamento e práticas que a sociedade tem diante de um problema parecido. No entanto, temos um hiato de sete séculos entre a peste negra e o novo coronavírus, somados a isso, temos informações disseminadas por meio digital e todo um avanço na ciência à disposição. A que o senhor atribui, então, a reação ou a manutenção de pensamentos equivalentes, de boa parte da população, à muitas práticas de ignorância que ocorre hoje em dia?
    Betsy Bell Praia Morais

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    1. Olá Betsy, obrigado pela leitura e pelo elogio.

      Essa é uma longa discussão sobre questões sociais e políticas ao longo da história. Creio que tudo passa pela questão da educação. Infelizmente temos ainda muito a fazer contra os discursos negacionistas, anti-ciência, as fake-news, a intolerância e os preconceitos. Hoje temos no poder um grupo que acabou utilizando esses discursos como forma de atuação política, atacando inclusive os professores de História. A única forma é investirmos na educação, no conhecimento científico, pois ao longo da história existem grupos que, por interesses políticos, investem nesses tipos de discursos que, infelizmente atraem boa parcela de seguidores. Nosso papel é problematizar esses discursos e lutar por uma educação democrática.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  13. Olá caro Geraldo Magella. Gostaria de parabenizá-lo pelo esforço de articular um trabalho tão importante e necessário para o ensino de História Medieval.
    Além das imagens, existem outros recursos possíveis para tratar desse tema em sala de aula, como textos por exemplo, você poderia citar?

    Vinicius Machado Ferreira.

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    1. Olá Vinícius, obrigado pela pergunta.

      O professor pode utilizar trechos de obras literárias e de relatos da época. Jean Delumeau e Jacques Le Goff, por exemplo, citam vários relatos demonstrando o medo e as consequências da peste negra nas cidades europeias, como o Decamerão de Giovanni Boccaccio que aborda a peste na Itália. Uma possibilidade interessante seria relacionar esses relatos com as imagens.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  14. Olá Geraldo, muito bom seu texto e as referências bibliográficas. Percebi, sobretudo, que vc aponta as similaridades entre a peste negra e a covid-19, quais seriam as diferenças?

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    1. Olá Conceição, obrigado pelo elogio e pela pergunta.

      Creio que a diferença principal é que a hoje a questão política é bem mais influente, com discursos que tentam minimizar a gravidade da doença, além dos interesses econômicos que são contrários às medidas de isolamento social. Isso é expresso principalmente nos discursos e ações do presidente Bolsonaro e seus seguidores.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  15. Olá, adorei o texto. Parabéns!
    Você acredita que há uma contradição na postura da atual direita conservadora no Brasil, pois, por um lado, há um resgate de uma Idade Média imaginária e ideal constante em seus dicursos, adaptada à sua atual visão de mundo, mas, por outro, conforme esclarecido em seu texto, há alguns pontos de aproximação entre as duas temporalidades, o que ocorre de modo imperceptível, como no caso da busca por bodes expiatórios, os judeus na peste negra e os asiáticos no coronavírus? Gostaria de saber sua opinião sobre essa convergência do discurso ideológico e da reação inconsciente por parte da atual direita conservadora brasileira.
    Obrigado pela atenção.

    Daniel Roberto Duarte Granetto.

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    1. Olá Daniel, muito obrigado pela leitura e pela pergunta.

      Não vejo como contradição, nem que a busca por bodes expiatórios está ligada a uma direita conservadora. Esse é um recurso comum ao longo da história das sociedades, em culpar o “outro”, muitas vezes recorrendo ao uso do nacionalismo. Por exemplo, essa questão do preconceito contra os orientais foi muito utilizada na Segunda Guerra Mundial, com a “raça amarela” japonesa sendo mais alvo de discursos negativos do que os próprios alemães e italianos. No caso da direita conservadora e reacionária, que apoia um governo com o slogan “pátria amada Brasil”, é mais fácil atribuir a culpa pelo coronavírus e a crise econômica à China e ao comunismo.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  16. Oi Geraldo Neto, gostei muito da temática que você escolheu. Gosto muito dos assuntos medievais, ainda mais quando se tem clareza de que a Idade Média não foi a "Idade das Trevas" como muitos ainda afirmam. Porém se tem uma pergunta que fico me fazendo durante esses tempos de pandemia é: Qual o impacto que isso terá no ensino da História? Escrevo isso já querendo saber a sua opinião sobre o assunto. Pois além da pandemia estamos vivendo uma crise política e tudo isso cabe e caberá a História explicar daqui uns anos. Como isso pode ser retratado na educação básica afim de que sirva de aprendizado eficaz para crianças e jovens? A associação com a peste negra é muito pertinente. Lá no texto "O medo do outro" também vai falar acerca disso, fazendo essa analogia com o isolamento social que hoje enfrentamos.
    Cordialmente, ANTONIA STEPHANIE SILVA MOREIRA.

