Adrienne Peixoto Cardoso


O ENSINO DA IDADE MÉDIA NA CONTEMPORANEIDADE: A INQUISIÇÃO COMO OBJETO DE ESTUDO/EXEMPLO



José Rivair Macedo no capítulo “Repensando a Idade Média no Ensino de História” do livro “História na Sala de Aula: Conceitos, Práticas e Propostas” escreve que a História da Idade Média que é ensinada na escola não é a mesma que os pesquisadores estudam, explicando a diferença da função social da História na forma do conhecimento erudito e do acadêmico. Como exemplo, a forma de governo do feudalismo apresentada nos livros de História: a caracterização da história política e os aspectos mais gerais da estrutura social e econômica do período se conferindo uma lógica de desenvolvimento por toda a Europa. Enquanto para o pesquisador o sistema feudal não vai passar de um conceito operatório em análise. O erro do livro didático é caracterizar os mil anos que duraram a Idade Média como um período sem suas próprias transformações conforme o tempo e conforme o espaço, pois a cada reino, a cada senhor feudal, o sistema poderia ser diferente. Ou seja: os mil anos que representam a Idade Média não foram engessados e sem qualquer tipo de mudança.

Três livros didáticos diferentes da primeira série do Ensino Médio são usados na proposta, “Conecte História”, organizado por Ronaldo Vainfas [2014], “História”, organizado por Ronaldo Vainfas [2016], e “História Global”, organizado por Gilberto Cotrim [2016]. São ferramentas para análise comparativa, busca-se usar a temática da Inquisição para perceber as semelhanças e diferenças entre os pesquisadores e o ensino de História Medieval nas escolas por meio do livro didático, e assim, entender o que escreveu Macedo sobre a profundidade de observação entre os dois locais.

No primeiro livro didático, o capítulo “A Cristandade Medieval em Conflito com o Islã” está dividido em subcapítulos que explicam a História Medieval de forma sucinta e correlacionada em seus temas específicos. Assim, no subcapítulo “O Apogeu do Feudalismo”, está a “Cristandade Desafiada por Dentro” onde consta 4 parágrafos sobre o significado de heresia, um quadro explicativo da Inquisição Medieval de 11 linhas, uma pintura ilustrativa de uma pessoa sendo queimada na fogueira por heresia e uma indicação para que o estudante pesquise o significado da palavra “cátaro” e a sua relação como movimento que foi perseguido pela Igreja.

No segundo livro didático não consta nenhuma menção ou explicação a Inquisição. O capítulo “A Cristandade Medieval em Conflito com o Islã” aborda temáticas medievais e no subcapítulo “Heresias e Conflitos Sociais” está escrito em 4 parágrafos sobre o significado de heresia e a configuração da heresia Cátara. Ainda que a Inquisição tenha sido uma forma de contenção da Igreja Católica para frear a heresia cátara, nada é mencionado.

No terceiro livro didático, a unidade 3 é nomeada “Identidade e Diversidade”, com capítulos que abordam a temática medieval, o que se refere à proposta é “Mundo Cristão”, no subcapítulo “Heresias: Perseguição a Outras Crenças e Percepções”. São 6 parágrafos sobre heresia, 3 marcadores que definem aspectos religiosos dos quais os grupos heréticos resistiam e reagiam, 1 imagem ilustrativa do filme “Joana D’arc”, 3 parágrafos sobre a Inquisição, 1 pintura retratando um tribunal inquisitorial e 1 quadro elucidativo sobre a heresia e a contestação.

A primeira questão a ser definida para conseguir explicar o que foi a Inquisição são as razões da sua instituição e as pessoas a qual foram atingidas. Os hereges foram aqueles que iam contra os dogmas inquestionáveis da Igreja Católica, quem escolhia praticar uma crença contrária. Esta informação consta nos três livros didáticos e usam o catarismo como exemplo de grupo herético existente. O que não coube no livro didático foi todo o processo de descobrimento das heresias e como a Igreja Católica tentou combatê-la antes da Inquisição.

Como pesquisa algumas informações essenciais podem ser acrescidas. As heresias contestavam os ensinamentos da Igreja Romana. Durante os séculos XI e XII, surgem movimentos que rejeitam os sinais exteriores da fé cristã católica, como sacramentos, liturgias e hierarquias. Ainda na primeira metade do século XI surgiram heresias que impugnavam os dogmas fundamentais da cristandade, como a Santíssima Trindade e a Ressurreição de Cristo. Tamanha força e proporção tomaram as heresias, que em 1049 foi realizado o Concílio de Reims, na França, que organizou medidas para identificá-las e combatê-las com energia.

As heresias se tornaram um problema para a Igreja Católica, pois além de criticarem seus dogmas e renegavam sua organização institucional, afirmavam que o clero era corrupto e não seguia os preceitos proclamados por Jesus Cristo. Para combater esses pensamentos heréticos a Igreja estipulou três estratégias: a persuasão (forma de pregação e (re)conversão missionária); a repressão (perseguições e punições que buscavam controlar ações e pensamentos) e a satanização (forma de transformar os hereges em agentes desviantes e sismáticos a serviço do demônio) [Richards, 1993].

Os hereges eram basicamente definidos por três ações: ser contrário a qualquer artigo de fé; ser contrário a qualquer verdade declarada pela Igreja e ser contrário aos livros canônicos. [Eymerich, 1993].  Possivelmente, a maior atração em tornar-se herege era a desvinculação das imposições da Igreja, diversas vezes contestada, por suas ações mundanas ao longo do medievo ocidental. O objetivo das heresias era de contestar os ensinamentos da Igreja e rejeitar muitos dos sinais exteriores da fé cristã: sacramentos, liturgia e hierarquia.

No medievo, oito situações determinavam a utilização do adjetivo herético: 1) excomungado; 2) simoníaco; 3) quem se opunha à Igreja Romana e contestava a autoridade que ela recebeu de Deus; 4) quem cometia erros na interpretação das Sagradas Escrituras; 5) quem criava uma nova seita ou aderia a uma já existente; 6) quem não aceitava a doutrina romana no sentido dos sacramentos; 7) quem tinha opinião diferente da Igreja de Roma sobre um ou vários artigos de fé; 8) quem duvidava da fé cristã. As condições para a qualificação como herege estavam relacionadas a inteligência, se o erro estava na má interpretação da pessoa no referido à fé, e sobre a vontade, se há apego teimoso ao erro da inteligibilidade [Eymerich, 1993].

