O CINEMA E O ENSINO DE
HISTÓRIA MEDIEVAL: REFLEXÕES E PROPOSTAS
O desafio de
abordar a temática do ensino de História Medieval relacionada ao cinema nos
leva a discutir, no mínimo, dois conjuntos de problemáticas que constituem o
pano de fundo a partir do qual os parâmetros do debate podem ser delineados. Em
primeiro lugar é necessário tratar da relação entre história e cinema,
abordando a aproximação e as tensões entre essas áreas. A partir disso, podemos
refletir sobre o emprego de filmes no ensino de História, especificamente no
ensino de História Medieval, recorte definido para o diálogo proposto nessa
mesa redonda. Esse artigo irá apresentar o debate básico que envolve essas
problemáticas para, ao final, oferecer dois breves exemplos de como podemos
lidar metodológica e didaticamente com filmes no ensino de História Medieval.
História e cinema
A relação entre
história e cinema é umbilical. Um dos primeiros filmes exibidos, ainda pelos
irmãos Lumière, em 20 de novembro de 1898 foi A execução de Joana d’Arc.
Desde então os
temas, personagens e acontecimentos históricos são transpostos à linguagem
cinematográfica ininterruptamente, em que pese a imensa diversidade de
abordagens, releituras, apropriações e usos do passado das sociedades. Dos
clássicos do “cinema mudo” aos filmes carregados de efeitos especiais, dos
filmes cults aos hollywoodianos, do Cinema Novo à Bollywood, não importa o gênero, estilo ou período: lá estão eles,
os filmes históricos, revelando que a linguagem cinematográfica é uma das
formas mais disseminadas entre os diferentes povos para lidar com a construção
de sua própria memória.
Desde a década de
1970 o trabalho de Marc Ferro vem sendo referência para analisar a relação
entre História e cinema. Esse historiador introduziu um importante debate, não
só por evidenciar e esmiuçar a relação inequívoca e flagrante que os filmes
sempre tiveram com os temas históricos, mas também por alçar o registro
cinematográfico à condição de documento [Ferro, 1992] A partir das discussões
propostas pela chamada “Nova História” essa relação entre História e cinema tem
sido cada vez mais explorada, tornando-se um verdadeiro campo de investigação.
Os debates suscitados por esse autor tocaram em uma questão fundamental
relacionada ao problema da imagem como reflexo ou representação da realidade e
a forma como o historiador deve lidar com a complexidade e particularidade
desse tipo de fonte. Expressões como “realizar uma leitura histórica do filme”
e “realizar uma leitura fílmica da história” [Ferro, 2010] passaram a estar
presentes na maior parte das análises de filmes históricos. Ferro defende que o
historiador deve considerar, em sua análise, “tanto a narrativa quanto o
cenário, a escritura, as relações do filme com aquilo que não é filme: o autor,
a produção, o público, a crítica, o regime de governo. Só assim se pode chegar
à compreensão não apenas da obra, mas também da realidade que ela representa”.
[Ferro, 1992, p. 88].
Entretanto as
discussões posteriores avançaram na direção de uma aproximação cada vez maior
entre os filmes históricos e as tradições historiográficas, como podemos
observar nos trabalhos de autores como Robert Rosenstone [2010], Eduardo
Morettin [2001] e Alcides Freire Ramos [2002]. Essa tendência propõe considerar
o filme “de época” como uma forma legítima de discurso histórico. Isso
significa dizer que ao invés de ser interpretado, exclusivamente, como uma
fonte histórica, tendo mais a dizer do período em que foi lançado e produzido
do que sobre a época que retrata, o filme histórico deve ser considerado como
produtor de conhecimento, que veicula uma interpretação a respeito de eventos
passados, em um diálogo com a historiografia que discute o tema, personagem ou
evento em destaque no filme, ainda que os diretores e roteiristas não sejam
historiadores.
Cinema e ensino de história medieval
O debate a
respeito do potencial pedagógico das imagens, obviamente, vem de longa data. Os
recursos audiovisuais, inclusive, têm sido pensados como ferramentas
pedagógicas no Brasil, desde, pelo menos os anos 20 do século passado. [Pereira
e Silva, 2014]. Há uma farta utilização desses recursos no ensino de História,
em especial dos filmes. Os livros didáticos trazem vários títulos, às vezes
como sugestão ou ainda propondo uma análise e interpretação. No entanto, como
associar as reflexões teóricas à prática em sala de aula? Como conduzir e quais
resultados esperar nessas atividades?
As reflexões
anteriores sobre a relação entre cinema e História podem nos indicar caminhos
profícuos a serem trilhados. A historiadora Vitória Fonseca, que pesquisa nessa
área há muitos anos, traz uma sugestão instigante a esse respeito:
“Na oposição
entre julgar o filme nos seus mínimos detalhes em busca de suas “falhas
históricas” – algo presente numa tradição de análise desse gênero – ou
considerá-lo uma ficção, num sentido quase pejorativo, que pouca relação tem
com o passado, pois tudo não passaria de invenções exóticas de um artista,
proponho um caminho alternativo que venho trilhando, que envolve a exibição de
filmes que tratem temas historiográficos – ou, podemos dizer, os tradicionais
filmes históricos (com critérios de seleção que se equilibrem entre o público,
a qualidade do filme e a intencionalidade do professor) – e a comparação com as
tradições historiográficas às quais o filme faz referência. A essa altura do
campeonato, na qual a cultura visual e virtual está impregnada nas nossas vidas
(professores e alunos), não parece fazer nenhum sentido julgar filmes
históricos a partir do binômio falso/verdadeiro” [Fonseca, 2016, p. 416].
Com o objetivo de
superar esse binômio seria ainda mais importante considerar “efeito do real”
dos filmes, não apenas para detectar as estratégias de simulação de um passado
irrepresentável, mas também para acessar reflexões e debates que estão além do
filme e que podem dialogar com a construção e os usos da memória veiculados em
diversos âmbitos da sociedade, do político ao religioso, os quais se cercam de
símbolos e apropriações de outras temporalidades no intuito de garantir a
legitimidade de seu discurso. É nesse contexto que pretendemos inserir o debate
sobre o uso do cinema no ensino de História Medieval, que, sendo uma área
específica, merece uma reflexão particular.