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    1. Olá Antonia, muito obrigado!

      Como nos ensina Marc Bloch, nosso papel é problematizar esses acontecimentos, buscando nas fontes os diversos interesses em jogo, seja político-ideológicos, econômicos, científicos, etc. Temos que fazer um diálogo com o presente, com os que os alunos viveram para que a História possa fazer algum sentido na formação deles. Por isso, defendo que o ensino de Idade Média só se torna significativo se pudermos estabelecer relações com o presente, senão fica um assunto chato, distante, que serve apenas para o “decoreba”, a memorização para acertar as questões da prova.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  17. Olá querido e eterno mestre, desde já quero agradecer por trazer essa temática incrível para esse simpósio eletrônico e parabenizo também pelo texto presente.
    Agora quero trazer algumas ideias que vieram a organiza-se na minha mente enquanto eu lia o seu texto. Pois bem, quando o senhor trás uma referência de um acontecimento histórico relacionado com o tempo presente, percebi que há semelhanças em ações de governantes que fizeram tais ações que rementem as de hoje que é a proteção individual e ao interesse do estado. Percebi também que a igreja nesse período vem se fechando somente na oração para que Deus esteja mudando essa situação, tal discurso diferente da qual era construído durante o período em que a peste negra era vista como castigo de Deus, e não vemos essa relação sintática no discurso de hoje.
    A minha pergunta é, a relação passado presente pode ser fatores importantes para construção da consciência histórica e também um preparo para enfrentar possíveis acontecimentos congruentes no futuro como esse que enfrentamos?
    Carlos Fontineli Modesto

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    1. Olá Carlos, obrigado pela leitura.

      De fato, hoje percebemos que principalmente as lideranças das igrejas evangélicas que apoiam o governo Bolsonaro, evitam fazer críticas públicas, se limitando a “rezar” para que a pandemia passe. Na Igreja Católica há algumas reações mais tímidas, mas que se limitam a demonstrar em notas “preocupações” com a situação do Brasil, sem também fazer uma crítica mais contundente ao governo. Sobre a questão da relação passado e presente, sem dúvida, minha intenção no texto é chamara atenção que, por mais que alguns conteúdos pareçam distantes dos alunos, como a Idade Média, temos que olhá-los a partir de questões que possam fazer sentido aos alunos, como a questão da doença da peste negra, na qual é possível relacioná-la com a pandemia do coronavírus de hoje. Assim, podemos estimular os alunos a se posicionarem, criticamente aos acontecimentos do presente.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  18. Boa tarde. Amei o texto!
    Mesmo depois de cinco séculos, a quê você atribui o comportamento de muitos que negam a ciência e insistem em interpretar a pandemia de hoje no âmbito moral?
    Obrigada.
    Celimara Solange da Silva Orlando Curbelo

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    1. Olá Celimara, muito obrigado!

      Acredito que aí há dois fatores: um passa pela questão da educação e o outro pela questão política que o Brasil passa hoje.

      Em relação a educação, penso que ainda falta a universidade se aproximar mais da sociedade e da educação básica. No caso da História, por exemplo, vejo que a prioridade de muitos pesquisadores é a publicação de artigos científicos para poder ganhar pontos no currículo lattes, não há uma preocupação em dialogar com pessoas que estão fora do círculo acadêmico, o que explique talvez o sucesso de jornalistas e youtubers que fala de História ao invés dos especialistas da área.

      Já na questão política, a prática do negacionismo é uma arma de grupos de uma direita mais conservadora, diria até reacionária, que preferem interpretar a realidade por um viés moral ou da religião. No mundo hoje esses grupos estão presentes em vários países, e no Brasil estão reunidos em torno do atual presidente.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  19. Ei, parabéns pelo texto.