Uma dinâmica que pode ser utilizada na sala de aula para explicar as heresias é separar a classe por grupos e dá-los determinadas configurações. Alguns irão ser os hereges, aqueles que vão contra as regras impostas pela Igreja Católica. Alguns irão ser os representantes da Igreja Católica, quem impõe as regras. E os outros podem ser o povo comum, aqueles que podem ser tanto puxados para o lado dos hereges quanto para o lado da instituição depois de pequenos discursos dados por representantes de cada grupo – afinal, as convicções devem ser repassadas de modo que todo mundo se escute. O objetivo da dinâmica é mostrar aos alunos a segmentação dos grupos e as configurações de cada um, assim, que eles possam pensar, aproximadamente, como esses grupos. Além de ser uma forma divertida de entender a História.  

Com a questão da heresia respondida a Inquisição consegue tomar forma e a sua configuração se torna o próximo passo. Nos dois livros didáticos nas quais ela aparece, a Inquisição é definida como uma forma de repressão da Igreja Católica para conter as heresias do período. Entretanto, os dois livros não utilizam as mesmas informações sobre a sua criação. Enquanto no “Conecte a História” a Inquisição é decretada no Concílio em 1229, na França e que assumem juízes inquisidores em 1235 por Gregório IX, no livro “História Global” institui a Inquisição por Gregório IX em 1231. A função dos Tribunais são a mesma, no entanto, descobrir e julgar os acusados de heresia.

Como pesquisa algumas informações essenciais podem ser acrescidas. As heresias se tornaram um risco para o poder da Igreja Católica, tão grande que ameaçava não apenas a ordem, mas a estrutura social e política da Instituição, ao ponto de ser necessária a criação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição), durante o Concílio de Toulouse (o Concílio de Toulouse foi o Concílio da criação oficial do Tribunal do Santo Ofício, advindo do Quarto Concílio de Latrão, ocorrido em 1215, que decretou medidas contra os senhores seculares que protegessem os hereges) [Falbel, 2007] , em 1229. Esta instituição foi uma união entre o Estado e a Igreja com ideais religiosos, políticos e econômicos [Novinsky, 1983]. Tinha por objetivo procurar, julgar e erradicar grupos divergentes. Com o retorno da Lei Romana a Igreja Católica não criou formas de julgamento, apenas adaptou para o Direito Canônico a Justiça Comum Secular já existente. O Tribunal tornou-se completo, adequado na lei que o legitimava a caçar pessoas que não se enquadravam nos preceitos definidos do Direito Canônico, provindo da religião oficial. Para a prisão e o julgamento existia o apoio do Estado. O poder secular era o responsável, efetivamente, por executar as sentenças. A condição para a realização da Inquisição, imposta por Gregório IX, foi que o Tribunal não tivesse outra razão que não fosse o julgamento das heresias [Falbel, 2007].

O processo inquisitorial era realizado de maneira padronizada, por isso havia manuais de como o inquisidor deveria agir, de acordo com diversas possibilidades – ainda que em alguns casos fosse permitido utilizar sua subjetividade para dar resposta aos problemas. O primeiro ato do inquisidor era a legitimação na localidade em que foi designado, apresentando-se ao rei logo depois de ser empossado pelo papa (num claro objetivo de manter a unidade político-cristã). Solicitava salvo-condutos, apresentava os mandatos aos bispos da região e requeria o juramento das autoridades civis para proteção da Igreja e do trabalho inquisitorial a ser desenvolvido [Eymerich, 1993].

Então, dava-se o sermão geral de reconhecimento do novo juiz inquisidor. Sob recompensas de indulgências, o povo era convidado ou convocado a participar de uma missa. Este sermão tinha o intuito de espalhar na população a vontade denunciar os hereges, limpando a comunidade, para o maior bem da divina providência. No sermão geral o juiz inquisitorial determinava a época do perdão (quando o Inquisidor dava um período para que as pessoas que incorreram em crimes se acusassem sendo que bastava o simples arrependimento para um perdão completo ou uma pena mais branda), explicava o funcionamento da Inquisição e as indulgências que todos ganhariam por ouvir suas palavras, além de outras recebidas na denúncia de hereges.  Os processos se iniciavam por três maneiras: acusação, denúncia e investigação [Eymerich, 1993].

O processo de acusação se inicia com o interrogatório das testemunhas dadas pelo acusador. Há a opção de trocar o processo por denúncia, para que o acusador não seja exposto, se ainda o for do seu desejo, as testemunhas são incisivamente interrogadas. Se há crime, primeiro procura-se conhecer o réu e convergências entre os depoimentos tanto dele, quanto das testemunhas. O interrogatório com o acusado não é direto, e sim, subjetivo. Ouve-se muitas vezes o acusado para que não haja erros na sentença, se for provado crime, prisão. A interrogação das testemunhas procura por fatos, não por boatos, assim, são chamadas pessoas de credibilidade do inquisidor para confirmação, ou não, dos interrogatórios. [Eymerich, 1993].

Nos interrogatórios precisa-se de cinco pessoas para definir a regularidade da ação: o juiz inquisidor, o acusado, duas testemunhas e o escrivão. Os interrogatórios na visão do juiz inquisitorial são feitos de maneira padrão, busca-se alguns indícios de heresia nas palavras usadas ou na própria postura do suspeito. Dependendo do caso pode ser pedido um advogado, entretanto, este tem o papel de ajuda a uma confissão, não a prática real da defesa em busca da absolvição. Se o réu confessar, não há necessidade de um advogado [Eymerich, 1993].

Uma dinâmica que pode ser realizada na sala de aula é o uso de um julgamento de acordo com os casos de hereges existentes. O professor pode procurar nos Registros de Inquisição algum episódio e fazer um roteiro que simplifique o acontecido com os alunos. O objetivo é a interação dos alunos e a proximidade deles com a História de forma que esta se torne, sempre, atraente e de fácil entendimento.

Conclusão
A Idade Média europeia é uma realidade geográfica e sociocultural anacrônica ao Brasil, muitos historiadores ainda discutem a necessidade de estudar algo tão distante, como escreve Ronaldo Amaral no artigo “O Medievalismo no Brasil”. Ele continua que a Idade Média pode ser encontrada nas estruturas elementares da civilização ocidental, o que inclui a brasileira. Podem ser encontradas nas estruturas interiores como as crenças, o imaginário, ideais conectados à ética e moral, direito, religião, política, expressões e sensibilidades. Estas nuances que podem ser utilizadas dentro da sala de aula para que os estudantes alcancem uma proximidade com o período e queiram estudá-lo a fundo, buscando mais informações do que lhes é passado na sala de aula.