Toda boa aula de
História Medieval deveria, em minha opinião, começar com a seguinte pergunta:
mas, o que é a Idade Média? Questionar o uso desse termo ou conceito leva os
estudantes a entrarem em contato com uma das premissas mais importantes na
construção do conhecimento histórico, a arbitrariedade das cronologias.
Possibilita que, em primeiro lugar, tenha-se clareza sobre o processo ao mesmo
tempo consciente e contingente que levou o homem moderno europeu, no início do
século XV, a subdividir o tempo da sua história em três eras. Uma “idade
antiga”, base e raiz de uma civilização a ser cultural e politicamente
retomada; uma “idade média”, tenebrosamente caracterizada pelas trevas do
obscurantismo religioso, artístico e político, a ser negada e confrontada; e,
finalmente, uma “idade moderna” vista e sentida como o momento presente, no
qual se abria oportunidade de superação dos males medievais e de reestruturação
dos fundamentos, supostamente superiores, da antiguidade clássica. Ao contrário
do que se pode pensar, levantar esse debate não leva a uma negação da
existência do período medieval, mas o coloca no ponto de partida para qualquer
debate qualificado sobre essa temporalidade. A ideia de Idade Média foi gestada
a partir de preconceitos, em um ambiente social, político, econômico e
culturalmente datados, a partir do qual foi projetada a sombra das contradições
de uma época nos séculos imediatamente anteriores.
O contato com
filmes cujas histórias se passam no período medieval vai ao encontro desse
debate, oportunizando um ambiente amplamente favorável para que sejam
detectadas as inúmeras apropriações, anacronismos e estereótipos associados a
essa época medieval. Mas não é só isso. Enquanto recurso audiovisual, o filme
pode ser muito útil no desenvolvimento de uma série de habilidades e
competências, conforme vimos na discussão anterior. Unir cinema e ensino de
História Medieval é, portanto, uma proposta estimulante que pode ser muito
eficaz se o professor compreender com clareza o potencial que essa ferramenta
tem na construção do conhecimento histórico. O ensino de História Medieval
encontra sua importância exatamente na contribuição que pode dar no processo de
abstração e contato com a alteridade que uma “temporalidade recuada” oferece:
“O que é
relevante nessas temporalidades muito recuadas como a ‘Idade Antiga’ e a ‘Idade
Média’, muito distantes do ‘ser’ e ‘estar’ contemporâneos, não é a busca pelas
permanências ou tradições remanescentes por elas produzidas, mas justamente sua
condição de demonstrar a alteridade extrema que as sociedades humanas
mantiveram e ainda mantêm umas com as outras. Retomamos aqui um dos
ensinamentos de Jörn Rüsen a respeito da formação histórica, “ela amplia a
orientação histórica por recurso a fatos passados que não se encontram
sedimentados nas circunstâncias da vida prática atual. Ela abre o olhar
histórico para uma amplidão temporal em que o presente e a história inserida
nele são relativizados em contraste com outras histórias” [Rüsen, 2007, p.104;
Bovo e Degan, 2017, p.72].
Ao unirmos o
potencial do ensino de História Medieval ao do uso do cinema como recurso
didático, podemos ter resultados que vão muito além de uma mera expectativa de
que o “filme ajude o aluno a compreender como foi aquele período de fato” ou de
que o filme seja exibido “para que todos vejam o quão longe ele está do que
realmente foi vivido pelos homens daquela época”. Em nossa opinião, superar
essa dicotomia é uma das chaves para que a utilização do cinema no ensino de
História Medieval seja capaz de aproximar os estudantes da construção do
conhecimento histórico.
Cinema e Idade Média
O período
medieval vem sendo frequentemente apropriado por vários setores da cultura de
massa, como jogos, séries, novelas e filmes. Referências “medievais” são
associadas a bandas de Heavy Metal e de New Age, jogos de RPG e livros de
ficção, como no caso das flagrantes referências medievais do mundo criado por
J. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis.
Muito do que se pensa sobre a Idade Média é de fato uma construção dos produtos
que atendem a esse mercado que faz do “medieval” mais do que uma temporalidade
histórica, tornando-o uma verdadeira referência comportamental, ora reverenciada,
ora vilipendiada. O cinema, de fato, tem uma enorme contribuição na construção
da imagem da Idade Média ao redor do mundo. No entanto trata-se de uma imagem
um tanto difusa, como bem pontuou José Rivair Macedo: “(...) A Idade Média pode
vir a ser muito mais imprecisa na inspiração de temas (magos, feiticeiros,
dragões, monstros, guerreiros, assaltos a fortalezas) produzidos pelos meios de
comunicação de massa e pela indústria cultural”. [Macedo, 2009, p. 17]
Muitos dos
preconceitos e estereótipos associados à Idade Média vêm de uma dupla
interpretação desse período, a primeira reifica a ideia da “Era das trevas” e
calamidades, e a outra, remanescente do movimento romântico do século XIX,
idealiza essa temporalidade como repositório de todos os princípios morais e
éticos, uma verdadeira era dourada durante a qual a humanidade teria se movido
por valores de solidariedade. No cinema, sem dúvida, essa dicotomia está
presente, por vezes em um mesmo filme que pode oscilar entre cenas que retratam
o devotamento do cavaleiro a seus companheiros e sua dama, a tomadas que fazem
o espectador ter verdadeiro ódio dos “senhores feudais” e da exploração servil.
Um dos exemplos é o filme, ganhador do Oscar, Coração Valente [1995], que traz na figura de William Wallace todas
as virtudes de um verdadeiro guerreiro medieval idealizado: o destemor, a
fidelidade absoluta à sua causa e o heroísmo. Já os ingleses, que antagonizam o
filme, encerram os vícios associados à organização de poder da Idade Média, em
especial os desmandos da nobreza em associação com o domínio da Igreja
Católica. Além disso, esse filme foi um dos responsáveis por disseminar o mito
historiográfico do direito do senhor feudal à primeira noite com a esposa de um
subordinado. Essa suposta instituição apareceu pela primeira vez no filme “O
Senhor da Guerra”, de 1965, sendo a partir de então tomada como verídica e como
mais uma característica tenebrosa do período medieval.
