Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto


MEDIEVALISMO E O ENSINO DE HISTÓRIA: SOBRE BRUXOS, CASTELO E MAGIA HARRY POTTER (2001-2011)



Este paper busca trazer reflexões sobre o ensino de história e de como o cinema vem impactando a compreensão histórica. Sob esta pretensão, trabalharemos a recepção da Idade Média através das mídias fílmicas que compõem o universo de Harry Potter [produzido por David Heyman, 2001-2011] a partir do escopo teórico do medievalismo [Utz, 2004; Gentry & Müller, 1991; Workman, 1987]. Considerando as dimensões do material, que exigiriam um grande esforço para conceber uma análise completa e sistêmica, focaremos em três elementos principais, a saber, os bruxos, o castelo e a magia, que são amplamente retratados nesse conjunto de filmes e fazem parte do imaginário sobre a Idade Média. Neste sentido, aplicaremos o enquadramento de modelos de recepção do medievo na contemporaneidade propostos por Gentry & Müller [1991]. Com isto, buscamos evocar perspectivas históricas sobre alguns elementos centrais desta narrativa fílmica, no intuito de tornar concebível uma expansão nas películas utilizadas para o ensino da História Medieval, visto que, é possível uma utilização de obras que mesmo não se passando em um período da Idade Média, possua características da mesma.

Cinema, Medievalismo e o Ensino de História
Desde sua origem as representações midiáticas influenciam as pessoas criando práticas, costumes e engendrando concepções sobre o mundo. Inserido neste contexto, características da Idade Média impregnam o cotidiano de modo que: “o sucesso de alguns livros, filmes, séries televisivas e jogos eletrônicos relacionados à temática, induzem o sistema a perceber um próspero mercado consumidor. ” [Porto Junior, 2018].

Esta realidade tem sido bem aproveitada especialmente pela indústria cinematográfica, a qual, através do cinema: “ desde sua tenra origem, propunha-se, declaradamente, a ser o contador de histórias para as massas” [Wyke, 1997 apud Souza Neto, 2019]. Neste propósito, utilizando de sua liberdade criativa e de seu não compromisso com a verdade, o cinema através de suas obras busca incessantemente recriar, rememorar e ressignificar elementos e narrativas da História Medieval que além de enriquecer suas metáforas visuais, fascinam o grande público e passam a efetivamente compor a consciência histórica acerca deste período.

Dito isto, devemos destacar que o impacto destas narrativas é imenso, especialmente nos dias atuais onde o acesso a: “o infinito banco de imagens” [Souza Neto, 2019] que a rede mundial de computadores possui, é indubitavelmente fácil. Películas são extremamente acessíveis, seja pela gama de serviços streaming como Netflix, Video Prime, etc., ou mesmo por torrents e sites que disponibilizam um acervo gratuito, de filmes e séries, que cresce exponencialmente.

Diante deste contexto o profissional do ensino deve reconhecer que os filmes: penetram no cotidiano dos alunos pelos audiovisuais [Bittencourt, 2011] e, sobretudo, possuem o potencial de: afetar a maneira como vemos o passado [Rosenstone, 2010].  Sob este entendimento, obras como: The Name of the Rose [Jean-Jacques Annaud, 1986], Brave Heart [Mel Gibson, 1995], Joanna D'Arc [Luc Besson, 1999], A Knight’s Tale [Brian Helgeland, 2001], The Lord of the Rings: The Return of the King [Peter Jackson, 2003], até produções mais recentes — e de estrondoso sucesso —  como: Game of Thrones [David Benioff, 2011-2019], The Last of Kingdom [Chrissy Skinns, 2015-2018] e Vikings [Michael Hirst, 2013-2020], fazem parte do acervo de películas ambientados na Idade Média que, para o bem ou para o mal, compõe algumas das referenciais sobre este período histórico. Dito isto, se acreditarmos que: “O historiador público deve poder fazer mediação com as formas públicas de conhecimento do passado” [Noiret, 2015], a busca por ferramentas que deem possibilidades para o trabalho com a narrativa fílmica em sala de aula, pode e deve estar entre as pretensões do profissional do ensino, afinal, o filme enquanto narrativa da história [Rosenstone, 2010], está entre estas formas públicas de conhecimento do passado que impregnam o imaginário social.

Pensando nisso, propomos utilizar o escopo do medievalismo proposto por Richard Utz, segundo o qual: o medievalismo se encontra no centro de uma gama de discussões sobre uma mudança de paradigma maior na investigação da cultura medieval em tempos pós-medievais [2004]. Sobretudo, devemos destacar que o termo (ou conceito) “medievalismo” é extremamente amplo e, portanto, o estudo acerca deste possui diversas vertentes.

Dito isto, interessante é, pois, evocar um entendimento — ainda que breve — acerca deste conceito. Segundo Workman citado por Utz: “[O Medievalismo] é o estudo da Idade Média, a aplicação dos modelos medievais para as necessidades contemporâneas e a inspiração da Idade Média em todas as formas de arte e pensamento” [Workman, 1987. p. 1 apud Utz, 2004]. Desta forma, podemos elencar que parte destes interesses contemporâneos vem da atração que o público em geral possui por este período, a qual pode ser percebida deste a “aplicação dos modelos medievais” em obras construídas pelo cinema, como as já mencionadas, como também através do que Gentry & Müller atribui o nome de “recepção reprodutiva das Idades Médias”, a qual pode ser identificada quando: a forma original dos trabalhos medievais é reconstruída de uma maneira vista como “autêntica‟, como em produções musicais ou renovações (por exemplo, de pinturas e monumentos) [Gentry; Müller, 1991 apud Utz, 2004].