Mesmo que seja anacrônico, pode ser percebido ligações com a Inquisição e a ditadura civil militar, por exemplo. Fatos que aconteceram no Brasil e que os estudantes podem refletir sobre as influências de uma na outra. Como o mecanismo de tortura, a “Coroa de Cristo”, método usado na ditatura que consiste em um torniquete que esmaga o crânio do indivíduo.

A Educação Tradicional monta um ensino de História fixo que não permite uma instrução mais bem explorada, os livros didáticos não são uma ferramenta a ser utilizada sozinha, visto que nem todos abordam assuntos importantes e impactantes como foi o exemplo da Inquisição neste artigo. Os estudantes precisam ser indagados e influenciados a gostarem de História muito além de apenas os dois períodos a qual estão designados para o ensino no Ensino Médio. A utilização de elementos contemporâneos para o entendimento de fatos históricos do passado podem ser uma resposta para que os alunos entendam o mundo e a própria História mais do que cabem em palavras.

Referências
Adrienne Cardoso é graduada em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Pampa e membro do Laboratório de Pesquisa e Estudo de História Medieval (Lapehme) da mesma universidade.

AMARAL, Ronaldo. O Medievalismo no Brasil. Revista História Unisinos - Vol. 15 Nº 3 - setembro/dezembro de 2011.
COTRIM, Gilberto. História Global 1. 3 e.d. São Paulo: Saraiva, 2016.
EYMERICH, Nicolau. Manual dos inquisidores. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; Brasília, DF: Fundação Universidade de Brasília, 1993.
FALBEL, Nachman. Heresias medievais. 1° Edição, São Paulo: Editora Perspectiva, 2007.
MACEDO, José Rivair. Repensando a Idade Média no Ensino de História. In:
KARNAL, Leandro (org.). História na Sala de Aula: Conceitos, Práticas e Propostas. 5.ed. São Paulo: Contexto, 2007.
NOVINSKY, Anita. “Sobre O Conceito de Heresia”. In: A Inquisição. Ed. Brasiliense, 1983.
RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993.
VAINFAS, Ronaldo. Conecte História, 1. 2 e.d. São Paulo: Saraiva, 2014.
VAINFAS, Ronaldo. História 1: Ensino Médio. 3 e.d. São Paulo: Saraiva, 2016.

54 comentários:

  1. Adrienne, sua historiadora porreta...

    1- Por qual motivo tu acha que no Ensino Médio há uma exclusão do medievo do currículo?
    2- Como podemos instigar os(as) alunos(as) a gostarem mais da História curricular escolar num mundo mais e mais tecnológico?


    Ass: Rafael Barbosa de Jesus Santana

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rafael, meu querido, grande amigo e grande historiador!
      As tuas perguntas precisam de uma grande reflexão porque abordam sobre o futuro de ensinar História e como ela vai estar conectada e presente na educação.

      1. Eu acho que não é um parâmetro exclusivo a exclusão da História Medieval, e sim de praticamente todos os tempos. Não há uma valorização real da História no país na educação. Eu usei o exemplo da Inquisição para mostrar um sistema falho que não lida com aprofundamento de temáticas mínimas. História Medieval está presente em um trimestre no primeiro ano do ensino médio dividida em dois períodos semanais. Assim como outras cronologias. O tempo da História na educação básica não é o suficiente. Em nenhum aspecto.
      2. Eu fico pensando eu como aluna mais velha, mas também peguei todo o crescimento tecnológico. É usar essa tecnologia de forma benéfica que auxilie no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Ao mesmo tempo em que precisa ser divertido. A diversão é um toque interessante porque faz com que o aluno preste mais atenção, ele aprende e nem sente que está aprendendo. Acho que são vários fatores colados que vão fazer com que um aluno realmente gostem da História que lhes é ensinada na escola: falar a linguagem deles, afinal eles precisam entender e, principalmente, ser entendidos; uso de metodologias que os coloquem no centro, que eles pesquisem, que eles sejam incentivados a buscarem a informação; diversão. Um jogo de 40 minutos pode ser usado de tal maneira que seja muito mais aproveitado do que uma aula expositiva-dialogada de 2h; entender o ritmo de aprendizagem do aluno e respeita-lo.

      Espero que eu tenha conseguido me explicar de forma coerente e que tu tenhas me entendido. É um assunto muito sensível para mim.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  2. Não tenho necessariamente uma pergunta, mas sim um comentário a fazer sobre o seu texto. Entre os anos de 2017 e 2019 desenvolvi projeto de iniciação cientifica na Unespar- campus Paranavaí sob orientação da professora Dra. Eulália de Moraes. A pesquisa dizia a respeito a análise de fontes inquisitoriais presente no “Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisição ao Estado do Grão-Pará [1763- 1769]” [LAPA, 1978], obra esta que trouxe a tona confissões e denúncias por práticas mágico-religiosas como o curandeirismo. Como eu também era integrante do programa de Bolsa de iniciação à Docência (PIBID), eu e minha orientadora propomos trabalhar a temática da pesquisa em sala de aula. A pesquisa, nesse sentido, possibilitou o planejamento de aulas as quais foram realizadas junto aos alunos do 7º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Curitiba do município de Paranavaí/PR. Alguns relatos contidos no livro foram selecionados para serem trabalhados em sala, como o caso do índio Antônio, acusado de práticas de curandeirismo perante a mesa do inquisidor. Tratar de uma temática como inquisição não é uma tarefa das mais fáceis, em especial na América Portuguesa. Como você mencionou, os livros trazem poucas informações sobre o tema. Se sobre inquisição medieval as informações que os livros trazem são genéricas, quem dirá sobre a presença do Santo Oficio em território luso-brasileiro, onde muitos pensam não ter existido. A escolha da série se deu justamente devido a abordagem de temas que davam receptividade para a temática da pesquisa, como as transformações ocorridas na Europa moderna (principalmente no âmbito religioso). Como o livro didático não dava suporte para tratar de um tema como esse, as aulas contaram com arcabouço teórico metodológico de autores pesquisadores do tema. A priori, a aula teve o propósito de demonstrar como surgiu a inquisição, e como esta se fortaleceu como instituição (colocando em questão a inquisição medieval e moderna), para facilitar a compreensão por parte dos alunos. O foco das aulas foi a terceira visitação ocorrida na América Portuguesa, ocorrida na região do Grão-Pará. Analisamos a fonte impressa e consideramos que no conjunto na Visitação a capitania do Grão-Pará, dentre as práticas mágicas denunciadas e confessadas, aquelas ligadas a cura são as que mais se manifestam, cujos os resquícios se fazem presente nos dias de hoje com a presença das benzedeiras, exemplo significativo das persistências das práticas populares. Levamos para sala um sujeito histórico marginalizado pelo Santo Ofício, demostrando o curandeiro como sujeito histórico. Vários alunos teceram comentários no que se refere ter presenciado ou conhecido pessoas que fizeram valeram de práticas que no ambiente colonial seriam objetos de perseguição do Santo Ofício português. Meu texto intitulado “Práticas Magicas, curandeirismo e repressão religiosa na América Portuguesa: O Ensino de História e a Visitação do Santo Ofício da Inquisição no Grão-Pará (1763-1769) ” está na mesa de etnicidades, onde está exposto com detalhes as experiências com as aulas realizadas, fruto da instrumentalização da temática da pesquisa para aplicabilidade na Educação Básica no Ensino de História.