Os filmes que se
passam na Idade Média sofrem influências externas dos romances históricos, do
modelo didático escolar, do romance gótico, das óperas, das pinturas históricas
do século XIX e as pré-rafaelitas, do teatro de marionetes do cinema italiano,
além das interpretações historiográficas do século XX. Além disso alguns temas
são privilegiados :
“Quando se diz
‘Idade Média’, é na feudalidade, na cavalaria, nos castelos fortes e nas
catedrais que a gente pensa espontaneamente. (...) Os séculos ‘bárbaros’,
construíram outro imaginário cinematográfico que veio à moda somente em
períodos bem recentes – desde os anos 1980, aqueles da ascensão da heroic fantasy. Algumas exceções, como os filmes legendários germânicos
dos anos 1920 e os filmes de vikings que conheceram um breve florescimento no
início dos anos 1960” [Amy de la Bretèque, 2015, p.07].
Existem,
portanto, assuntos e personagens mais recorrentes na produção de filmes que se
passam na Idade Média. Mas para ampliar o alcance do debate, os títulos aqui
sugeridos se localizam nos dois extremos do conjunto. A primeira indicação traz
o personagem histórico medieval sobre o qual mais se filmou, Joana d’Arc. A
segunda, apresenta dois ícones da história indiana, pouquíssimo conhecidos,
mesmo entre os historiadores brasileiros, Jodha e Akbar.
Propostas de análise
Joana d’Arc, Luc
Besson. 1999.
É possível
escrever uma história do cinema apenas com os filmes sobre Joana d’Arc, que
somam 34 títulos! O longa dirigido por Luc Besson foi
produzido na França e lançado em 1999. Joana é representada como uma camponesa,
desde sempre muito religiosa, que tem na infância o contato direto com os
horrores da Guerra dos Cem Anos. Ela vê a própria irmã ser morta e estuprada
por soldados ingleses. As visões místicas de Joana são bastante exploradas no
filme, bem como sua crença no caráter divino da missão que deveria cumprir. O
filme narra toda a trajetória da vida pública de Joana d’Arc, desde seu
encontro com o Delfim da França, passando pela libertação da cidade de Orléans,
a coroação do Delfim, como Carlos VII até chegar no julgamento de Joana, sua
condenação e morte na fogueira. A abordagem proposta pelo diretor traz uma
ambiguidade à história dessa personagem, pois no decorrer do enredo, ela passa
a questionar suas visões: seriam realmente verdadeiras? Teriam origem divina ou
satânica? Sua obstinação na luta contra os ingleses viria da obediência a Deus
ou em razão dos horrores vividos na infância?
Joana d’Arc, de Luc Besson, traz uma
heroína bem diferente da tradição cinematográfica anterior. Sua fé e dedicação
à causa ficam evidentes na maior parte do tempo, mas não são raros seus
momentos de dúvida e hesitação em relação à veracidade das suas experiências
místicas, algo que não aparece em nenhum outro filme anterior. Para uma
abordagem em sala de aula, esse título traz inúmeras possibilidades, dentre as
quais gostaria de destacar uma: o processo de construção de um personagem
histórico em um filme. Dentro desse aspecto podem ser trabalhadas as seguintes
questões: quais as fontes históricas para a construção da imagem de Joana
d’Arc? A partir dessas fontes disponíveis, por quais delas o diretor optou na
construção da narrativa? No diálogo com a historiografia joânica, que respostas
o diretor oferece às principais questões sobre o personagem: quando deveria terminar
sua missão? Ela realmente ouvia vozes? Qual o comportamento da nobreza e do rei
Carlos VII em relação à Joana após ela ter sido presa?
Jodha Akbar, Ashutosh Gowariker. 2008.
Como segunda
sugestão trazemos um filme indiano, do premiado diretor Ashutosh Gowariker. A opção por esse filme toca em
um debate essencial no ensino de História Medieval: como abordar os espaços
fora da Europa para esse período? Na última década, os livros didáticos
brasileiros tem dado cada vez mais espaço para a história africana e oriental.
Acreditamos que, a partir da exibição desse filme, pode-se estabelecer um rico
debate a esse respeito, como pretendemos demonstrar a seguir.
Jodhaa-Akbar narra a história do casamento do imperador
Mughal, Akbar com uma princesa Rajput, Jodha. Trata-se de uma aliança política
entre hindus e muçulmanos quando da expansão do império Mughal no
subcontinente, durante o século XVI. A tônica do filme é o romance entre os
protagonistas, a forma como se apaixonam após o casamento, mesmo com todas as
diferenças culturais. No entanto, o filme dá amplo espaço para o debate a
respeito da tolerância religiosa, visto que Akbar sempre permitiu que Jodha
mantivesse seus hábitos e tradições, não tendo obrigado sua esposa à conversão
ao islamismo. Essa, inclusive é a memória do governo de Akbar entre o povo
indiano até hoje, uma vez que esse imperador enveredou esforços não apenas para
construir alianças políticas e
religiosas com líderes cristãos e hindus, como também se cercou de grandes
pensadores do islamismo, do cristianismo e do hinduísmo com o objetivo de criar
uma religião única que abarcasse elementos das três tradições. Nesse sentido,
Jodha- Akbar tornou-se uma ode à luta pela tolerância religiosa na Índia, um
símbolo dos movimentos que vem, desde Mahatma Gandhi, buscando estabelecer uma
convivência harmônica entre hindus e muçulmanos. Ironicamente, nesse mesmo ano
de 2008, aconteceu o mais terrível atentado terrorista em Mumbai, quando um
grupo islâmico agiu em diversos pontos da cidade executando centenas de
indianos e estrangeiros, de diferentes religiões. No ano de 2018 o filme
“Atentado ao hotel Taj Mahal” apresentou um dos mais sangrentos episódios desse
ataque.
Além dessa temática, a exibição e debate sobre esse filme
proporciona o contato dos estudantes com a história da expansão do Império Islâmico na Ásia, tema que pode ser
trabalhado de forma conectada à tradicional Idade Média Ocidental, exatamente
para questionar os pressupostos eurocêntricos e debater outras questões, como o
orientalismo. Além disso, dá a oportunidade de contato com uma linguagem
cinematográfica muito diferente do estilo hollywoodiano, ampliando fortemente
os horizontes culturais dos estudantes.
