Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira


REPRESENTAÇÕES DE EVA E MARIA NA IDADE MÉDIA: A CONDIÇÃO FEMININA NO PENSAMENTO RELIGIOSO E IMAGENS MEDIEVAIS



Introdução
Entre as inúmeras influências do movimento feminista para a conquista de direitos das mulheres, sabe-se que a reivindicação de uma escrita que desse maior protagonismo às mulheres nas narrativas oficiais foi fundamental para o fortalecimento do campo historiográfico da História das Mulheres, que surge na segunda metade do século XX.

Foi por meio desse processo de se pensar e escrever uma história que trouxesse representatividade para milhares de mulheres silenciadas ao longo dos séculos que a Idade Média foi ganhando novos enfoques e as condições femininas no Medievo desencadearam debates historiográficos que expandiram ainda mais as pesquisas sobre as realidades dessas mulheres. Sabe-se que a Idade Média esteve influenciada sob o domínio religioso da Igreja Católica, que tinha enorme impacto na vida pública e privada das mulheres, sendo a principal responsável pela criação de padrões de comportamentos femininos no Medievo.

As imagens constituem-se assim como verdadeiras fontes para a análise desse imaginário cristão acerca dos papéis femininos e colaboram para a reflexão acerca das idealizações desse contexto, pois como defende Peter Burke [2004, p. 17]: “imagens, assim como textos e testemunhos orais, constituem-se numa forma Importante de evidência histórica. Elas registram atos de testemunho ocular”.

Aliada aos interesses dos governantes em manter a hierarquia dos sexos, a Igreja utilizou das figuras femininas da Bíblia, como Eva e Maria, para difundir quais condutas as mulheres deveriam adotar ou reprimir. Dessa forma, podemos compreender através dessas fontes imagéticas, que as representações de Eva e Maria carregavam os ideais religiosos, que mantiveram sólidos os padrões de “ser e agir” ao público feminino medieval.

Uma História das Mulheres: novos estudos historiográficos e a análise de gênero
A historiadora Joan Scott [1992], ao falar da História das Mulheres, explica que na década de 80 se desenvolveu a ideia de um desvio da história partidária e socialista para uma história voltada e vinculada à ideia de “gênero”, proporcionando a esse campo de estudo uma característica própria; acredita-se ainda que essa análise do gênero se originou com as construções sociais e literárias de cada autor(a) sobre o tema.

Ainda de acordo com Joan Scott, a autora descreve que: “na gramática, o gênero é compreendido como uma forma de classificar fenômenos, um sistema socialmente consensual de distinções e não uma descrição objetiva de traços inerentes” [Scott, 1995, p.72], ou seja, a ideia de que existe ou deva existir uma história voltada apenas para homens ou apenas para mulheres é contrária à ideia que é proposta pela própria gramática, onde os direitos femininos ou masculinos devem ser voltados a um ser humano de forma natural e não de forma sexual:

“É verdade que não existe nenhuma unanimidade entre aqueles/as que utilizam o conceito de classe. Alguns/mas pesquisadores/as se servem de noções weberianas, outros utilizam a classe como um dispositivo heurístico temporário. Entretanto, quando invocamos a classe, trabalhamos com ou contra uma série de definições que, no caso do marxismo, implicam uma ideia de causalidade econômica e uma visão do caminho ao longo do qual a história avançou dialeticamente. Não existe nenhuma clareza ou coerência desse tipo para a categoria de raça ou para a de gênero. No caso do gênero, seu uso implicou uma ampla gama tanto de posições teóricas quanto de simples referências descritivas às relações entre os sexos”. [Scott, 1995, p.73].

Porém, durante muito tempo, os objetos de estudos na História eram direcionados apenas a um personagem social, ou seja, “o homem”, dificultando o processo de inclusão da figura feminina. Segundo Rachel Soihet [2011] essa nova construção literária em relação ao feminismo teoriza e trabalha as diferenças sexuais, vinculando a ideia de que um estudo não seria compreensível se distinguisse os sexos, trabalhando o meio de escrita não apenas na construção da nova história feminina, mas também como uma construção em seu âmbito total, tornando-se igualitária sem que exista distinção de gêneros ou caracterização de “histórias masculinas” contrapondo com “histórias femininas”. Segundo Scott [1995, p.73-74]:

“A proliferação de estudos de caso, na história das mulheres, parece exigir uma perspectiva sintética que possa explicar as continuidades e descontinuidades e dar conta das persistentes desigualdades, assim como de experiências sociais radicalmente diferentes. Em segundo lugar, porque a discrepância entre a alta qualidade dos trabalhos recentes de história das mulheres e seu status marginal em relação ao conjunto da disciplina [...] mostram os limites de abordagens descritivas que não questionam os conceitos disciplinares dominantes ou, ao menos, que não problematizam esses conceitos de modo a abalar seu poder e, talvez, a transformá-los. Para os/as historiadores/as das mulheres, não tem sido suficiente provar que as mulheres tiveram uma história, ou que as mulheres participaram das principais revoltas políticas da civilização ocidental”.