Conforme esta compreensão, podemos observar que no conjunto de obras que integram o universo de Harry Potter, aspectos fortemente ligados à Idade Média podem ser efetivamente identificados; no entanto devido à grande quantidade de componentes medievais presentes na trama produzida pela Warner Bros adaptada dos livros escritos de J.K Rowling, se fez necessário uma seleção dos temas que seriam trabalhados nesse estudo. Doravante iremos trabalhar uma análise de três elementos desta narrativa: os bruxos, o castelo e a magia, evocando perspectivas históricas sobre estes e buscando fornecer possibilidades de análises que possam ser utilizadas no trabalho com o ensino de História Medieval e sua recepção na contemporaneidade.

A Idade Média retratada no cinema ajuda mais a compreender a história contemporânea do que a história medieval, propriamente dita [Macedo, 2006]. Através desse pensamento se faz possível uma conexão com a tese de Marc Ferro [1992], onde o mesmo aborda a “linguagem do cinema” e destaca que a obra cinematográfica deve ser analisada por uma perspectiva crítica não só do filme em si, mas também da sociedade em que o mesmo é produzido, ou a que público ele foi destinado e qual contexto tal público ou sociedade está inserido. No entanto, antes de partimos para essa análise comparativa dos elementos, se faz importante salientar que as obras cinematográficas não tem nenhuma obrigação com a fidedignidade dos fatos, podendo utilizá-los da maneira que melhor se encaixem com a proposta do enredo, esse pensamento é reforçado no trabalho de Oliveira & Freitas Filho: “[...] nem todos os acontecimentos e relatos apresentados nestas obras cinematográficas correspondem a uma abordagem histórica sobre o período apresentado, mas sim às referências do imaginário criado em torno do que nos habituamos a classificar como medieval” [Oliveira & Freitas Filho, 2017].

Sobre Bruxos
Ao analisar os bruxos nos filmes de Harry Potter, procuramos observar como estes eram vistos por aqueles que não detinham a possibilidade de fazer magia (“trouxas”). Durante a série de filmes é possível observar em diversas cenas a ideia dos bruxos como alguém fora do padrão, considerado esquisito e anormal, no entanto não necessariamente ligado às trevas, podemos ver com bastante clareza essa imagem através do convívio de Harry Potter com sua família, já que durante o período que estava afastado da escola ele era impedido de ter qualquer comunicação com o mundo mágico e até mesmo de pronunciar o nome da escola, sem ser censurado por seu Tio Valter, para não mencionar sua “anormalidade” sobre o teto dos Dursleys. Escolhemos uma cena que ilustra de forma bem clara essa ideia de anormalidade e estranheza.


Imagem 1- Harry Potter e a pedra filosofal. Warner Bros. 2001

Nesta cena retirada do primeiro filme da saga: Harry Potter and the Philosopher’s Stone [2001], tia Petúnia compara Harry a sua mãe, chamando Lilian de esquisita e anormal tal qual o pai de Harry, em seguida fala que ele também possuiria essa anormalidade por ser filho de pessoas com essas características.

Ao tratarmos da imagem de bruxas e bruxos construída no imaginário popular da sociedade na Idade Média, é necessário que entendamos o processo de construção, que teve início na própria Era Medieval, mas teve sua consolidação no início da Era Moderna, essa fortificação desse imaginário se deu através da publicação do livro Malleus Maleficarum publicado originalmente em 1487 e escrito pelos inquisidores Kramer e Sprenger. Viana, que escreveu um ensaio sobre a imagem das bruxas nesta obra, mencionou que a demonização da prática é evidente, como podemos observar na citação a seguir:

“Para os inquisidores do século XV, todas as bruxas faziam um pacto com o Diabo, por meio do qual renunciavam à fé católica. Elas se uniam aos demônios em sabats, orgias e rituais de violação dos símbolos da fé cristã. Seres demoníacos eram invocados em orações que misturavam frases cristãs com palavras e gestos profanos ” [Viana, 2013].

Podemos observar que a principal diferença entre a visão apresentada no filme e que é exposta na obra de Kramer e Sprenger é a ligação com o demônio, na produção cinematográfica por mais que os bruxos sejam diferentes de pessoas que não detém a magia, essas não os enxergam como alguém naturalmente ligado ao mal, apenas alguém diferente daquilo que estão habituados e por esse motivo existe o receio na aproximação.

Se faz de extrema importância que haja essa comparação entre a imagem que é passada no filme e a imagem que a sociedade medieval e moderna possuía desses povos, através da utilização do medievalismo é possível apontar as mudanças ocorridas no pensamento sobre diversos aspectos, nesse caso em especial os bruxos.

Sobre Castelos em Harry Potter
O elemento medieval Castelo é abordado nos filmes de Harry Potter como um local de proteção e de realização do inexplicável, ao longo da trama é possível observar em diversos momentos a ideia de proteção envolta no castelo. Por exemplo, em cena no filme Harry Potter and the Chamber of Secrets [2002], o personagem Dumbledore é afastado da escola, mas diz a Harry Potter que não se preocupe porque Hogwarts sempre ajudará a quem a ela recorrer. Não obstante, o castelo ajuda o protagonista quando ele enfrenta o “Basílisco” na “Câmara secreta”.

O castelo é descrito como não localizável, possui inúmeras proteções tanto físicas quanto mágicas já que, na obra, é um local no qual os bruxos podem praticar suas magias. Além disso, ele também concentra em si o inexplicável. Durante os eventos do “Torneio Tribruxo”, que se passam durante o filme Harry Potter and the Goblet of Fire [2005], em pleno “baile dos campeões” Dumbledore conta da existência de um banheiro que apareceu assim que sentiu a necessidade de usá-lo, mas que logo após sair do local não conseguiu encontrá-lo novamente. Esse banheiro é descoberto ser uma sala do castelo que se transforma naquilo que a pessoa deseja, em determinado momento esse ambiente é utilizado pelo personagem Harry como quartel general para a “Armada de Dumbledore”, durante os acontecimentos de Harry Potter and the Order of the Phoenix [2007].