A partir desses
exemplos esperamos ter evidenciado, minimamente, a diversidade de
possibilidades de debates que podem ser suscitados a partir do uso do cinema no
ensino de História Medieval. Nossa perspectiva foi associar a prática com o
debate teórico apresentado anteriormente, apresentando alternativas que não
tomem o filme apenas como uma tentativa fracassada de retratar um período ou
como um combinado de projeções da época em que foi produzido, mas que proponham
também o “uso do cinema como dispositivo pedagógico e catalisador de
aprendizagens.” [Fonseca, 2016, p. 416]
Referências
Flávia Amaral
realizou pós-doutorado em História pela Unicamp; é doutora em História pela
Universidade de São Paulo e Professora de História Antiga e Medieval na
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
AMY DE LA
BRETÈQUE, François. Le Moyen ge au
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BOVO, Cláudia e
DEGAN, Alex. ‘As temporalidades recuadas e sua contribuição
para a
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Medieval’ . Revista História Hoje, v. 6,
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FERRO, Marc.
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Primeiramente gostaria de parabenizar pela escrita desse trabalho que contribui nas discussões relativas ao uso do cinema enquanto uma fonte histórica e principalmente para o ensino de História no período medieval. Porém, um ponto que você tratou nesse trabalho e que chamou a minha atenção foi o binônimo do falso e do verdadeiro que muitos de nós historiadores consciente ou inconscientemente buscamos quando assistimos a esses filmes históricos. Da mesma maneira que você, eu acredito que devemos deixar de lado essas dicotomias e focar nos interesses que ocasionaram na produção do longa. Desse modo, enquanto professor de História, como podemos fazer uso dessas abordagens em sala de aula, sem perder de vista os aspectos históricos do período, além dos gestos e símbolos que simbolizam a influência da época e o lugar espacial que foi produzido o filme?
ResponderExcluirRonyone de Araújo Jeronimo
Bom dia Ronyone, obrigada pela questão!
ExcluirO aspecto histórico nunca deve ser negligenciado. A reflexão que apresento aqui tem o objetivo de flexibilizar o binômio verdade/mentira, mas de nenhuma maneira esvaziar a discussão sobre as referências históricas do filme e levar o aluno a ter contato com a produção do conhecimento histórico. Tomando como exemplo o filme "Joana d'Arc", de Luc Besson. A reconstituição histórica dos ambientes e das batalhas é primorosa e contou com a acessoria de um dos maiores especialistas do mundo, sobre Joana d'Arc, o medievalista Olivier Bouzy. A dica que daria para todo professor é conhecer bastante o filme que vai apresentar, dessa forma as possibilidades de abordagem se tornam múltiplas!
Bom dia, primeiramente gostaria de parabenizar pelo belíssimo texto!
ResponderExcluirAo fim, a senhora dá duas sugestões de filmes para analisarmos em sala. Existem outros títulos que a senhora poderia sugerir que abordem a temática medieval?
Mais uma vez parabéns pelo texto,
Emilly Layane de Sá Lima
Bom dia Emilly, obrigada pela questão! Vou destacar alguns títulos, mas é importante atentar para as classificações de faixa etária.
Excluir- Coração Valente
- O nome da Rosa
- Excalibur
-Hobin Hood
- As Cruzadas
- Henrique V
- O Sétimo selo
- O incrível exército de Brancaleone
O que você acha da utilização de materiais romancistas da Idade Média para fins de ensino, como por exemplo Dom Quixote e o filme Coração Valente?
ResponderExcluirWillames Nunes da Silva
Bom dia Will, obrigada pela questão.
ExcluirAcho uma ótima ideia, porém a obra Dom Quixote não faz parte da literatura medieval, pois possui uma estrutura narrativa e reflexões de características distintas. Mas a ideia de utilizar romances de cavalaria medievais, fazendo um paralelo com os filmes é excelente e enriquecedor. Abraço.
Como podemos utilizar filmes para séries iniciais como 6°e 7° anos??
ResponderExcluirJanaína Maria Baruffi
Bom dia Janaína, obrigada pela questão!
ExcluirÉ sempre importante estar atenta à classificação indicativa de filme, em primeiro lugar.
Independente da idade é possível levar os alunos a refletirem sobre a construção dos personagens históricos, em especial, os heróis e guerreiros que são mais acessíveis a essa faixa etária.
Também é possível utilizar partes do filme, escolhidas pelo próprio professor e trabalhá-las especificamente.
Abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ de fato um excelente texto. Quando aborda as fontes utilizadas para a produção de filmes medievais, não seria ideal que no fim do filme os produtores referenciassem os materiais que eles usaram como base para produzir as filmagens? assim, quem assiste poderia se aprofundar mais na temática dos filmes medievais pelas fontes que foram utilizadas.
ResponderExcluirJackiely de Lima Feitosa
Bom dia Jackiely,
Excluirobrigada pela questão!
De fato, essa informação é importante. Por isso, acredito ser fundamental que o professor conheça bem os filmes e os detalhes técnicos antes de exibi-lo. Geralmente essas referências se encontram no final do filme, podendo ser encontradas naquelas letrinhas, dos créditos. No caso do filme "O nome da Rosa", por exemplo, tendo paciência, é possível encontrar o nome do historiador Jacques Le Goff como consultor! Abraço!
Primeiramente parabéns pelo texto. A Idade Média é um período histórico recheado de preconceitos, isso é evidentemente observado por ser tratada comumente como Idade das Trevas. A proposta do uso do cinema no ensino de História Medieval é muito atrativa, tendo isso em mente, não me ficou claro como usar esta ferramenta sem reforçar todos esses preconceitos nos alunos, especialmente os do ensino fundamental, visto que a grande maioria das representações cinematográficas retorção essa idéia de Idade das Trevas, tratam principalmente da questão religiosa como feitiçaria e etc, quando na verdade o próprio paganismo exerceu influência em práticas exercidas pelo cristianismo na época. Essa demonização do paganismo nos filmes, não estariam justificando mesmo que não intencionalmente as ações da Igreja com relação ao mesmo na Idade Média? é algo a se pensar.
ResponderExcluirAntonio Donizete Rodrigues de Deus Junior.
Bom dia Antônio,
Excluirobrigada pela questão! De fato, esse é um grande desafio. Mas a ideia é exatamente confrontar esses estereótipos com dados da história e fomentar o debate. Mas do que fazer os alunos chegarem à conclusão X ou Y, é importante despertar o posicionamento crítico. Abraço!
BOA TARDE!! EXCELENTE TEXTO.
ResponderExcluirQUAIS OS CUIDADOS QUE O PROFESSOR DEVE TER AO SELECIONAR UM FILME PARA SER EXIBIDO AOS ALUNOS QUE FALA SOBRE A IDADE MÉDIA?
DARLAN MÉLO
Bom dia Darlan!