Desse modo, é possível determinarmos ideias e análises trabalhando a imagem feminina que ficou restrita às atividades domésticas durante os séculos do medievo, pois não era permitido que tivessem um conhecimento educacional sobre determinados assuntos, fossem eles partidários, religiosos, administrativos. Pode-se trabalhar também a ideia de liberdade de expressão feminina, que segundo Scott [1995] é o fundamento básico para os estudos feministas citados.

Esta nova abordagem possibilitou reformular a ideia da relação com o campo desvalorizado sobre a vida das personagens femininas nos estudos da Idade Média, assim como analisar construções sociais, considerando a mulher como um ser não inferior ao “sexo” masculino.

As mulheres e os cenários de submissão: o contexto feminino na Idade Média
Georges Duby e Michelle Perrot [1992] auxiliam na construção social sobre a história das mulheres, como um espelho para introduzir novos pontos de vista e mudanças de algumas perspectivas das realidades femininas no Medievo, ou seja, não se referem ao surgimento de uma nova história, mas sim à reavaliação de uma história dita como “tradicional”, e de novas interpretações de fontes já existentes.

Os autores expõem a perspectiva de que: “o que caracteriza a mulher no medievo não é o modelo que ela prega na sociedade, mas o olhar que os homens impõem sobre as personagens” [Duby; Perrot, 1992, p. 07]. Podemos refletir acerca dos desafios enfrentados por essas personagens, assim como o seu lugar social ocupado em meio a submissão, e muitas vezes nas transgressões, já que nem sempre a mulher medieval foi um ser passivo.

No texto de Suzanne Fonay Wemple, “As mulheres do século V ao século X” [1992] a autora explica que durante este contexto medieval, sabe-se que a religião cristã tinha influência muito forte na vida dos sujeitos e isso afetava as mulheres diretamente. Mesmo neste tempo já era possível ver a Igreja presente em muitos contextos sociais, fossem eles direcionados ao campo educacional ou político, e até mesmo ao matrimônio. Ainda assim, as mulheres detinham poderes de educação dos filhos, assim como da administração do lar.

Wemple [1992] destaca também que as mulheres camponesas se apresentavam principalmente nas capitulares de Carlos Magno como importantes nas manutenções das casas reais; esses modelos de mulheres caracterizadas pelos escritores, são advindos de interpretações novas, porém com descrições de fontes já conhecidas.

A historiadora apresenta ainda descrições da vida das mulheres nos mosteiros, locais que, segundo Wemple [1992], serviam de refúgio para conservar a virgindade ou para permanecerem como “santas” de Deus, libertando-se das obrigações matrimoniais. Porém, a vida nos mosteiros era proposta pela Igreja apenas para as mulheres viúvas que desejavam um estatuto igual ao das mulheres virgens ou como forma de penitência das mulheres pecadoras.

Seguiam ainda muitas restrições, já que: “O lugar de cada uma no dormitório obedecia a certos princípios; os lugares das irmãs mais novas eram dispostos alternadamente com o das mais velhas, para evitar a leviandade ou a tentação carnal” [Wemple, 1992, p. 250].

A vida para essas mulheres religiosas consistia, além da reclusão, em se protegerem e evitarem qualquer pecado. Por exemplo, para evitar a tentação carnal essas mulheres que viviam em mosteiros não podiam ter contato com o sexo oposto nem mesmo para a simples confissão, podendo apenas se confessar na presença de outras irmãs:

“Além disso, no século X, os clérigos instruíam as mulheres de que deviam comportar-se humildemente na igreja. Se fossem virgens deviam imitar Maria, espelho de castidade, inscrição da virgindade, testemunho da humildade, honra da inocência” [...] As mulheres não podiam aproximar-se do altar, antes tinham de permanecer nos seus lugares, onde o padre deveria aceitar as suas oferendas [...] Nem mesmo as mulheres letradas deveriam ousar ensinar a homens”.[Wemple, 1992, p.252-253].