Imagem 2- Harry Potter e a pedra filosofal. Warner Bros, 2001.

Nesta imagem podemos observar a imponência do castelo, desde os primeiros momentos do filme é perceptível a intenção de exibir Hogwarts como um lugar fantástico, o qual expõe uma beleza quase que incontestável, mas que também é uma imensa fortaleza. Durante os filmes, são destacados elementos do castelo que podem ser efetivamente observados, tais como a defesa, a imponência e o inexplicável.

Este monumento característico da Idade Média detinha um papel de extrema importância, sobretudo, no que se refere à relação de poder exercida pela aristocracia. Conforme o historiador medievalista francês Jérôme Baschet: “os castelos são os pontos de ancoragem em torno dos quais se define o poder aristocrático” [2006], desta forma essa construção representa no campo subjetivo o poder que esta classe dominante possuía, na medida que, quão mais fortificado fosse esta construção, mais o senhor que a possuísse estaria a exibir sua capacidade de defender seus vassalos, camponeses e a população em geral que lhe pagasse impostos. Sobretudo, destaquemos que: “O castelo domina, assim, o território, como o senhor domina seus habitantes. Símbolo de pedra ou de madeira, ele manifesta a hegemonia da aristocracia, sua posição dominante e separada no seio da sociedade” [Baschet, 2006].

À vista disto, podemos compreender que os filmes que compõem o universo de Harry Potter, reutilizam este símbolo de poder, proteção e habitação que o castelo exercia. Neste sentido, observamos um tipo de interação com a Idade Média e recepção de um elemento da cultura medieval em um período pós-medieval, o que se encaixa no: “processo contínuo de criação da Idade Média” [Wokman, 1997 apud Porto Junior, 2018]. Neste processo, através de exames das películas em questão, podemos observar metáforas visuais sendo formadas a partir de um elemento característico de determinado período histórico, com o acréscimo do “fantástico” e do “inexplicável” a produção cinematográfica atribui novas significações, as quais podem ser identificadas a partir de análise e identificação.

Portanto, é válido dizer que com o conhecimento histórico serve como base contextual do elemento a ser analisado, com ele o profissional do ensino pode entender melhor as pretensões, bem como as representações que determinada película carrega, afinal: o filme enquanto releitura do passado, pode ser analisado pelo historiador, entendido em seus propósitos e questionado em suas metáforas [Souza Neto, 2019].

Sobre Magia em Harry Potter
Esse foi sem dúvida o aspecto mais difícil de ser analisado, visto que não existe uma definição do que é magia ou feitiçaria na obra de Harry Potter, no entanto através daquilo que nos é mostrado durante os filmes, podemos observar que a magia é demonstrada como um facilitador, tendo inúmeras funções para aqueles que a controlam, desde as mais banais situações como acender uma lâmpada até o reparo de objetos que foram destruídos. Existem também regras com relação a magia, feitiços comuns não podem reparar danos causados por magia das trevas, os detentores da magia não são automaticamente maus, na verdade esses são minorias, e seguem esse caminho não por possuir magia, mas sim por escolher para si o aprofundamento nessa ramificação, são extremamente recriminados dentro da própria comunidade bruxa desenvolvida na obra.

A seguir traremos uma cena, na qual a magia é utilizada para a execução de algo que demandaria certo esforço para ser executado sem o auxílio desse diferencial.


Imagem 3: Harry Potter e o Enigma do Príncipe, 2009.

Na cena acima, que se passa em Harry Potter e o Enigma do Príncipe [2009], Dumbledore se desloca com Harry de uma estação de metrô para uma cidade que está a inúmeros quilômetros de distância em pouquíssimos segundos, através de uma habilidade nomeada “aparatação”, demonstrando a imensa facilidade que a magia proporciona aquelas que a dominam.

Já ao tratarmos do imaginário popular da sociedade medieval a respeito do que eles enxergavam como magia, nós utilizaremos principalmente da visão de Cardini, originalmente intitulada: Magia y brujaria en la media edad y en el renacimiento, segundo sua obra, durante o século XIII a ideia de magia se dividia entre natural ou cerimonial. A visão de magia como algo negativo que perdura até hoje, está diretamente ligada a obras produzidas por Santo Agostinho [Cardini, 1996].
        
No entanto, a construção da igreja como opositora à magia e aos cultos pagãos, demorou a se formar, se deu apenas entre o século nove e o século onze.  Na obra de Carlo Ginzburg por título “Os Andarilhos do Bem” —verdadeiramente um clássico sobre o assunto—, onde ele discorre acerca da feitiçaria e dos cultos agrários nos séculos XVI e XVII, podemos observar um pouco desta aversão da igreja à essas práticas:

“Nas suas instruções aos bispos, Reginone de Prüm (morto em 915) condena, juntamente com várias crenças supersticiosas, as das mulheres que, iludidas pelo diabo, acreditam cavalgar à noite com Diana, deusa dos pagãos, e o seu cortejo de mulheres, em direção a lugares remotos” [Ginzburg, 1988].

Na verdade, a caça da igreja aos praticantes de magia e bruxaria, só teve início após uma grande pressão popular, que fez inúmeras denúncias aos inquisidores, os quais foram obrigados a afastar a ideia de superstição que era propagada. A partir desse momento a imagem das pessoas praticantes de magia ou bruxaria foi automaticamente associada ao diabo e tudo que ele representava.

Como podemos observar, a ideia que se tinha como magia estava majoritariamente ligada ao estudo de eventos naturais e a práticas cerimoniais do que à possibilidade de executar a magia como observamos nos filmes; outra diferença evidente é que a magia no imaginário medieval era obtida através de estudos ou de alianças com forças da natureza, seja ela maligna ou benéfica.