Excluirimportante questão! Em primeiro lugar, é importante verificar a classificação indicativa de faixa etária. É preciso também conhecer a turma e fazer a escolha baseada no perfil dos alunos e do conteúdo que está sendo trabalhado. Além disso, é imprescindível que o professor conheça bem o filme! abraço
Flavia, obrigado pelas respostas!!Tava ainda um pouco temeroso em usar filmes sobre a Idade Média!! Mas com sua acuidade nesse tipo d emetodologia, esse medo foi abolido!!!
ExcluirDARLAN MÉLO
Que ótimo Darlan! fico feliz!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, gostei muito do texto. Gostaria de saber a sua opinião sobre a representação negativa da Igreja no período medieval, com particular destaque ao papel da Inquisição, presente em filmes como "O Nome da Rosa". Conheço análises que apontam uma determinada tradição historiográfica que foi seguida na construção da imagem da Inquisição presente nesse filme e em seu livro homônimo, de Umberto Eco. Portanto, como filmes desse gênero poderiam ser usados em sala de aula para indicar ao aluno a construção dessa imagem estereotipada da Inquisição na Baixa Idade Média?
ResponderExcluirObrigado.
Daniel Roberto Duarte Granetto.
Boa tarde, Daniel! obrigada pela pergunta! Acredito que o trabalho comparativo seja extremamente útil nesse caso. "Passar o filme para a turma", não seria apenas a atividade de uma aula. Podem ser utilizados textos, trechos de outros filmes, etc, exatamente para que não haja uma visão única e para que, a partir do filme, esse estereótipo possa ser destrinchado. Abraço!
ExcluirBom primeiramente parabéns pelo texto achei excelente e muito bem estruturado, você que como em caso de alguns filmes a imaginação, em parte, acaba tirando um pouco o foco da história e do que ela retrata ? Como um exemplo nas crónicas de gelo e fogo de George.R.R Martim, que se passa na idade média, mas contém uma boa dose de fantasia.
ResponderExcluirBom dia, Júlio César! ótima pergunta. Acredito que o elemento 'fantasia' é um dos aspectos mais associados ao período medieval que serve como uma espécie de bálsamo com o qual o homem contemporâneo busca aliviar suas dores existenciais. Então, nesse caso, até mesmo esse elemento da fantasia pode ser trabalhada nessa perspectiva. Por exemplo: quais são os símbolos? Por que são utilizados? que sentido fazem nessa cena? esse símbolo, de fato, tem alguma relação com o período medieval? Abraço e obrigada
ExcluirOlá, gostaria de saber a sua opinião sobre a metodologia utiliza por alguns professores que consistem em somente expor o filme e realizar atividades voltadas somente sobre informação técnicas sobre ele, sem estimular o aluno a construir sua própria opinião sobre a temática.
ResponderExcluirRaabe Salim da Silva Costa
Bom dia Salim! Acredito que não seja uma metodologia adequada quando se buscam resultados mais eficazes. Tudo depende do objetivo que o professor quer alcançar com aquela exibição. Abraço!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirProfessora Flávia, muito obrigada pela discussão do texto! Está excelente!! Um dos pontos interessantes que você apresenta é a ideia de que a análise de um filme ultrapassa a dicotomia entre certo e errado e, pelo contrário, deveria ser investigado a partir da relação entre as fontes históricas ou a historiografia. Mas, na maioria das vezes, isso não ocorre. Muitos professores inserem filmes históricos no ambiente escolar e acreditam que com essa simples atitude ministraram uma aula. E o que poderia ter sido uma experiência de aprendizado coerente e rica, pode se transformar em um instrumento de reforço de estereótipos e preconceitos, capaz de desvalorizar a própria História. Nesse sentido, entendo que a utilização do filme por si só não é eficaz. A figura do professor é importante para a aprendizagem do aluno, seja para reorientar ou fornecer instrumentos para uma maior autonomia no pensamento. Não tenho nenhuma dúvida com relação ao texto, apenas gostaria que você falasse um pouco mais a respeito do que comentei. Abraços!
ResponderExcluirKarolina Santos da Rocha.
Bom dia Karolina, obrigada pelo seu comentário! Concordo totalmente com o que você disse. Entendo que a experiência com o filme histórico não se limita à exibição. Tudo deve ser trabalhado em uma perspectiva continuada com discussões e atividades, antes e depois do contato dos alunos com o filme. E essas discussões, como coloquei no texto, não se limitam ao filme; ele é apenas uma ponte na construção e entendimento do conhecimento histórico pelos alunos. Abraço e obrigada!
ExcluirOlá, ótimo texto. Sabemos que o cinema e o ensino da história é imprescindível para a disseminação do conhecimento histórico, mas o que fazer quando os acontecimentos medievais cinematográficos não verídicos em sua totalidade, dentre eles o “direito do senhor feudal à primeira noite com a esposa de um subordinado” citado no texto, começam a se tornar verdadeiro pelo julgamento da sociedade, e a mesma dissemina esses eventos que não condizem com a Idade Média?
ResponderExcluirAmanda Cristina Almeida Ramos Correia
Bom dia Amanda! Na verdade não temos como reivindicar um controle sobre as obras cinematográficas, que são abertas e completamente livres para expressar e criar. Em minha opinião, podemos e devemos esclarecer nos nossos espaços de atuação, mas não como forma de condenar os diretores ou roteiristas, mas para provocar a discussão sobre a construção do conhecimento histórico em geral e dos preconceitos associados ao período medieval, em particular! Abraço!
ExcluirÓtimo texto!!!
ResponderExcluirMinha pergunta refere-se aos moldes de aproximação do ensino de história com a realidade atual dos alunos em sala de aula e da sociedade. Parece que a nós historiadores sempre são impostas perguntas cuja respostas devem interferir imediatamente a alguma problemática atual da sociedade. Caso contrário a disciplina é em grandes casos vista como irrelevante.
Pergunta: Seria, portanto, o ensino de história medieval com o auxílio da ferramenta cinematográfica capaz de romper com essa visão limitada a qual impõe sempre respostas imediatas e "tecnicistas" aos historiadores? Seria essa ferramenta pedagógica capaz de aproximar o aluno a uma temporalidade longínqua e fazê-lo tomar interesse por ela?
Bom dia Kayo! obrigada pela questão!