    Além de contribuir com a perspectiva histórica do medievo sobre a peste negra, trouxe um paralelo sobre a pandemia do Covid-19 e neste sentido ficou bastante claro.

    Professor Geraldo, a relação de poder exercida durante a Idade Média é totalmente diferente da concepção de um Estado Moderno, ou seja, os medievais compreendiam o mundo através da perspectiva da Igreja, detentora da "verdade". No Estado Moderno, o sentido social se estabelece por normas e leis geridas pela Constituição. Nesse sentido, até que ponto o Estado tem poder para exercer sua influência sobre a sociedade, em detrimento de solucionar os problemas estabelecidos pela pandemia do Covid-19?

    Desde já, obrigado.

    Matteus Vieira Rodrigues.

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    1. Olá Matteus, muito obrigado pela leitura e pela pergunta.

      No contexto de uma pandemia como estamos vivendo, dentro do regime democrático o que o Estado pode fazer é, por meio dos limites estabelecidos pela Constituição, adotar as medidas necessárias para preservar a vida de sua população. No entanto, por conflitos políticos, o que vemos hoje é que isso está sendo feito não pelo governo federal, mas pelos governos estaduais amparados pelo Supremo Tribunal Federal que os autorizou a tomar as medidas. Outra questão se refere à dispensa de licitação para compra de produtos de saúde emergenciais como os respiradores. Embora tenham sido autorizados para tal, os governos estaduais tem um limite, pois em teoria devem realizar essas compras emergenciais da forma mais transparente possível sem prejuízo ao dinheiro público. Enfim, temos instituições no campo jurídico que têm o papel de investigar o Estado, que, embora tenha poderes para procurar auxiliar a população que está dificuldades, deve responder também às possíveis irregularidades que venha cometer.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  20. Olá Geraldo! Parabéns pelo seu texto, achei muito interessante.
    Gostaria de fazer uma pergunta que tem a ver com o assunto mas espero que não saia muito do seu foco. Durante tuas pesquisas sobre a relação dos sujeitos medievais com a peste, você encontrou suas expectativas e interações com o mundo muçulmano, visto que foram responsáveis por grandes avanços no conhecimento da medicina durante a idade média?

    Att., Guilherme Tavares Lopes Balau

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    1. Olá Guilherme, obrigado pela leitura.

      Infelizmente, não fiz essa relação com os muçulmanos, é uma ideia que fica para ser desenvolvida num próximo trabalho. Mas, certamente, a cultura e a ciência muçulmana tiveram influência na Europa medieval, por exemplo, nas técnicas de navegação que mais tarde auxiliaram os portugueses nas viagens atlânticas.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  21. Boa noite, Geraldo Neto.


    O estudo propõe, dentre outras questões, a realização em sala de aula de uma problematização da Idade Média a partir do estabelecimento de relações entre a Peste Negra do século XIV e a atual pandemia do Covid-19, o que pode despertar o interesse dos alunos por temáticas medievais. De certo modo, ao ancorar-se nas considerações de Georges Dubby sobre o papel da escrita da história para a contemporaneidade (“Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos”), o estudo deixa subentendido que tal problematização pode estimular os alunos a desenvolverem uma postura mais otimista frente à pandemia atual. Considerando o número de mortes na Europa medieval devido a Peste Negra e o caráter fúnebre das fontes sugeridas pelo estudo para serem trabalhadas nas aulas, que estratégias o professor deve utilizar para estimular nos alunos o desenvolvimento de uma postura mais racional e confiante em relação ao contexto atual, e não uma postura pessimista e acrítica?

    Pablo Eduardo da Rocha Souza

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    1. Olá Pablo, obrigado pela leitura e por abordar uma questão interessante.