Através disto podemos trabalhar principalmente a ideia de como grande parte da sociedade contemporânea passou a enxergar esse aspecto como algo totalmente irreal, sendo levado completamente para a esfera do fantástico e imaginário, perdendo todo o seu caráter de estudo e cerimonial, tais atos hoje em dia são descritos em sua maioria como seitas ou grupos religiosos e dificilmente relacionados a magia como eram na Idade Média.

Por fim, através do conjunto de significados e imagens produzidos pelo cinema, podemos trabalhar a análise e mediação das diversas camadas discursivas que a narrativa fílmica manifesta e que, vale destacar, podem ser amplamente abordadas através de um conjunto de múltiplas possibilidades, tanto dentro como fora da sala de aula.



Referências
Jônatas José da Silva é discente do curso de Licenciatura em História da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata Norte.
José Natal Souto Maior Neto é discente do curso de Licenciatura em História da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata Norte.

BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal: Do ano Mil à Colonização da América. São Paulo: Globolivros, 2006.
BITTENCOURT, Circe Maria F. Ensino de História: fundamentos e métodos. (Coleção docência em formação. Série ensino fundamental). 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CARDINI, Franco. Magia e bruxaria da idade média e no renascimento. Instituto de História, Universidade de Florença. Itália. Traduzido por Sylvia Leser de Mello, Psicologia USP, v.7, n.1/2, p.9-16, 1996.
FERRO, Marc. O filme, uma contra-análise da sociedade? In: Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.79-115, 1992.
GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p.62
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. Malleus Maleficarum: O Martelo das Feiticeiras. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 2004.
MACEDO, José Rivair. Os estudos medievais no Brasil: tentativa de síntese. Reti Medievali Rivista, 7. 2006
NOIRET, Serge. História pública digital. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 28-51, maio 2015 
OLIVEIRA, Maria Beatriz dos Santos, FILHO, Mario Marcio Felix Freitas. A idade média no cinema: Uma (re)visão do imaginário ocidental. P.143-148, Rio de Janeiro,2017.
PORTO JUNIOR, João Batista da S. AS EXPRESSÕES DO MEDIEVALISMO NO SÉCULO XXI. Anais do Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio:  História e Parcerias. 2018, p. 1-10.
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. Tradução Marcello Lino. São Paulo: Paz e Terra,2010.
SOUZA NETO. O ensino de história e o infinito banco de imagens: Êxodo deuses e reis (2014). Outros Tempos, vol 16.2019, p. 162-183. Disponível em: https://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/view/710 . Acesso em: 04/07/2019.
UTZ, Richard. Medievalismo – Mittelalter – Rezeption – Medievismo – Medievalidade. Online. Tradução: Renan M. Birro. 2004
VIANA, Geysa.  As bruxas no Malleus Maleficarum:  caracteres, práticas e poderes demoníacos. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), 2013.

35 comentários:

  1. Jônatas e José, fiquei intrigada com o excerto do texto de vocês que diz que a caça às bruxas por parte da Igreja se deu devido a uma pressão popular e que automaticamente esses praticantes foram associados ao diabo. Gostaria que vocês explicassem melhor essa afirmação. Digo isso por que o último livro que eu li, intitulado Religião de Declínio da Magia: crenças populares na Inglaterra nos séculos XVI e XVII, o autor Keith Thomas afirma que é só no fim da Idade Média que um novo elemento se soma ao conceito europeu de bruxaria, que se tratava então da noção de pacto com o demônio, e que nesse sentido, a bruxaria tornar-se-ia uma heresia cristã devido a renúncia de Deus e a adesão ao Diabo. Em torno dessa concepção, se concebe a noção de adoração ritual do diabo, implicando no chamado sabá. A igreja católica romana foi o principal agente desse novo conceito, “cujo os intelectuais criaram rapidamente uma ampla literatura de demonologia, esboçando o modo como, segundo se pensava, as bruxas e os adoradores do diabo se comportavam, estabelecendo os procedimentos para denunciá-los e julgá-los”, como o caso do Malleus Maleficarum. A caça às bruxas se consolida, como vocês bem mencionaram, na Idade Moderna. Mas gostaria que vocês explicassem quando dizem que se deu através de uma pressão popular, pois segundo Keith Thomas, a caça as bruxas foi imposta de cima, não tendo base popular. Ele expõe o argumento do professor Rossell Hopp Robins, em sua obra Ensyclopedia of Witchcrafit and demonology de 1959, ao qual defende que o conceito teológico de bruxaria “nunca foi do povo”, mas imposto de cima, pelo papado, no final da idade média. “Os clérigos e os advogados da Inquisição, argumentou ele, fizeram da caça às bruxas um negócio, mediante o uso de tortura e de perguntas direcionadas, extraiam de suas vítimas confissões de demonolatria que eles mesmos haviam inventados” (p. 370). Nesse sentido, a perseguição às bruxas era lançada por clérigos e inquisidores movidos pelos próprios interesses. Ainda segundo o autor, na Europa Continental, a caça às bruxas também foi movida por motivos fiscais, posto que os bens dessas poderiam ir para o senhor, para a inquisição ou pelos funcionários responsáveis pela execução. Agora, já tocante à Inglaterra, a maior parte dos processos, aponta o autor, tinha sim uma base genuinamente popular. Na Inglaterra, o ódio as bruxas não fora inculcados pelos juízes e nem mantido por estes, nem atribuídos às novas doutrinas continentais sobre demonolatria, segundo o autor. Mas sim ao temor popular ao maleficium ( e não da imputação de demonolatria) que proporcionou a força motriz à perseguição contra as bruxas, e não uma campanha imposta do alto. E mesmo quando os tribunais deixaram de julgar a bruxaria, o sentimento popular contra as bruxas continuou, como, segundo o autor, é demonstrado pelos linchamentos periódicos na zona rural.
    Tainá Guanini de Oliveira

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    1. Olá Tainá Guanini.