ExcluirCertamente! Lembrando que o universo medieval não está tão distante de muitos alunos que tem referências de jogos e séries que trazem elementos do mundo medieval. Meu filho de 5 anos, por exemplo. Ele não sabe ler, nunca viu um filme adulto que se passa na Idade Média. Mas com seus brinquedos, desenhos e filmes infantis já sabe o que é castelo, cavaleiro e viking! Partir desse universo do aluno também é uma boa estratégia! abraço!
Excelente texto! O ponto alto é a menção e sugestão de filmes produzidos em contextos não ocidentais e situando a idade média fora da Europa. Minha questão é a seguinte: considerar o filme histórico na mesma ordem da historiografia produzida pelos historiadores não seria perverter o trabalho do historiador e por em cheque a produção pautada em parâmetros científicos? Raimunda Conceição Sodré
ResponderExcluirBom dia Raimunda, ótima questão! Acredito que não se trata de colocar o filme no mesmo patamar da historiografia, mas considerá-lo como uma fonte histórica. E como toda fonte histórica tem suas particularidades, a do filme é o grande poder de alcance e diálogo com o conhecimento histórico. Isso não quer dizer que iremos dar ao filme o status de obra científica. Cinema é arte e o fato de considerarmos sua dimensão pedagógica não implica em uma substituição! Mas enfim, sua questão daria um outro artigo! Abraço e obrigada!
ExcluirProfessora Flávia, excelente texto. Um dos pontos importantes no ensino de História é a contextualização, a senhora já deu uma luz a essa questão no texto, mas gostaria de saber mais quais estratégias seriam utilizadas pelo professor, em uma aula de História, ao passar um filme sobre a temática medieval; como despertar nos alunos a discussão e sobre o contexto do filme, como incentivar os discentes a analisar o filme exposto, como fazer a aula "ir além" do filme e não ficar tão somente na exposição do audiovisual ?
ResponderExcluirMatheus Felipe Araujo Souza
Bom dia Matheus! Acredito que, em primeiro lugar, deve haver um planejamento cuidadoso do professor que deve conhecer bem o filme depois de fazer uma escolha adequada à faixa etária e ao perfil da turma. Muitos alunos já tem referências do mundo medieval difundidos por jogos eletrônicos e série. Partir da referência deles é uma ideia. Pode-se fazer uma consulta ao grupo antes de dar início às atividades de modo a conhecer as referências prévias que eles possuem do período medieval como vikings, cavaleiros, castelos e etc. Abraço!
ExcluirBom dia! Parabéns pelo texto, super bem escrito e uma temática incrível!
ResponderExcluirAcho muito interessante o uso de produções cinematográficas como ferramenta de ensino. Como já foi pontuado no texto, o papel do filme deve ser suscitar debates, e não apenas focar no binômino verdadeiroxfalso. Teria algumas dicas para não cair nesta armadilha? principalmente ao falar sobre representações (igreja, ordens de cavaleiros, senhores feudais)? E como realizar esse debate com alunos dos anos finais do ensino fundamental?
Att, Nycole Schmitt Andrade
Boa tarde Nycole!
ExcluirA ideia é trabalhar tanto os personagens históricos, quanto as instituições de modo a pensar a forma como o filme os apresenta. Vou dar um exemplo. No caso dos cavaleiros, é importante que o professor tenha um conhecimento prévio do assunto, para instigá-los a questionar: como aqueles homens são representados no filme? quais os valores associados a eles? por que são retratados de determinada maneira? por que faz sentido, em nossa época, trazer essa temática em um filme? Essas questões podem ser adaptadas a várias temáticas. Abraço!
Parabéns pelo texto, oferece uma boa partida para mais discussões sobre a utilização do cinema como ferramenta pedagógica. Gostaria de levantar um questionamento especificamente no senário do ensino público. Onde vemos a falta de recursos, como por exemplo, projetores e internet, e onde há uma boa parte de discentes que não possuem recursos disponíveis para acessarem mídias do audiovisual.
ResponderExcluirDiante desse senário quais seriam os caminhos viáveis para o professor driblar essas adversidades e conseguir trabalhar o audiovisual com seus alunos?
JOÃO VICTOR ROCHA DE LIMA.
Boa tarde João! Sua questão é muito pertinente. Sabemos das grandes mazelas do ensino público no Brasil e da falta de estrutura para realizar nossos projetos. Diante disso as práticas e a metodologia devem ser flexibilizadas. Uma ideia é transformar a exibição dos filmes em uma programação mais ampla que, inclusive, envolva os pais e a comunidade escolar. Dessa forma fica mais fácil realizar parcerias e conseguir os equipamentos. Daí vale um convênio com associações de bairro, por exemplo. Pode-se fazer um pequeno festival de cinema, com apoio e patrocínio de pequenos empreendedores do entorno escolar. O(s) professor(es) podem mediar os debates e, em sala de aula, continuar a trabalhar as temáticas. Abraço!
ExcluirParabéns pelo texto! Fico satisfeito com os apontamentos produzidos sobre a temática. Ademais, as referências bibliográficas utilizadas no presente trabalho, não são estranhas a mim. destaco aqui em especial o livro "Cinema e História" de Marc Ferro, a qual já tive contato, além do filme Coração Valente (1995).
ResponderExcluirDeste modo, a partir do atual cenário educacional brasileiro (como já comentado anteriormente), com suas deficiências pedagógicas, falta de estrutura escolar e escasso material audiovisual em sala. Marc Ferro aponta que a linguagem cinematográfica é um expoente significativo na representação de uma sociedade e de determinadas épocas humanas. Desse modo, entendendo a produção fílmica como documento histórico e consequentemente ferramenta de ensino,como desenvolver no aluno passivo a esses complexos sistemas historiográficos, encontrados por trás de uma grande produção cinematográfica, tendo em vista que em primeiro plano o aluno visualiza aquelas cenas apenas como uma atividade de lazer, à um telespectador ativo, que compreende e relaciona historicamente o filme, colocando em seu contexto de produção e exibição, sem que com isso, o professor ao debater em sala sobre o filme, acabe por "cair" na problemática da generalização do tema em questão.
Ítalo Bezerra Oliveira.
Boa tarde!
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo texto e excelente proposta didática.
Seria necessário deixar claro a priori as estratégias de utilização de um filme sobre história medieval (ou mesmo outro período histórico) aos estudantes? Isso ampliaria as possibilidades de análise que os alunos fariam do filme?