A historiadora Chiara Frugoni [1992] expõe o domínio da Igreja sobre as mulheres dividindo a categoria feminina em três estados naturais, sendo eles, o universo das mulheres casadas, as viúvas e as virgens, que se caracterizavam como exemplo de purificação, sendo sempre colocadas como o primeiro lugar social.

Assim, foi difundida pela Igreja no Medievo, a ideia de que Eva por representar o pecado original, acaba sendo o oposto de Maria, que segundo a Igreja, é o modelo religioso ideal para toda mulher, colaborando com a ideia de uma virgindade em busca de valorização carnal. Essa ideia de pureza e bondade vivida pela “Santa Mãe de Jesus”, é vista pelos cristãos como modelo de adequação do mundo feminino e eclesiástico no âmbito medieval.

Entre Eva e Maria: o paradigma cristão sobre as mulheres através das imagens
Jacques Le Goff [2013] explica que o número de arquivos medievais documentados sobre mulheres é bem inferior ao dos homens. O historiador argumenta que na Idade Média, mesmo o cristianismo concedendo à mulher um lugar de importância, ainda assim lhe infligiu duras imposições: uma era a responsabilidade de Eva no Pecado Original, a segunda era o fato de que as mulheres no clericato não poderiam ser promovidas a função sacerdotal.

Porém, o autor destaca que ainda assim houveram mulheres que foram elevadas a um estado superior ao de todos os outros seres humanos: A Santidade. De acordo com Le Goff [2013, p. 11]: “Talvez o acontecimento a manifestar com a maior profundidade uma real promoção da mulher tenha sido o formidável desenvolvimento, a partir do século XII, do culto a Virgem Maria”. Portanto, esse maniqueísmo difundido pela Igreja sobre os papéis de Eva e Maria durante a Idade Média, foi responsável por cristalizar os modelos de feminilidade a serem seguidos ou repudiados por mulheres:

“Todavia, as representações de Eva enquanto a pecadora que levou à queda toda a humanidade e a impossibilidade da habitação eterna no Éden são as representações que mais ganharam força e que mais foram disseminadas durante o período medieval. Contribuiu para que os espaços destinados aos sexos e a submissão e obediência das mulheres aos homens fossem aceitos e incorporados por grande parte da sociedade europeia, o fato de que tais elementos foram considerados como naturais e de origem divina”. [Pires, 2016, 131].

Podemos apontar então que muito da desigualdade dos gêneros perseverante no Medievo se deu justamente por essa culpabilização de Eva acerca das origens dos males existentes sobre a humanidade, já que Eva foi a primeira humana a pecar e fez cair assim o peso do pecado sobre todos os seus descendentes. Tal imaginário, mantinha a estrutura hierárquica entre homens e mulheres no medievo, justificada através da narrativa do Gênesis, na Bíblia Sagrada. Como destaca Gevehr e Souza [2014, p. 114]:

“O Gênesis mostra que Deus teria criado Eva a partir de Adão, o que justificava, para a Igreja, a submissão da mulher ao homem, e, tendo sido criada a partir de um osso curvo da costela de Adão, o espírito da mulher revelava esse desvio, sendo traiçoeiro desde a sua origem. Eva, com seu desejo abrasador de conhecimento do Bem e do Mal, ao consentir ser seduzida pelo Diabo, leva Adão consigo, tornando-se responsável pela perdição moral do homem”.

Sendo assim, tornou-se bastante comum a associação da mulher ao mal, por isso em muitas representações imagéticas, demônios eram retratados com traços femininos, como na gravura “Eva e a serpente”, do editor parisiense Vérard. Nela vemos o episódio bíblico em que Eva foi enganada pela serpente e comeu o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal.


Fig. 1 – “Eva e a serpente”, de Vérard, 1493-1494, Le Mirouer de la Redemption de l’umain lignage Paris: Vérard, fol. 2v.