      Na revisão para adequar o texto ao formato do evento (incluindo o tamanho), algumas ideias podem ter ficado muito enxutas, como essa que você apontou. Seja como for, pensamos em termos de circularidade cultural, conceito bastante difundido no meio acadêmico e trabalhado por autores como Carlo Ginzburg, por exemplo. Afinal, como você pontuou ao usar o escopo de Keith Thomas, o caso inglês foi diferente de alguns casos europeus, partindo "de baixo para cima", o que nos permite entender sob termos de circularidade cultural que a relação de influência mútua entre os indivíduos deve ser considerada. Existem mecanismos de interpretação social que permitem a adesão e/ou incorporação dos ideais das elites e vice-versa, pois bem como trabalha Ginzburg ao comentar a hipótese de Bakhtin, é frutífera a ideia de uma influência recíproca entre a cultura das classes subalternas e a classe dominante (2006. p. 18). Os casos de Cesário de Arles, Burcardo de Worms e, especialmente, o de Estêvão de Bourbon e a curiosa história de São Guinefort ("o santo cão"), fornecem subsídios para esta compreensão diante da discussão que estabelecemos. No entanto, por questão de limitação textual, nos restringimos a fazer uma afirmação generalizante em vez de trabalhar o conceito de circularidade cultural e aplicá-lo neste contexto específico por meio de uma hipótese.

      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  2. O interesse em pesquisar temas relacionados ao período conhecido como Idade Média está cada vez maior, porém, como sabemos, grande parte das fontes escritas possuem caráter fantasioso ou presença de magias e feitiçarias, principalmente em confronto com o cristianismo, nos estudos escandinavos, por exemplo, as magias eram relatadas sob a ótica de valores morais para formar um imaginário social de barbárie, exotismo e macabro nas práticas religiosas nórdicas antigas [LANGER, 2015]. Vale ressaltar, também, que nos estudos sobre o medievo devemos entender que, “Toda imagem é tentativa de revelar um certo modelo, seja psicológico, seja social” [FRANCO JÚNIOR, 2003]. Portanto, precisamos pensar que todo conjunto de ideias, representações e imagens que têm a função de explicitar uma identidade, pertence a um imaginário de uma determinada especificidade histórica e cultural, sendo filmes, livros, pinturas, fontes literárias ou escrituras antigas. Na perspectiva do texto, de como o cinema pode impactar a compreensão histórica, como podemos utilizar histórias fictícias como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, As Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones) e As Brumas de Avalon (Rei Arthur) em aulas de História sem prejudicarmos a concepção de realidade da Idade Média dos alunos?
    Autor da pergunta: Lucas Pinto Soares

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    1. Olá Lucas Pinto

      Prezado, é de suma importância destacar que, querendo o profissional do ensino ou não, os discentes na atualidade possuem um fácil acesso às películas audiovisuais. É possível ao profissional de História desconhecer essa nova realidade e desconsiderar esse patrimônio/desafio que os alunos trazem à sala de aula e que, decerto, irá formatar sua recepção do conteúdo escolar e a decorrente construção do conhecimento? Acreditamos que não (Souza Neto, 2019. p. 164). Ademais, recomendamos que leia novamente o texto, especialmente as sentenças iniciadas com: "Dito isto, devemos destacar que o impacto destas narrativas (...) "; “Diante deste contexto o profissional do ensino deve (...)”; “Se faz de extrema importância que haja essa comparação entre a imagem que é passada no filme e a imagem que a sociedade medieval (...)”. A questão apontada foi tratada.
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  4. Olá, primeiramente, quero dizer que adorei o texto. Gosto muito do universo produzido pela J.K. Rowling, e confesso que estava ansioso para ler seu trabalho.

    Ao ler o texto, uma citação do filósofo Alain de Libera me vem a lembrança, onde ele fala que “A verdade é que a idade média está ao mesmo tempo em toda parte e em nenhuma, e que alguns tornam a entrar nela enquanto outros saem” (LIBERA, 1999).

    Essa busca incessante pelo período medieval em produções contemporâneas, é quase como um fetiche, e usa muitas vezes, de
    forma deturpada as apropriações do medievo.

    É comum atribuir aos povos germânicos o “bárbaro”, o violento e à guerra, principalmente em decorrência do universo fictício em que somos mergulhados em diversos jogos, HQ’s, séries e filmes, que costumam transformar o medievo em uma fantasia heroica, repleta de homens parrudos e seres míticos. A representação física de personagens medievais é, na maioria das vezes, pessoas (ou monstros) usando armaduras e empunhando espadas, dois itens muito valiosos na época, mas é fácil de acharmos que eram super comuns; afinal, todo mundo andava por aí com uma Excalibur, né?

    Diante disso, em seu texto, o final do tópico que fala sobre a ideia das bruxas, me chamou atenção. Em minhas experiências como monitor de História Medieval, em dois anos, uma das coisas mais difíceis que me deparei, é quebrar esses estereótipos que os discentes já trazem consigo, e dentre eles, que a caça as bruxas ocorreu principalmente na idade Média, sendo que sabemos ser a bruxa uma criação moderna. Foi uma ideia sim, germinada nos fins da idade média, mas, amadurecida na modernidade. Como você acha que podemos contribuir para que esses estereótipos não vençam no imaginário dos nossos alunos?