João Felix da Silveira Neto
Boa tarde João! Acredito que sim! Mas como tudo em ensino, vai da experiência com cada turma. Os resultados podem ser diferentes de acordo com o perfil dos alunos. Mas na minha opinião, quanto mais esclarecimentos prévios a respeito das atividades, melhores serão os resultados. Abraço!
ExcluirBoa noite. Parabéns pelo texto, proposta didática muito interessante.
ResponderExcluirEm que medida a obra, História e Cinema de Marc Ferrô e as proposições que ele traz sobre esse flerte entre escrito e visual auxiliam a pensar nessa temática proposta.
Assinatura: Jhonathan William Heckler.
Boa tarde Jhonathan! Em um dos parágrafos do texto, comento sobre as contribuições dessa obra:
Excluir"Os debates suscitados por esse autor tocaram em uma questão fundamental relacionada ao problema da imagem como reflexo ou representação da realidade e a forma como o historiador deve lidar com a complexidade e particularidade desse tipo de fonte. Expressões como “realizar uma leitura histórica do filme” e “realizar uma leitura fílmica da história” [Ferro, 2010] passaram a estar presentes na maior parte das análises de filmes históricos. Ferro defende que o historiador deve considerar, em sua análise, “tanto a narrativa quanto o cenário, a escritura, as relações do filme com aquilo que não é filme: o autor, a produção, o público, a crítica, o regime de governo. Só assim se pode chegar à compreensão não apenas da obra, mas também da realidade que ela representa”. [Ferro, 1992, p. 88]." Abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite, gostaria de agradecer pelo texto. Como professor de História para o ensino médio, vejo que filmes são sempre bem-vindos. Com a experiência que adquirir na exibição de filmes constatei que os alunos não gostam dos filmes mais antigos (refiro-me ao ano de produção), então procuro esses mais atuais, como por exemplo "Cruzada" ou "Coração de cavaleiro". Mesmo assim, sendo a Idade Média tendo um período temporal estabelecido de mil anos, em um só filme não podemos abranger todas as características da Idade Média, cada filme foca em alguns aspectos, cabe o professor decidir que aspecto será abordado por uma experiência fílmica. A minha pergunta é a seguinte: Em tempos de BNCC, em que as cargas horárias para história estão drasticamente reduzidos pela metade e a demanda de tempo requer dar conta de conteúdos ainda é válido exibir filme integral ou partes? Como compatibilizar esses horários reduzidos? Ficaremos a passar um filme durante toda uma semana em horários fraturados? Como convencer um coordenador pedagógico a aceitar uma sessão pipoca em que outros professores cedam seus horários para exibição de um longa de horas? E por fim, cineclubismo em horário alternativo seria uma saída? Coloco as questões mais por provocação, por viver as dificuldades de se exibir um filme numa escola pública. Agradeço pelo belo texto.
ResponderExcluirAntonio Marcos de Almeida Ribeiro
macribial@yahoo.com.br
Boa tarde Antônio! Suas questões são muito pertinentes!
ExcluirDe fato a realidade do ensino de História requer adaptações. Dei aulas no Ensino Fundamental e Médio por 9 anos e trabalhava com o seguinte critério: não será possível abarcar tudo o que eu gostaria, portanto terei de fazer escolhas. Ao escolher exibir um filme, o professor deverá abrir mão de alguma coisa. Seja do tempo de aula, seja abrir mão de exibir o filme inteiro e por aí vai. Muito me agrada a ideia de um pequeno festival de cinema nas escolas, é uma forma de envolver a comunidade escolar e possibilita um trabalho continuado em sala de aula, posteriormente. Enfim, há que se haver escolhas e adaptações! Abraço!
Primeiramente parabéns pelo trabalho, é um texto muito interessante, informativo e de fácil compreensão. Quando se aborda sobre o cinema que é um assunto muito curioso,quais seriam as possíveis atividades para serem trabalhadas com relação aos filmes de medieval no ensino fundamental?
ResponderExcluirCarla Cristina de Jesus Raposo
Boa tarde Carla! acho bem interessante partir do universo dos alunos, das referência que eles já tem do período medieval. Uma ideia é trabalhar com os cavaleiros, algo que está muito presente em jogos e séries. é importante que o professor tenha um conhecimento prévio do assunto, para instigá-los a questionar: como aqueles homens são representados no filme? quais os valores associados a eles? por que são retratados de determinada maneira? por que faz sentido, em nossa época, trazer essa temática em um filme? Essas questões podem ser adaptadas a várias temáticas. Isso pode ser trabalhado em debates e até em uma encenação de trechos do filme. Abraço!
ExcluirOlá Flávia.Seu texto é bastante interessante.Particularmente,eu adoro filmes de época e principalmente os medievais.Quando você citou "Coração Valente", conquistou ainda mais a minha atenção.Isso foi ótimo,pois você citou coisas que eu ainda não havia me atentado,dentre elas "Questionar os pressupostos eurocêntricos dos filmes medievais","O contato com o outro lado da história medieval","A veracidade das fontes históricas consultadas para a construção dos personagens e da própria história" dentre outros pontos. Com certeza o trabalho com filmes,jogos e séries contribui bastante para o ensino de História Medieval,mas,a minha dúvida é a seguinte: Mesmo com a quantidade de materiais disponíveis para pesquisas,ainda assim,muitos fatos históricos ainda geram dúvidas ou ficam sem resposta.Como fazer para sanar esta situação?
ResponderExcluirBoa tarde Cássia! Nesse caso a dúvida ou lacuna pode também ser objeto de análise e debate. Pode-se oferecer aos alunos a oportunidade de refletir sobre essas ausências e até mesmo realizar um trabalho de historiador, criando hipóteses para essas questões. Afinal, o nosso objetivo é que o estudante sinta-se parte do processo da construção do conhecimento histórico que não é feito apenas de "certezas"!
ExcluirAbraço!
Flávia, saudações
ResponderExcluirInicialmente, queria te parabenizar pelo excelente texto. Gostei muito das relações e problemáticas levantadas em torno do ensino de história e duas suas perspectivadas junto ao cinema.
A questão que trago envolve também o universos dos jogos, cada vez mais elaborados graficamente e historicamente. Ao assistir o filme "Cruzada" e executar o jogo "Medieval II: Total War", encontrei uma possível ligação em torno da utilização das armas de cercos e das táticas de combate utilizadas para o ataque aos inimigos ou manutenção de cidades e castelos, além de outros mecanismos (como o inicio das cruzadas, a expansão comercial e a relação cristianismo x paganismo). No contexto de uma aula, esses fatos poderiam constituir uma abordagem minimamente satisfatória sobre a perspectiva das guerras?