    Tainá Guanini de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa, que pesquisa interessante! Eu já ouvi falar sobre o livro e ele está na minha lista de leituras para se fazer, pois futuramente eu quero estudar um pouco mais fundo os processos inquisitoriais luso-brasileiros. Entender toda a mecânica, visto que os réus brasileiros eram julgados em Portugal. Eu estudei um pouco o caso da Luiza Pinta que foi julgada por ritos mágico-religiosos denominados como Calundos em Sabará no século XVIII e é muito legal ver as semelhanças e diferenças dos inquéritos franceses (que são o meu objeto de estudo principal). Uma das coisas que mais me intriga nos julgamentos e eu sempre me questionei é: por que eles inqueriam algumas pessoas por práticas mágicas (e lê-se aqui todos os derivados) e outros eram isentos? E não apenas nos inquéritos europeus, mas nos julgamentos braseileiros também.
      Eu fiquei muito estimulada em ler o seu texto, eu o farei nesta semana. Acredito que os teus alunos tenham aproveitado muito, pois é uma temática muito atrativa. Eu provavelmente digo isso por ser uma adoradora de medieval. Eu teria gostado de ter sido sua aluna, com certeza.
      Muito sucesso sempre!

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Adrienne,
    Ótima pesquisa, minha pergunta é se você já se deparou com escritos sobre as práticas inquisitórias pregadas na Província de Goyas, especificamente na capital Vila Boa?

    Marcos Rossiny Leandro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Eu li recentemente um artigo de Cristina Moraes e Antón Quintela sobre Antônio Ferreira Dourado. Eu estou na linha cronológica e territorial correta? A minha pesquisa sobre o Brasil Inquisitorial é bem precária ainda, mas eu quero muito continuar estudando sobre as práticas aqui e ver as semelhanças e diferenças entre a europeia e a brasileira. Há uma ideia errônea de que não houveram réus brasileiros na Inquisição e que a Idade Média não teve nenhuma influência na nossa construção nacional. Se puder me ajudar com isso, de mais referências das práticas inquisitoriais no Brasil eu ficarei grata.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  5. Olá, parabéns pelo seu texto. É pertinente hoje tais análises. A respeito disso, como o ensino de história do Brasil Colonial pode se adequar aos estudos inquisitoriais da Europa medieval?
    Aguardo sua resposta.

    MARCOS ARAÚJO COSTA.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Acho que o primeiro elemento seria a caracterização e estado em que acontece a colonização do Brasil, a situação dos países da grande corrida marítima e, claro, principalmente de Portugal. Pois mesmo que determinemos que a Idade Média termina no século XV, a Inquisição perdurará por mais alguns séculos na Europa. Acredito então que poderia ser feito uma pesquisa sobre os réus brasileiros que serão julgados pela Inquisição, visto que sempre terão um olhar europeu nas suas atividades. Não podemos excluir a Inquisição durante o Brasil Colonial, pois isso tiraria o método de punição que também será utilizado. Podemos pensar em como eles usavam a Inquisição como um terror de estado para com as pessoas. E também como eles usavam os métodos de tortura, por exemplo, se pode haver casos a quais as pessoas eram torturadas sem que houvesse um julgamento. A minha pesquisa sobre os inquéritos luso-brasileiros ainda está bem inicial, mas eu quero fazer algumas comparações entre a brasileira e a europeia.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  6. Prezada Adrienne, excelentes texto e propostas.
    Fora dos meios acadêmicos a imagem da inquisição adquire proporções fantasiosas ou exageradas, às vezes de uma máquina perseguidora implacável que encarnaria toda a concepção de “trevas” associadas ao período em questão. Você acredita que ensinar, ou problematizar, a inquisição sem se deixar levar por uma perspectiva simplista é o caminho? Quais as possibilidades ao abordar tal assunto sem cair em um maniqueísmo, ou reduzir os resultados de uma aula sobre a inquisição a essa versão exagerada?


    Renan Silva Martins

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! A Idade Média está cheia de mítica sobre o que pode ter acontecido de verdade, por isso que é bem interessante pesquisa-la na internet e achar coisas como "as dez coisas que você pensava que era no medievo, mas não era". A Inquisição, eu realmente acredito, que tenha sido um vetor para a ideia de Idade das Trevas, não apenas a falta de ciência que as pessoas acreditavam que não havia no período, como também falta de saúde, educação, etc. Então, temos o ambiente da Inquisição e tudo o que lemos é que ela caçava as pessoas e que haviam 13 tipos de sentenças, que as pessoas eram torturadas e mortas, que as pessoas se autodeclaravam culpadas e se autodenunciavam por conta do medo. Essa imagem de terror realmente cria a ideia de ser uma Idade das Trevas. E se formos considerar apenas essas opiniões da Inquisição, vamos todos concordar que o uso de "trevas" é muito bem empregado. Então, eu acredito que sim, que devemos problematizar a Inquisição e explica-la, estudar e pesquisar a Idade Média com os olhares daquele tempo. Há uma frase que o meu orientador me dizia muito "devemos pensar a Idade Média, a Inquisição, a configuração medieval, como fruto do seu tempo", e é uma frase verdadeira. Senão, sempre acreditaremos nas "trevas". E, bem, só para deixar claro, eu não quero dizer com tudo isso que a Inquisição era boa, só que precisamos estudá-la. Acho que começar uma aula não falando "morreram 1 milhão de pessoas na Inquisição" pode ser o primeiro passo. O que pode ajudar a ter uma aula interessante sobre o assunto é caracterizar as opiniões de historiadores religiosos e historiadores não-religiosos. A opinião de João Bernardino Gonzaga e Anita Novinsky são diferentes, por exemplo. E em cima dessa caracterização de opiniões as configurações das Inquisições (eu estou usando o plural considerando que as configurações podem mudar de acordo com o território).