    De: Jefson Bezerra de Azevedo Filho

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    1. Jônatas José da Silva20 de maio de 2020 às 12:59

      Olá Jefson Bezerra, boa pergunta!
      Podemos dizer que em alguns pontos do nosso texto buscamos exatamente destacar a importância do trabalho com a análise e mediação devido a questões como essa apontada por você. O alcance de algumas obras são imensamente maiores do que produções de historiadores, os trabalhos cinematográficos são um bom exemplo disso. Enquanto historiadores precisamos contribuir para uma boa formação da consciência histórica e se acreditarmos em Serge Noiret, temos por dever o trabalho de análise e mediação entre as formas públicas de conhecimento do passado (os filmes incluídos) e o grande público (2015. p. 39). Sobretudo, destaquemos: é de indubitável importância se equipar de ferramentas teórico-metodológicas que efetivamente nos auxilie neste propósito.
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  5. Boa noite Jonatas e José. Como estudante de história e amante dos filmes/livros de Harry Potter parabenizo vcs pela temática do texto.
    Bom, gostaria de saber se vcs já aplicaram esta temática na sala de aula em algum estágio, projeto ne Pibib algo assim, se sim, como foi? E se não, se pensam em aplicar e como sugeririam usar este obejto de estudo na sala de aula.

    Jacqueline Ferreira Dias

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    1. Jônatas José da Silva20 de maio de 2020 às 13:27

      Olá Jacqueline Ferreira.
      Bem, infelizmente ainda não trabalhamos com esta temática em sala de aula. No entanto, para a aplicação em sala de aula recomendamos - devido a duração das obras - pensar sob a perspectiva do historiador Vesentini, segundo o qual os filmes podem ser considerados como textos e, sob essa lógica, podem sofrer recortes sendo dividido em pequenas cenas de maneira a atender interesses de conteúdo (1997. p. 165). Desta forma você pode trabalhar de maneira mais pormenorizada o conjunto de signos produzidos pela obra, suas metáforas visuais e os elementos que podem contribuir de maneira mais efetiva com o seu propósito.
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto

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  6. Boa Noite. Quero parabenizar os autores pelo o esforço e trabalho e um belíssimo texto a respeito da temática de filmes e series relacionados a Idade Media ( época pela qual tenho um apreço profundo) Claro que o filmes nos ajudam a compreender de forma mais ampla e o audiovisual facilita bastante no aprendizado e ensino nas escolas e eu quero saber, sendo professor na área de história como vocês sugerem como processo de avaliação? de forma escrita? um debate?

    Edilson Bernardo de Olivera

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    1. Olá Edilson Bernardo.
      Bem, de início é importante destacar que é extremamente necessário conhecer o contexto da sala de aula. A partir disso acreditamos que você poderá definir melhor qual procedimento trabalhar. No entanto, reconhecendo a escola como um lugar privilegiado para o debate, acreditamos que você possa trabalhar uma discussão aberta entre os discentes e ao final você pode pedir para que os alunos e alunas escrevam comentários sobre a aula, o filme e a discussão gerada. Desta forma é possível balizar as duas possibilidades por você levantada e criar um processo avaliativo que tanto estimule a participação oral dos envolvidos quanto a escrita.
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  7. Olá, gostei de sua produção, misturar cinemática com história é algo que atrai a atenção de diferentes públicos por conseguir ser versátil, principalmente em termos de temporalidade da história. Meu questionamento gira em torno de: assim como no universo de Harry Potter alguns trouxas conheciam o universo da magia e outros desconheciam, assim era, também, no período medieval com a dita bruxaria? Nesse caso, como era o tratamento que as "bruxas" recebiam por pessoas que não compactuavam direta ou indiretamente com a caça as bruxas? E também, com o surgimento da prensa e a disseminação em massa do Malleus, onde essas pessoas mais libertárias conseguiam buscar um refúgio dessa perseguição?

    Grato desde já,
    Lucas Cairê Gonçalves

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  8. Um excelente trabalho! Meus olhos brilharam ao ver Harry Potter como tema de discurssão. Assim como vocês sou um apaixonado pela obra de J.K. Rowling. Pela abordagem feita, é possível associar o olhar de alguns "trouxas" para com os bruxos o mesmo olhar que parte da sociedade tem com as pessoas LGBTQI+ ou aquelas em vulnerabilidade social?

    (Victor Hugo OLiveira da Silva)

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    1. Jônatas José da Silva20 de maio de 2020 às 21:23

      Olá Victor Hugo
      Então… no conjunto de obras que integram o universo de Harry Potter o que notamos é que os "trouxas" possuem uma estranheza proveniente de um medo do desconhecido. Não necessariamente é algo tão fortemente ligado a questões religiosas e/ou culturais como no caso dos LGBTQI+, mas sem dúvidas é algo que os fazem ter, como falamos no texto, um certo receio na aproximação. Sinceramente, não achamos que seja uma boa comparação, trata-se de duas relações com diversas diferenças inclusive no elemento a ser comparado. Seja como for, agradecemos sua pergunta pois ela nos rendeu uma boa reflexão.
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  9. Olá, gostei muito de seu texto tanto pela temática medieval, quando pela comparação com o mundo de harry potter.
    Eu estava pensando em formas de aplicar esta temática em sala de aula, e apesar deste universo ser um dos mais conhecidos que mostram algumas características, pensei não ser talvez apropriado, justamente por transformar em algo tão magico e "impossível", pois confunde, um exemplo que conheço se refere a várias pessoas que vão atrás da pratica desta magia do filme no mundo real, onde a pratica da mesma é completamente diferente.
    Em relação a isto, mesmo sendo algo muito diferente, em sala teria que se tomar muito cuidado com este tema, como futura professora penso na complexidade de criação de uma aula, como você utilizaria deste filme de forma que não confunda ainda mais a quem aprende sobre e saber separar corretamente o que é fantasioso com o que baseado no real?