      De fato, existe esse “caráter fúnebre” das fontes que você menciona, além das notícias de crise, contaminações e mortes que nos “bombardeiam” hoje sobre a covid-19. Contudo, nossa intenção em sala de aula com os alunos deve ser a de olhar criticamente todo esse processo, tanto na Idade Média quanto hoje. Por um lado, desmistificar a ideia que a Idade Média é um período de “trevas”, de peste e doenças, como ainda é divulgado por diversos meios, a pandemia do coronavírus esta aí para dizer que várias sociedades na história passaram por esse desafio. Por outro, é ressaltar que, apesar de todas essas dificuldades, a humanidade sobreviveu, desenvolvendo por exemplo, melhores condições de higiene, de produção de medicamentos e vacinas, etc. Mostrar que cada desafio exige respostas e que essas respostas contribuem para que a humanidade reflita, repense suas práticas, procure ouvir mais e respeitar o outro. Nossa função não é a de romantizar a história, mas a de problematizar as ações humanas ao longo do tempo, mesmo que para isso tenhamos que abordar questões dolorosas, mas que são necessárias se quisermos que nossos alunos sejam cidadãos mais conscientes, democráticos e que saibam conviver com as diferenças.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  22. Olá, ótimo texto.
    A experiência histórica decorrente da peste na Idade Média pode servir como exemplificação para as eventuais mudanças que poderão ocorrer no espectro social, cultural e político em nossa sociedade?
    Rayane Nogueira de jesus

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    1. Olá Rayane, que bom que tenha gostado do texto!

      Com certeza. Certamente, a humanidade não será a mesma depois do coronavírus assim como a Europa medieval não foi a mesma depois da peste negra. Devemos ver transformações de âmbito social, econômico, político, religioso, educacional, médico, cultural, etc. No campo da arte e da literatura, por exemplo, deveremos ver obras que refletem nossas angústias, a solidão, o convívio com a morte, a esperança, etc., assim como observamos em obras pós-peste negra.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  23. Géssica Cristiane Ferreira Pinto21 de maio de 2020 às 00:40

    Boa Noite! Parabéns pelo trabalho um tema bem atual. Essas semelhanças da peste negra com o covid no caso sobre a higiene em específico foi agravante para o grande número de mortos no período da idade média e atualmente isso vem aumentando cada vez mais infelizmente...Essa pandemia é o vírus do século. Na sua opinião essa nova era vai passar rápido ou demorar a se normalizar assim como foi no surto da peste negra?

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    1. Olá Géssica, muito obrigado!

      Difícil responder, embora hoje tenhamos muito mais recursos e conhecimentos médicos e científicos do que na época da peste negra. O que posso dizer é que a pandemia vai passar, mas nossas vidas não serão mais as mesmas. O uso de máscaras e as medidas anti-aglomeração vão ainda nos acompanhar por um bom tempo.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  24. Boa noite, achei um texto extremamente bem construído e informativo, acredito que a fácil escrita deixou a leitura bem leve é interessante.
    Quanto ao covid-19, muita gente acredita que a China de anos em anos mandam essas pandemias por ter uma população relativamente grande e por serem idosos, será que essa informação pode ser levada a sério? Pelo fato deles quererem sempre ter uma população mais nova, e com “ menos gastos médicos”? Uma vez que os idosos necessitam mais desse serviço? Queria saber a sua opinião.
    LOHANA DE MELO ALVARES

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    1. Olá Lohana. Obrigado pelos elogios, é difícil recebermos elogios pela nossa escrita, então obrigado novamente!

      Creio que essas teorias são construídas justamente por causa do avanço da China como uma potencia mundial que tem grande poder de influência, ameaçando o domínio dos Estados Unidos e do Ocidente. Isso é reforçado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que possui um viés mais conservador e reacionário, e estimula informações negativas em relação aos chineses como os culpados pela disseminação do vírus da covid-19, usando de fake-news. Essa é uma estratégia que também é utilizada no governo brasileiro, como forma de desviar o foco da incompetência governamental em lidar com a pandemia. Acrescente-se a isso o olhar de repúdio ao regime “comunista” chinês, que ameaça os valores do ocidente branco, cristão e capitalista.

      Espero ter respondido à questão. Quaisquer outras dúvidas estou à disposição.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  25. Olá! Geraldo.
    Primeiramente parabenizo pelo texto e pela escolha, é notável a relação do passado e o presente, como foi estudado e apresentado no texto sobre a Peste Negra com o COVID 19, além disso tem-se um entrelaçamento com a Idade Média, e por meio disso considero a pandemia atual [COVID 19] além de uma infelicidade como também uma possibilidade de o professor de história relacionar e problematizar a pandemia atual com a peste negra e lógico com o cenário medieval, possibilitando um “protagonismo”, ou um olhar diferente que favoreça a desconstrução de uma ideia do período como Idade das Trevas, digo isso, pois como já citado a Idade Média foi e ainda é por vezes considerada como Idades das Trevas, gostaria de saber seus apontamentos com relação a possibilidade de se ter uma perspectiva mais clara da Idade Média por meio desse entrelaçamento?