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  7. Olá Adriene, boa tarde!

    Eu fiquei um pouco confusa, você propõe uma dinâmica para sala de aula baseada em informações do livro didático e de outros afins, no entanto senti falta de uma continuação porque logo em seguida você trata da inquisição em si. Quando volta a falar sobre a dinâmica é para uma nova proposta, sendo assim gostaria de saber se você tentou usar algum modelo de dinâmica em sala e qual o resultado? E, em qual direção você esta caminhando, se de análise do livro didático, se de análise das dinâmicas em sala a partir de propostas didáticas ou se de um estudo comparativo entre os processos inquisitoriais do medievo e os da contemporaneidade?

    Assinatura: Luciana Alves Maciel

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Acredito que a configuração do texto pode ficar confusa porque é a forma que eu escrevo e ainda não sou muito boa nisso (sendo completamente franca, eu ouvi muito dessas reclamações do meu orientador), mas vou tentar ser mais clara: a continuidade da configuração, tanto da Heresia quanto da Inquisição é que eu tentei juntar tanto as informações relevantes sobre os assuntos, pois são estudos a serem dados na sala de aula, e também quis dizer que eram informações que faltavam nos livros didáticos, visto que eles são muito simplificados. Eu usei as dinâmicas na sala de aula, mas como não criei o texto como um estudo de vivências e experimentos, achei melhor não aprofundar no assunto para não confundir ainda mais quem fosse ler. Eu quis fazer uma análise do livro didático usando a temática da Inquisição como objeto de estudo, e a partir disso, vinculei as informações para refletir sobre a temática inquisitorial na sala de aula com instrumentos e exemplos contemporâneos.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
    2. Adrienne, boa noite!!

      Primeiro de tudo parabéns pela franqueza. Escrever é realmente uma instigação, quando pensamos que deu certo ainda não estamos nem perto. Gostei bastante da proposta, a sala de aula precisa de coragem e criatividade, e você tem um desafio pela frente.
      Com relação a escrita duas coisas aparentemente deram certo para mim: 1) leio sempre em voz alta para analisar a compreensão; 2) peço para minha mãe/leigo ler, se não entender nada faço tudo de novo. Dá certo a maioria das vezes!

      Att,
      Luciana A. Maciel

      Excluir
    3. E bah, é um processo muito cansativo, é um estudo eterno porque vai se atualizando e nós vamos sempre melhorando. Acho que com a tecnologia ficou muito mais fácil de perder a atenção do aluno, então os docentes vão precisar usar também de novos métodos para conseguir passar a mensagem. Eu tento usar a forma mais criativa possível porque é a forma que eu gostaria de aprender. Eu achei muito legal as tuas ideias, a primeira eu vou tentar, confesso que não leio em voz alta. A segunda eu tentei uma vez com a minha mãe, na verdade, eu li o texto para ela, e ela dormiu. Mas isso é muito importante, nem sempre eu estarei falando para alguém que entende o tema, sempre é bom deixar alguém passar os olhos primeiro. Anotei e vou usa-las, muito obrigada pela sua preocupação e bondade em me ajudar.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
    4. Oie!! O ideal é sempre partir desse princípio de que o ouvinte não conhece seu tema, ajuda a se localizar. Eu é que agradeço a oportunidade de poder contribuir de alguma forma.

      Att,
      Luciana A. Maciel

      Excluir
    5. Vou estar mais atenta a isso nos próximos, tentarei partir deste princípio, vai funcionar! Muito obrigada!

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  8. Adrienne,
    Ótimo texto, além das abordagens que você apresentou como forma método explora recursos nos livros didáticos, explorou uma forma de abordagens além da comunicação e do meio social dentro da sala de aula. Dessa forma, você veria como possibilidade de aprendizagem, a partir do objeto de estudo a Inquisição, assuntos que teria aos outros grupos sociais e das formas de perseguições aos acusados de heresia?


    Renato Rodrigues do Nascimento

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Sim, eu veria como possibilidade, pois a Inquisição vai demonstrar vários grupos marginalizados e perseguidos de heresia. Podemos pensar esses grupos sociais a partir dos motivos a qual levaram a Igreja Católica a persegui-los. Afinal, quem os marginaliza? Eu quis colocar no texto o conceito de heresia também, pois não acho que é possível explicar a Inquisição sem explicar a heresia, pois os julgamentos serão dessas pessoas denunciadas como heréticas - e então a expansão de quem seria inquerido. Acredito que, mais do que como uma possibilidade de aprendizagem do que foi a Inquisição, também se pode usar como ferramenta para entedermos e explicarmos aos alunos os grupos sociais da Idade Média.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  9. Olá Adrianne Boa Noite!
    Como abordado em seu texto, recorrentemente há questionamentos sobre o ensino de história medieval e sua relevância no Brasil. Em sua visão. como aproximar os estudantes das temáticas medievais para além dos métodos de tortura utilizados na ditadura-civil militar brasileira ?

    Ass: Luan Felipe Silva Casarin

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Acredito que podemos aproximar os estudantes das temáticas medievais mediante aquilo que estão próximos a eles. Achar os elementos da civilização ocidental que são influenciadas pela Idade Média, o próprio imaginário, o miticismo, a religião, entre outros. Cada aluno reage a estímulos diferentes e há no mundo uma paixão muito grande pelo medievo visto que há tantos filmes, livros, séries, produções, ambientadas e/ou influenciadas pelo medievalismo. Talvez usar com os alunos ferramentas tecnológicas que abordem ou se ambientem na Idade Média pode aproximá-los. Exemplo: há o rumor de que Game Of Thrones é inspirado na Guerra de Cem Anos. Uma pesquisa com os alunos seria interessante para saber se isso é verdade. Da série Vikings, uma pesquisa com os alunos se aquelas expressões, as vestimentas, se podem ser consideradas como verdadeiras para aquele grupo. Fazer com que os alunos se tornem historiadores investigando aquilo que eles gostam da temática medieval contemporânea. E a partir disso introduzir algo mais teórico para que eles possam comparar.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  10. Olá Adrianne!