    Nome:Thainã Soares Castro

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    1. Ola Thainã Soarea, tudo bem com você? Esperamos que sim!
      Entao, tratamos de seu questionamento na resposta a participante por nome Ana Lúcia, recomendamos que você leia. No surgir de uma nova dúvida, sinta-se a vontade em perguntar!
      De: Jônatas Jose da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  11. Olá Jonatas e José, parabenizo pelo belo texto.
    Minha pergunta se refere a apropriação de figuras reais para o mundo de Harry Potter.

    Eu estudo Ana Bolena, segunda esposa de Henrique VIII que no filme "A Pedra Filosofal" tem um retrato seu exposto na Galeria da escola de Margia e Bruxaria de Hogwarts.
    O que nos leva a crer que os filmes de HP utilizam desse imaginário de que Ana foi bruxa, para justificar a exibição de seu retrato nesse cenário

    O que vocês poderiam falar a respeito dessas representações de pessoas que eram acusadas de bruxaria no Medievo (no caso de Ana era suposições, boatos para difamá-la por ter feito o rei romper com o Vaticano para casar com ela), mas nesse mundo cinematográfico como é visto no mundo HP , a "lenda tornar-se verdade".
    Quais as considerações de vocês?

    Como fã da saga, isso muito me empolga saber.

    Marcos de Araújo Oliveira

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    1. Olá Marcos de Araújo
      Em suas obras, J.K Rowling buscou incluir alguns personagens históricos que tivessem envolvimento com os elementos considerados mágicos em seu universo, acreditamos que essa utilização se da na intenção de aproximar a ficção da realidade, como se esses personagens históricos fizessem realmente parte desse mundo, podemos utilizar como exemplo o próprio Nicolau flamel.
      Cordialmente,
      Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  12. Primeiramente parabenizo os autores para o texto, que foi muito bem escrito e muito bem pontuado e fico feliz em achar um texto com essa temática afinal sou fã da saga de livros/filmes de Harry Potter e acho um universo fantástico. Vocês falaram no decorrer do texto sobre como os bruxos são vistos na nossa sociedade perante a nós trouxas e como eles foram perseguidos pela igreja na idade média, e foi ai que os quartos fundadores criaram a escola de magia e feitiçaria de Hogwarts.
    Bem eu gostaria de saber como surgiu a ideia de trabalha com esse tema ? E se pretende trabalhar em algum projeto com base nesse texto ?

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    1. Olá Júlio César, tudo bem? Esperamos que sim!
      A ideia surgiu por questão de afinidade. Juntamos nossas leituras para a construção de nossos respectivos projetos de pesquisa com o gosto pela obra em questão.
      Possuímos um projeto que visa abordar esta obra em sala de aula. Assim que o contexto atual mudar, esperamos ter a oportunidade de aplicá-lo
      Agradecidos por sua participação.
      Cordialmente,
      Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  13. Géssica Cristiane Ferreira Pinto21 de maio de 2020 às 17:44

    Olá! Primeiramente quero parabenizar pela temática do medievo e o universo do Harry Potter, sou muito fã da J.K Rowling.
    Um dos elementos que vocês citaram foi a arquitetura do Castelo e me veio a memória o interior do castelo, no caso os quadros que aparecem no filme também são importantes de se analisar, eu acho que saí um pouco do foco. Mais, digo de apresentar as artes com o período medieval, as vestimentas, cores dos quadros.. A casa dos gritos também seria um tipo de castelo? Visto que os próprios bruxos não se aproximavam com medo,do que tinha lá dentro. E em relação aos bruxos e trouxas esse "bem e mal" até mesmo entre eles(Bruxos) as punições de cometer atos que são contra as leis da magia seria os que praticavam a inquisição (comparativo) como forma de pregar, corrigir e punir os que não obedecem a ordem? Por exemplo, os "curandeiros" utilizavam ervas para curar doentes e eram vistos como coisas do demônio e interrogados, torturados e levados a morte, não estavam seguindo a fé.

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    1. Olá Géssica Cristiane
      Géssica, obrigado pela pergunta. Nao acreditamos ser um castelo pois não possui as características comumente atreladas a este tipo de construção. Seu outro posicionamento e pergunta são interessantes, mas foge do escopo da análise. Preferimos não dar uma resposta sem embasamento. Focaremos nisso noutra ocasião. Obrigado pela ideia! Abraços.
      Atenciosamente,
      Jônata José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  14. Primeiramente quero parabenizar pelo excelente texto com uma temática muito cativante, que chama atenção não somente do público voltado ao estudo da história, mas também o público apaixonado por Harry Potter que é muito vasto. Sou totalmente a favor do uso de mídias ficcionais no ensino da história, principalmente nas fases inicias, onde é mais difícil prender a atenção dos aluno, e compartilho da dificuldade apresentada no texto, principalmente no ensino da Idade Média onde se tem muitas mídias fantasiosas que por se tratarem de ficção não tem um compromisso com a verdade. Então como trabalhar em sala de aula com essas mídias, sem que o aluno confunda história com ficção?
    Larissa Oliveira Melo

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    1. Olá Larissa Oliveira, tudo bem? Esperamos que sim!
      Bem, tratamos sobre seu questionamento ao responder a participante por nome Ana Lúcia, recomendamos que leia nosso posicionamento.
      agradecemos pelo elogio.
      Cordialmente,
      Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  15. Sofia Alves Cândido da Silva21 de maio de 2020 às 18:08

    Olá Jonatas e José.
    Parabéns pelo trabalho.

    Gostaria de saber como vocês indicariam o uso do universo Harry Potter em sala de aula e se vocês aplicaram em algum projeto?
    Faço esta pergunta, pois em sala de aula seria necessário realizar recortes para que pudessemos usar tal universo, já que ele é muito vasto e complexo.

    Sofia Alves Cândido da Silva.