Nilton Gabriel dos Santos Vasconcelos
Boa tarde Nilton! Certamente! Ao responder às questões acima citei a forma como o trabalho com jogos pode ser associado à exibição de filmes que tratem do período medieval. Na verdade, não se trata simplesmente de "passar um filme" para a turma, mas de realizar um trabalho que envolva o aluno e o faça ter contato com a construção do conhecimento histórico. E esse trabalho pode e deve ser associado a outros suportes para a realização de um trabalho continuado e que tenha um efeito mais duradouro na formação dos alunos. Abraço!
ExcluirOlá Flavia, ótimo texto, parabéns! Gostei principalmente do foco em como abordar os espaços fora da Europa para esse período, é realmente um ponto inesgotável mas que pouco explorado, o cinema apresenta um rico e diverso repertório para abordar tal tema. Neste sentido, que tipo de atividades metodológicas você propõe após a exibição do filme, e qual delas consegue o melhor resultado para potencializar a mensagem e ensino?
ResponderExcluirAtt,
Suzi De Andrade Leite
Boa tarde Suzi, tudo vai depender do perfil da turma e da faixa etária dos alunos. As atividades podem variar, desde um jogo no estilo "passa ou repassa" ou até a escolha de cenas do filme para os alunos representarem. O quanto mais envolvente for a atividade, melhor! Abraço!
ExcluirOlá, Flávia. Ótimo trabalho, parabéns!
ResponderExcluirNo seu trabalho temos uma ótima reflexão acerca da importância do ensino do medievo através de filmes. Grande parte desses filmes são provenientes de adaptações literárias, e os grandes sucessos vem de ficções. Meu questionamento, que seria mais uma opinião sua, como podemos legitimar e traçar paralelos com a realidade em obras como Senhor dos Anéis, ou até mesmo, o seriado Game of Thrones. Afinal, ainda que sejam obras que contam com dragões e gigantes, por exemplo, há uma semelhança no que tange a estrutura hierárquica e papeis na sociedade medieval.
Ana Carolina Gregol de Barros
Boa tarde Ana! Sua questão é muito pertinente. Há de fato, menções difusas e esparsas ao medievo nessas obras. Gosto de trabalhar na perspectiva de levar os alunos a refletirem sobre essas referências, qual a função delas na obra, de que modo fortalece a narrativa. Em o Senhor dos Anéis, por exemplo, A sociedade do Anel é criada e estruturada de acordo com os ideais da cavalaria medieval. Pode-se questionar: porque Tolkien escolheu os valores cavaleirescos ao criar daquele grupo? Qual a função desses valores na narrativa?
ExcluirAbraço!
Boa noite! É, de fato, um ótimo texto.
ResponderExcluirSabendo que ao exibir um filme o professor torna a aula mais didática e que os livros didáticos sugerem filmes sobre as temáticas a qual na maioria das vezes ajudam o professor a explicar e esclarecer sobre o assunto apresentado. Gostaria de saber como podemos trabalhar em sala de aula um filme sobre determinado acontecimento da Idade Média, que for somente plano de fundo sobre o assunto? E quando esse filme apresentado em sala ou até mesmo assistido pelo aluno em casa, de certa forma, distorcer o real sentido da história e do conteúdo criando um “imaginário” sobre o período, como proceder?
Jady Emanuely Amorim Ferreira
Boa tarde Jady! O cuidado com a exibição do filme, deve começar bem antes, no planejamento do professor. É necessário que o professor conheça bem o filme e o analise criticamente antes de decidir exibir para a turma. A partir disso, tudo aquilo que for considerado como incongruência, anacronismo, estereótipo deve ser trabalhado pormenorizadamente com a turma. Temos um clássico exemplo, no filme Coração de Cavaleiro: qual o objetivo do diretor com as várias referências ao mundo contemporâneo? Por que abrir o torneio com uma música do Queen, colocar a marca da Nike na armadura? É tão somente anacronismo ou revela alguma crítica? Creio que estas questões ajudam a sair da dicotomia verdadeiro x falso e a oferecer aos alunos ferramentas para uma melhor compreensão da arte cinematográfica. Abraço!
ExcluirParabéns pelo texto. Essa imersão proposta da utilização do cinema em sala de aula é muito pertinente, principalmente nos dias de hoje. O áudio visual hoje é uma realidade para todos, inclusive com o impulso da internet. Claro que exige de nos professores um analise bem mais apurada e temáticas de utilização em sala mais sucintas, pois sabemos que o tempo em sala nos é diminuído cada. Então driblarmos essas dificuldades e levar essas interpretações de forma concisa e que seja maximizada em sala, tirando proveito desse consumo comum da grande maioria da população?
ResponderExcluirBRUNNO RICELLY CLARES NOGUEIRA
Boa tarde, Bruno!
Excluirsim, creio que tudo deve ser adaptado à realidade da comunidade escolar. A metodologia deve ser flexibilizada em cada caso e creio que a escolha de trechos de filmes também é valida! Pode-se também pedir um trabalho em que cada grupo de 5 alunos assistam um filme diferente e tragam as reflexões para a turma. Abraço!
Fabiana Lobato boa noite gostei muito do artigo mas quando se retrata de cinema nós sabemos que a história sempre andou com o cinema quando se fala na sala de aula sobre filme de época o aluno já sabe que o filme é chato mas se for criança de 6ano mas quando falamos de filme de criança de época eles começam querer assistir porque chamou atenção. Minha pergunta é fosso fazer um dia de cinema na minha aula ficar mais interessante pra criancas de 6 7 8 ano pra aula ficar mais satisfatória? Fabiana Lobato
ResponderExcluirBoa tarde Fabiana! Claro que sim! Uma ideia para aproximar os alunos da temática do filme é partir das próprias referências que eles possam ter. Os castelos, os cavaleiros, os reis, tudo pode ser um ponto para despertar o senso crítico dos alunos diante dos filmes!
ExcluirAbraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite primeiramente Parabéns, nunca havia pensado em trabalhar esses filmes que você citou nesse contexto , excelente trabalho que contribui bastante para o ensino de historia, como trabalhar esses temas com turmas do Eja e ensino medio ?
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