    Qual a sua opinião sobre a utilização da obra Divina Comédia de Dante em sala de aula? e como poderia ser abordado?

    Raabe Salim da Silva Costa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Eu gosto da Divina Comédia e ela sempre está referenciada em algumas produções cinematográficas, então acho que seja interessante usá-la em sala de aula, ainda mais que os alunos vão entender as referências posteriormente. Eu já vi estudos que usaram Dante Alighieri na sala de aula e foram bem sucedidos. Acredito que seriam boas discussões sobre moral, pecado, punições, etc. No ano passado o grupo de pesquisa a qual eu faço parte organizou uma exposição sobre o Diabo, as imagens de representações do século XI e XXI e algumas imagens da Divina Comédia apareceram também, pode ser interessante fazer uma pesquisa com os alunos sobre as representações imagéticas da Divina Comédia, é bom aprender e ter uma ideia física, não apenas imaginativa. Numa visão histórica e tendo o cuidado são boas as comparações que podem ser feitas em sala de aula. Acredito que as três partes (inferno, purgatório e paraíso) podem ser exploradas dentro do imaginário medieval.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  11. O conteúdo de História tem que ser aproximado da realidade do aluno, sua proposta de pensar o ensino da Idade Média na contemporaneidade é fantástico, isso também poderia ser feito com o ensino de História Antiga? Se puder indicar trabalhos que traz essa abordagem, obrigada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! As dinâmicas que eu pensei e a abordagem próxima ao aluno foram pensadas porque eu gosto de estar próxima do meu tema de estudo para conseguir compreendê-lo e, principalmente, querer estudá-lo. Eu acredito que sim, a História Antiga nunca morre, há determinados fatores do miticismo que seria muito interessante de colocar numa ideia mais contemporânea, mas não anacrônica, apenas a ideia de proximidade. As ideias próximas entre medieval e a contemporaneidade também podem ser ferramentas de aproximação entre antiga e contemporaneidade, tais como religião, sensibilidade, imaginário, miticismo, mitologia. Como indicação de medieval eu te indico um artigo de Ronaldo Amaral "O Medievalismo no Brasil", que fez parte da construção do meu texto; o artigo que eu li de Fabiolla Vieira pode ser interessante também, se chama "História Medieval: Perspectivas e desafios para o ensino no 1° ano do ensino médio da E.E.B Leonor de Barros"; de Régine Pernoud "Idade Média: O que não nos ensinaram"; e de organização de Leandro Karnal, o livro "História na Sala de Aula: Conceitos, práticas e propostas", que eu citei no início sobre o artigo do Macedo. Sobre Antiga neste livro do Karnal tem um artigo de Pedro Paulo Funari; Matheus Vargas de Souza tem um artigo "O Ensino de História Antiga em Debate: Educação com pluralidade ou tradicionalismo acadêmico?". Foi o que eu pensei no momento.
      E tu se esqueceu de se identificar. Qual o seu nome?

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
    2. Adrienne muito obrigada por sanar minhas dúvidas! Me desculpe eu não tinha entrado com o e-mail no Google para fazer a pergunta, agora já tem a identificação na pergunta.
      Att.

      Excluir
    3. Eu que agradeço pelo seu interessante! Tenha um ótimo dia.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  12. Obrigada pelo texto! Suas sugestões se fundamentam em exercícios práticos desenvolvidos em sala de aula? Caso positivo, seria possível compartilhar suas experiências?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Sim, são sugestões fundamentadas em exercícios que fiz na sala de aula, mas eu nunca escrevi sobre eles porque sempre fui para o lado de pesquisadora, tanto que é o meu primeiro texto falando sobre ensino. Se tornou a partir deste simpósio um projeto a ser melhor idealizado, estruturado e realizado.
      Tu não se identificou, qual o seu nome?

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
    2. Bom dia, obrigada pelo retorno. Sim, sou professora do ensino básico e superior. A forma que escreve sugere que vc não atua como docente, por isso questionei. Parabéns pelo texto. Raimunda Conceição Sodré

      Excluir
    3. Olá, muito obrigada! Eu fiz os estágios obrigatórios, mas ainda não atuo como docente. Mesmo que eu tenha feito licenciatura o meu desenvolvimento sempre foi para a área da pesquisa e não tanto da docência. Acredito que isso tenha influenciado no meu modo de agir como professora quando eu dava aulas da maneira que eu gostaria de estar aprendendo, por isso tantas dinâmicas e pesquisas com os alunos.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  13. Olá, tendo em vista que o currículo escolar da disciplina de história é extenso em relação ao conteúdo, porém os educadores encontram dificuldades em relação a como controlar os conteúdos com uma carga horária mínima, quais propostas você traria para trabalhar a temática medieval e inquisitorial na sala de aula contemporânea, sem que se perca os inúmeros conteúdos importantes aos quais você citou ao longo de todo o texto?
    ~ Paloma Fernanda Silva Barros

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Acredito que com mais trabalhos de pesquisa feitos pelos alunos de modo de extensão. Com um questionário prévio o professor consegue identificar as tecnologias que os estudantes tem acesso, se a internet, por exemplo for um uso de todos os alunos, é uma ferramenta que pode ser utilizada. Bibliotecas da cidade, escolar, livros que o professor pode emprestar, são também ferramentas possíveis. Há apenas 2 períodos de História na escola na educação básica pública e isso deve ser aproveitado da melhor maneira possível. É tornar o estudante como um possível historiador - e isso pode auxiliar a uma aproximação e paixão com a História.
      Outra ideia que pode funcionar é a melhoria do Ensino Básico e mais tempo para as aulas de História.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  14. Particularmente, senti falta da presença, mesmo que resumida, de alguns parágrafos dos livros didáticos que abordaram a heresia que foram supracitados por você. Acredito que seria mais compreensível caso pudéssemos observar junto a você tais conceituações de heresia. Pois como afirmas, no livro “Conecte História”, organizado por Ronaldo Vainfas [2014] que você tomou como base, "consta 4 parágrafos sobre o significado de heresia" e me questionei se em tais, com esta quantidade, não haveria a presença de discussões sobre por exemplo, liturgia e hierarquia. Não acreditas então, que heresia está intrinsecamente conectada com à Inquisição? E que ao explicá-la, o docente já estaria fazendo um aporte para adentrar nos outros tópicos concernentes à Inquisição?
    -Dayane Gomes de Moura