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    1. Olá Sofia Alves
      Bem... Para o uso desta narrativa buscamos em nosso texto fornecer alguns subsídios. No entanto, de modo complementar, recomendamos uma boa definição e recorte do elemento da película que será abordado em sala. Afinal, o filme pode ser considerado como texto e, nessa condição, pode sofrer recortes que atendam a interesse de conteúdo (Vesentini, 1997).
      Infelizmente devido a situação atual não tivemos a oportunidade de aplicar nosso projeto que visa abordar essa obra em sala de aula. Agradecidos pelas perguntas.
      Atenciosamente,
      Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  16. Boa noite Jônatas e José,

    Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo texto incrível que produziram e pela forma com que vocês trataram o período da Idade Media ( que aliás é um dos meus tema de estudo favorito) de forma clara e precisa relacionando ao universo de Harry Potter.
    Ao ler o texto, observei que o tratamento diante das pessoas consideradas bruxas na Idade Média é, na maioria das vezes, diferente do comportamento da sociedade diante dos tais bruxos das histórias de ficção. Entendi a parte de que os roteiristas tem a liberdade de formularem da melhor forma que quiserem o roteiro dos filmes, mas minha preocupação no caso, seria a forma como as pessoas acabam enxergando aquela época de forma equivocada.
    Diante disso, eu como aluna do curso de Licenciatura de História gostaria de saber a melhor forma de usar alguns filmes como materiais de estudos, já que entendo perfeitamente que grande parte dos alunos gostam de fugir das aulas maçantes e paradas por assim dizer. Uma forma com que não distorça a real história. Isso seria possível?

    Alice Rodrigues Feitoza.

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    1. Olá Alice Rodrigues, tudo bem com você? Esperamos que sim!
      Bem... Acreditamos que sim. Para uma melhor compreensão de nossa afirmação recomendamos que leia nossa resposta a participante Ana Lúcia, la tratamos do assunto. Um abraço.
      Cordialmente,
      Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  17. Olá José e Jônatas;
    Visando a obra cinematográfica como material didático, é de suma importância que sejam, absorvidos pelos alunos, os conteúdos específicos do tema trabalhado em sala.
    A obra Harry Potter da escritora J.K. Rowling e da produtora Warner Bros, é uma obra ficcional repleta de contextos os quais podemos abordar em sala, tais como: a busca da
    Imortalidade, busca pela Pedra Filosofal tão perseguida pelos alquimistas, a ganância por
    poder, arquitetura medieval, mitologia quando apresentado os seres que convivem com os, bruxos dentre muitos outros.
    A pergunta que deixo é: como fazer com que os alunos que visualizam a obra, extraiam tais conteúdos e pontos de vista mais profundos do que apenas a adrenalina e a emoção deixada pela película devido a beleza visual gerada pela imersão narrativa?

    Atenciosamente,Ana Caroline Mendes Pessoa

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    1. Olá Ana Caroline
      Bem... Para que isto ocorra acreditamos que o profissional do ensino deva trabalhar uma boa análise e mediação da película . No entanto, acreditamos que trabalhar uma compreensão de como as narrativas fílmicas constroem suas narrativas, seu compromisso com os fatos, etc., é uma questão chave para imergir o aluno num entendimento base para sua análise crítica das obras cinematográficas. Ademais, recomendamos que leia nossa resposta a participante por nome Ana Lúcia, lá deixamos mais do nosso posicionamento sobre o assunto. Esperamos ter ajudado ;)
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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  18. Antes de tudo, parabenizo os autores por trazerem uma temática tão bacana e com referências ao medievo tão significativas. Pois, mesmo sendo fã da franquia, não tinha ligado uma coisa a outra. Por isso,gostei muito como as questões levantadas no texto foram construídas.
    Logo, minha pergunta é sobre como trabalhar com recortes e essas referências disponíveis no texto sem confundir o aluno com a perspectiva de ficção e realidade? E como nesse mesmo sentindo, como lidar com a questão de formação histórica cultural e religiosidade dos nossos alunos?

    Ana Lúcia Malta Nery dos Santos

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    1. Olá Ana Lúcia

      Bem, antes de mais nada é interessante levar para a sala de aula uma abordagem que possa tratar a diferença entre ficcional e real. Além disso, sob nosso entendimento, é interessantíssimo destacar que existem obras que não possuem nenhuma (ou quase nenhuma) ligação com o real e existem aquelas que, conforme Rosenstone (2010), são narrativas que buscam conscientemente recriar a história: filmes históricos. Diante dessa compreensão o profissional pode pensar e estabelecer melhor a obra e os elementos a serem trabalhados. Sobretudo, deve-se ponderar que no caso de películas como Harry Potter, as quais não se encaixam no acervo de filmes históricos, é interessante pensar que: nem todos os elementos apresentados nestas obras cinematográficas correspondem a uma abordagem histórica sobre o período apresentado, mas sim às referências do imaginário criado em torno do que nos habituamos a classificar como medieval. (OLIVEIRA & FREITAS FILHO, 2017, p.143).
      No que se refere a sua segunda pergunta, é indispensável reconhecer o contexto no qual vivemos, onde os discentes são constantemente impactados por um amplo acervo de elementos que fazem parte de sua cultura histórica, diante da proposta do texto pensemos especialmente no que se refere aos filmes. Para que o trabalho com estes elementos do mundo moderno não contribuam negativamente na formação da consciência histórica é necessário trabalhá-los com rigor teórico-metodológico, é necessário entender de maneira mais pormenorizada como mediar estas narrativas do passado. Para isso, recomendamos a leitura de autores que possam te fornecer uma base. Uma checada nas nossas referências bibliográficas pode te ajudar nisto ;)
      De: Jônatas José da Silva e José Natal Souto Maior Neto

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