    Parabenizo novamente pelo texto e pela escolha.
    Gabriel Martins da Silva.

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    1. Obrigado Gabriel pela leitura.

      De fato, defendo que a melhor forma de desconstruir a visão da "Idade das trevas" é aproximar a Idade Média de temas do cotidiano dos alunos. A questão das doenças, tão em voga hoje, pode ser uma caminho pra isso, mostrando que todas as sociedades tiveram desafios como esse. Então é injusto tachar a Idade Média como época de atraso, de ignorância. Se hoje estão questionando a ciência e negando as evidências , quem somos nós pra dizer que somos superiores aos medievais?

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  26. Olá, Geraldo

    Me agrada muito ler vosso texto. Antes de mais nada, eu gostaria de indicar a leitura do proêmio que Giovanni Boccaccio (1313-1375) faz descrevendo o estado de exceção em 1348 no seu livro, o Decameron (1348-1353). De tal modo, eu gostaria de lhe questionar sobre a representação que as redes sociais fazem hoje do "médico" na Peste Negra. Quais são os desafios em utilizar essas mídias na sala de aula? (Por exemplo no caso dos memes)?

    At.te

    JOSÉ CARLOS DA SILVA FERREIRA

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    1. Olá José Carlos, obrigado pela leitura.

      De fato, o Decamerão de Boccacio é uma fonte importante sobre a peste negra. Não o coloquei no texto pq preferi focar na questão das artes visuais, mas certamente é um recurso valioso para a sala de aula. Sobre os memes com os médicos da Idade Média, também são um recurso que pode auxiliar o professor, desde que problematize o seu contexto, com o cuidado de não reforçar a ideia ainda corrente de "idade das trevas".

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  27. Texto bastante atual e que será de grande ajuda. Após uma catástrofe seja ela em escala local ou mundial percebemos que o impacto gera mudanças necessárias, sabemos que o mundo após a peste negra não foi mais o mesmo. Poderemos então ter uma nova realidade do ensino em geral e até mesmo da perspectiva para o ensino sendo que no Brasil a grande maioria dos estudantes estão sofrendo pela falta de aula por decorrência do Covid-19 ?

    Calebe Luiz Lourenço Souza

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    1. Obrigado Calebe, obrigado pela leitura.

      De fato, o ensino daqui em diante não vai mais ser o mesmo, principalmente para os professores que trabalham com a educação básica. Temos um desafio enorme pela frente, nossa preocupação não deve ser trabalhar o conteúdo pelo conteúdo, mas escolher aqueles mais significativos para esse tempo que estamos vivendo. No caso da História Medieval, estudar a peste negra se torna mais relevante ainda nesse contexto.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  28. Parabéns, Professor Geraldo!! Gostei muito do seu texto. Você poderá inclusive ampliar sua análise daqui mais um tempo a medida que avançar as descobertas sobre o COVID-19. Apesar de não atuar na educação básica e com o ensino de história, levaria a discussão para minhas aulas de geografia.

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    1. Caro (a) anônimo(a), obrigado pela leitura

      Certamente, o texto não se esgota aqui, teremos muito trabalho pela frente nesses tempos pós-pandemia. Que bom que levaria a discussao à suas aulas, História e Geografia são ciências irmãs.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  29. Boa noite Professor e parabéns pelo vosso texto que nos faz refletir a respeito da História em tempos tão tenebrosos como esses em que se faz necessário olharmos bem e podermos enfrentar as situações que assolam a nossa sociedade.. Gostaria de saber se já podemos constatar quais os impactos e lições em comparação principalmente a Peste Negra e a Gripe Espanhola.. E numa sociedade por base cristã se ainda refletimos algum comportamento semelhante aos da época medieval?

    Edilson Bernardo de Oliveira

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  30. Muito obrigado Edilson.

    As lições vamos poder refletir melhor sobre elas daqui a algum tempo. Mas podemo ver várias similaridades entre as pandemias, como o fato de no início, as instituições e parte da população não levarem a sério a doença e seus impactos, só tomando decisões após muitas vítimas já terem sido atingidas.

    Cordialmente,

    Geraldo Magella de Menezes Neto.

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