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Sim, isso foi uma falha técnica na escrita, mas não tinha mais espaço para escrever, visto o máximo de palavras permitido e uma mais profunda análise do que os parágrafos citados. Eu fiquei pensando sobre o assunto e percebi que então poderia ter indicado a quem fosse ler o texto onde está o parágrafo para que entendesse melhor porque eu estava analisando o texto da determinada maneira que o fiz. Sobre a conexão entre Heresia e Inquisição elas estão completamente ligadas. A Inquisição vai surgir para denunciar e julgar grupos heréticos, em especial aos Cátaros, até que os grupos de perseguição são expandidos para outros também heréticos. Entretanto, eu acredito que apenas explicar a Heresia não é o suficiente para que a Inquisição o seja, visto que a Inquisição tem o objetivo de caçar a pessoa do herege, mas o faz com as suas próprias configurações. Então, uma informação depende da outra. Por isso que eu coloquei os dois conceitos, Heresia e Inquisição, no texto.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  15. Excelente texto. Gostaria de saber sua opinião sobre o fato da história medieval ser muito desconsiderada na elaboração dos livros didáticos, e que outras fontes e materiais podem vir a serem utilizados para uma boa aprendizagem?
    Obs: as dinâmicas sugeridas são genias e facilita muito a aprendizagem.

    Maria Amanda Nunes dos Santos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! As dinâmicas foram criadas e eu coloquei em prática porque é a forma que eu aprendo. Eu gosto do movimento e de me sentir pertencente dentro do assunto. As temáticas medievais são realmente bem desconsideradas nestas ferramentas, tanto que um dos livros a qual eu analisei não consta o significado de Inquisição e ela nem é citada. Mas também é difícil ver boas fontes medievais para o ensino, pois estas tendem a ser muito técnicas e dificultam o entendimento de quem não é da área. Um aluno não se interessaria por algo a qual ele não compreende. Entretanto, pode ser interessante usar fontes primárias do período medieval e fazer com que o próprio aluno se torne o historiador, fazer uso da paleografia, por exemplo, e levar materiais impressos para que os alunos vejam. Pode ser bem difícil, mas bem elaborado pode ser uma boa ferramenta. Ainda sobre pesquisa, talvez usar como fonte e materias as produções cinematográficas a qual os alunos tem mais proximidade. Há um amor muito grande pelo imaginário medieval a nível mundial, visto que existem milhares de produções ambientadas, então pode ser interessante usar recursos teóricos sobre o medievo para que os alunos interpretem como historiadores medievais mais do que apenas expectadores.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  16. parabéns pelo texto, qual seria sua indicação para abordar a inquisição no ensino fundamental, a partir de qual viés eu poderia iniciar uma reflexão sobre o papel da igreja no imaginário do povo brasileiro no medievo. Obrigado
    MARCOS JOSÉ SOARES DE SOUSA

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Acho que a primeira coisa seria identificar as pessoas que eram inqueridas no território brasileiro, se há algum tipo de semelhança nos seus "crimes", no local onde elas moravam. Não sei se tu gostaria de fazer comparações entre a Inquisição brasileira e a europeia, mas ver as características inquisitoriais próprias que eram utilizadas aqui no Brasil seria interessante tendo a europa como base. No Brasil vai ter muito sobre os curandeiros, então fazer um trabalho sobre isso, eu acredito, que seria um trabalho interessante. Para o fundamental o que funcionou no meu estágio era poucos textos e mais demonstrações, eles eram muito agitados, então sempre tinha que parar e voltar os assuntos. Eles já faziam pesquisa e apresentavam para os colegas, com cartolinas e tudo, mas eram práticas que eles mesmos achavam divertido e queriam fazer. Além, é claro, não esquecendo de sempre fazer a contextualização de tudo.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  17. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Eu escolhi aqueles livros porque já os conhecia, eu quis me manter mais confortável, visto que é o meu primeiro texto sobre Ensino de História. Então, já estando mais familiarizada com eles eu busquei os pontos que eles tinham - ou não tinham - para elucidar a minha proposta. Eu parti da Educação Histórica, pois levei em consideração a consciência histórica e o pensamento histórico como ciência para determinar os problemas de ensino dentro do material didático do livro. Talvez não tenha ficado muito claro, pois eu tentei ser simples no meu texto, mas foi o que eu tentei fazer.
      Tenha uma ótima noite!
      E não esqueça da identificação completa ao final dos comentários.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
    2. Perfeito! Obrigada por me lembrar. Att, Helena Ragusa Granado

      Excluir
    3. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    4. Olá Adrienne boa tarde. Parabéns pela pesquisa. Eu tenho afinidade com a temática que vc trata uma vez que pude pesquisar e analisar os cristãos-novos na produção didática brasileira e a temática da Inquisição é algo inerente a quem faz este tipo de estudo. Então trago aqui algumas questões para você mais relacionados aquilo que poderá elucidar melhor o seu leitor sobre o trato com suas fontes. Quais os critérios você usou para selecionar os livros que ora se propôs a analisar? Você parte de qual arcabouço teórico para analisar suas fontes: cultura escolar ou educação histórica? Forte abraço, Helena Ragusa Granado

      Excluir
    5. Muito obrigada pelo interesse, Helena! A resposta já foi dada anteriormente e está no início deste quadro de respostas.
      Tenha um ótimo dia.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  18. Olá, tudo bem?
    Ouvi e vi bastante sobre a inquisição julgar pessoas que eram consideradas curandeiras, utilizavam ervas e até chás de cura, alegando serem coisas do diabo, era realmente tão extremo?
    Sinto que perdi muita coisa pois nunca estudei sobre este assunto em sala de aula, você acredita que seja por não fazer parte da história local ou tem algo a mais?
    Pois de modo geral a História do Brasil é a mais focada, não que seja ruim, mas acaba se perdendo muito sobre a história do mundo no excesso deste foco, você concorda?

    Gostei muito do seu texto, Parabéns.

    Thainã Soares Castro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Sim, era bem extremo mesmo. Era uma linha muito tênue a pessoa que utiliza as ferramentas de cura (como ervas) como o curandeiro da comunidade (algo cultura) e ser alguém que vendeu a sua alma ao diabo e trabalha para ele. A maioria era julgada como bruxo (e seus sinônimos). Era alguém te acusar e pronto, tinha um alvo na sua cabeça e tu nem tinha feito nada. Eu te recomendaria assistir o filme finlandês "A Noiva do Diabo", tem na Netflix, é de 2016, para que tu consigas ver o impacto na comunidade quando chega um juiz inquisidor.
      Eu dei aula no estágio numa cidade pequena do Rio Grande do Sul durante a graduação e eu percebi a falta de conhecimento dos alunos das próprias atividades da cidade. Não havia um real trabalho sobre a cultura e a história local, o que os estudantes sabiam eram por conversar com os seus familiares, não exatamente conhecimentos adquiridos na escola. Então, acho que mesmo que a História Medieval seja difícil de estudar, pois há um preconceito com ela, visto que ela é considerada como distante (temporal e geograficamente), não acho que seja a balança com a História Local (da comunidade, eu digo). Acredito que tenha mais a ver com a História Contemporânea, visto que a valorizam muito mais. Eu adoro a Idade Média e trabalho com ela, mas não estou julgando que uma é mais importante do que a outra, claro que não, só acho que a escola e as ferramentas didáticas não trabalham os tempos cronológicos com equidade e não dão os seus devidos valores.
      Eu concordo contigo, o foco na História do Brasil não é ruim, mas por exemplo, há vários vídeos de pessoas no Youtube falando sobre "Deus Vult" e o colocando como um argumento do atual governo, usam da imagem dos templários, colocam a Idade Média como Idade das Trevas e muitas outras situações. Se a educação da História e os seus outros tempos, como Antiguidade, Medieval e Moderna, fossem melhor abordadas, se houvesse uma real pesquisa e os alunos entendesse o que aconteceu naquele tempo, não estaríamos vendo algumas barbaridades, porque teriam entendido, verdadeiramente, a História nos seus tempos de escola e não repassariam informações falsas - ou usadas de forma deslocada.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  19. Quero primeiramente parabenizar pelo texto, com um tema muito importante para ser discutido, e infelizmente uma realidade da educação brasileira. Nas escolas temas como história antiga e Idade Média são visto superfícialmete, o que uma grande perda para os alunos, creio que a causa desse problema não seja só o professor em sí, mas todo o sistema educacional, que não da importância para esses temas. Sou uma apaixonada pela Idade Média, paixão essa que nasceu depois do ensino médio, já que nele não vi muito sobre o assunto, sei que se fosse tratado de outra maneira seria bem recebido pelos alunos, já que está presente em várias ficções consumidas por esse público. Então acha possível ´´burlar´´ o sistema como professor para dá uma atenção a mais a esse período?
    Larissa Oliveira Melo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Sim, eu acho muito possível! Tu disse e eu concordo que o problema dessa desvalorização de determinadas áreas não é culpa do professor, mas do sistema educacional falho. Mas tudo o que o professor fizer a mais do que o trabalho vai ser extremamente cansativo, exaustivo, pode demorar para dar resultados. Acredito que seja por isso que eu vi durante os estágios professores tão cansados e que não queriam mais ser criativos nos métodos de ensino. Não dá para culpa-los, isso também é uma consequência de um sistema educacional precário. Então, se o professor tiver força e criatividade, pode ir para qualquer lugar com os seus alunos, basta ter vontade em ambas as partes. Eu dei os exemplos de dinâmicas que ficam parecendo teatros, mas deve-se ser feito uma pesquisa com os alunos para saber como eles aprendem, não apenas a velocidade, mas a qualidade do que eles conseguem absorver. Além de, é claro, ver todas as possibilidades que cada um tem, se tem os acessos necessários se forem pedidos por trabalhos extra e acesso a ferramentas online, por exemplo. Então, sim. Há possibilidade de burlar o sistema caso for um desejo do professor, principalmente se os alunos estiverem interessados a descobrirem mais. Pode ser um trabalho árduo, mas vai ser milhares de vezes gratificante.

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  20. Olá Adriane;
    Parabéns pelo texto que retrata tanto o contexto teórico do período medieval, cujo assunto refere a inquisição, quanto ao ensino do mesmo.
    Vê-se pela complexidade do assunto e por sua abrangência em questão temporal e social a importância do conteúdo ser trabalhado em sala de aula.
    Considerando todo o contexto de idade média ao longo dos seus 1000 anos e suas transformações, as quais se vê a necessidade de serem estudadas, qual seu posicionamento acerca das escolas católicas no Brasil que seguem modelos de ensino como : ANEC (Associação Nacional de Ensino Católico no Brasil) e RCE (Rede Católica de
    Ensino).
    Acredita que essas redes de ensino deveriam conter em seu material didático o conteúdo aprofundado sobre o tema? Sabendo que a igreja da época foi “comprometida” por seus
    antigos dogmas?

    Atenciosamente, Ana Caroline Mendes Pessoa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, muito obrigada! Eu tentei unir as duas temáticas: Ensino e Inquisição. Como uma entusiasta da Idade Média, eu escolhi justamente a Inquisição pelo tema ter feito parte do meu TCC. Quando notei que em alguns livros didáticos a temática é pouco abordada e até às vezes não abordada, eu achei que seria uma temática interessante para se escrever. Eu não conheço muito a ANEC e nem a RCE, sinceramente. Mas do que conheço sempre vi com muita rigidez o que é ensinado. Mas os temas da Idade Média deveria ser muito mais abordados nas escolas cristãs justamente porque elas conseguiriam mostrar aos seus alunos a sua própria realidade dos fatos. Que conseguisse fazer debates sobre o tema. A Igreja Católica sempre teve um tipo de "dívida histórica" por causa da Inquisição e das Cruzadas ao meu ver, sinceramente. E isso que eu sou católica. E mesmo sendo católica, eu não deixei de ter a minha fé enquanto estudava a História da Igreja. Então este assunto deveria ser abordado com muita seriedade e profundidade. O que eu quis dizer com "mostrar a sua própria realidade" não foi um mascaramento do tema, mas explicar as razões. Acho que assim os alunos iriam entender melhor o período e também a continuidade da História da Humanidade até os dias de hoje. Provavelmente não haveria tanta alienação se os temas fossem bem abordados. Ao menos, é o que eu penso. Esses assuntos são necessários em todos os segmentos educacionais. Tenha uma ótima noite!

      Atenciosamente,
      Adrienne Peixoto Cardoso.

      Excluir
  21. Boa noite , excelente texto ótimo trabalho , como fazer essa ponte entre inquisição e ditadura militar no ensino fundamental aprofundando o assunto
    chamando a atenção dos alunos pra essa temática sem fugir do conteúdo didático ?

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.