É possível notar na gravura que a serpente, forma utilizada pelo diabo para enganar Eva, manifesta aspectos híbridos. Tais características possuem um sentido que nos auxilia a entender o processo de inferiorização da mulher, pois é possível apontar que além dos traços animalescos, por meio de asas e das orelhas de macaco (animal ligado a ideia da sexualidade exagerada), a serpente possui o rosto feminino, muito similar ao de Eva, reforçando assim os discursos construídos de que seria a mulher um dos meios para a tentação e Eva a responsável pela desgraça humana, pois ela também oferece o fruto a Adão, culminando em suas expulsões do paraíso:

“Defendia-se, então, que as mulheres, todas descendentes de Eva, possuíam uma tendência natural de se corromper, pela sua fraqueza e também pela estupidez, por ser mais fácil de enganar [...] Nessa perspectiva, a mulher seria a porta por onde o diabo conseguiria entrar e através dela causar todo tipo de malefícios à humanidade”. [Pires, 2016, p. 134].

Gevehr e Souza [2014] explicam que, neste contexto, a mulher, além de ser um ente negativo, representava uma tentação incessante, devendo os homens evitá-la, para continuar com seu espírito intacto, livre do pecado e da danação eterna.Consequentemente, na sociedade, ela teve, geralmente, um papel de segunda ordem, subordinada ao homem, reprimida e em silêncio”. [Gevehr; Souza, 2014, p. 115]

Entretanto esse imaginário negativo não seria vinculado à Virgem Maria. Segundo Dabat [2002] o culto marial, expresso no fenômeno arquitetônico de construções de catedrais dedicadas a Maria entre os século XII e XIV, deve sua importância dada na teologia da época, à vida terrestre de Jesus; o que naturalmente, deu maior enfoque à mulher que o deu à luz segundo a mitologia cristã, elevando a sua imagem como senhora boa e honrosa.

É possível apontar que isso se reflete nas gravuras que representam Maria, sempre mostrando feições serenas e bondosas, mais iluminada e em alguns casos intercedendo por humanos. Uma dessas gravuras, foi feita por William de Brailes, artista que viveu na Inglaterra do século XIII, e chama-nos a atenção por retratar Maria golpeando o diabo com um soco.


Fig. 2 - “Virgem Maria atingindo o Diabo,” de autoria de William de Brailles, “The De Brailes Hours” (c.1240).

A gravura se baseia em uma narrativa cristã que conta como Maria intercedeu por São Teófilo, antes dele torna-se santo. Teófilo havia vendido sua alma ao diabo, mas arrependido, pediu o auxílio de Maria, que vencendo o diabo, recuperou o contrato e restaurou sua liberdade. Brailles recria na cena, a representação de uma mulher de frente ao diabo, só que ao invés de ceder as suas manipulações, derrota-o com coragem.

Neste sentido, a figura feminina não ocupa o papel de pecadora e sim de santa, pois vemos a “mãe pura” de Cristo, enfrentando “o mestre” da maldade e dos pecados. A tranquilidade no rosto de Maria e suas roupas claras, contrastam com os tons escuros do demônio, derrotado sem dificuldades pela figura misericordiosa e casta.

Percebe-se, que a imagem de Maria é evocada como símbolo de resistência e de esperança diante do mal que tenta o ser humano. A gravura exibe justificativas da veneração da Igreja à Virgem Maria, que dentro desse contexto medieval cristão, torna-se modelo a ser seguido pelas mulheres.


Fig. 3 – “A Árvore da Vida e da Morte”, de Berthold Furtmeyr, no Missal de Bernhard von Rohr, Arcebispo de Salzburgo, 1481.

Nesta gravura de Berthold Furtmeyer no século XV, temos a representação de Eva e Maria ao lado da árvore do conhecimento do bem e do mal, na qual as duas mulheres recolhem frutos e oferecem a humanidade. Porém, no lado esquerdo da árvore temos a figura do Cristo na cruz, podendo-se entender que Maria conduz o povo a Jesus, aquele que se sacrificou para dar vida e salvação a todos, portanto Maria guia-os ao bem. Já no lado direito da árvore, o de Eva, temos uma face pálida e mórbida, concluindo-se assim que Eva leva os indivíduos a desgraça e a condenação pelo pecado, ou seja, ao mal:

“Os papéis sociais de gênero foram determinados por uma moral edificada na definição do corpo feminino, de acordo com a ótica da Igreja Católica. Isso fez surgir, nos discursos da História Medieval, a figura de Eva, a pecadora, vista como a grande vilã da humanidade;[e] a Virgem-Maria, a santa, a pura, um exemplo a ser copiado[..] Dessa forma, a representação da mulher transmitia práticas e virtudes quanto à pureza, sujeição, maneira de proceder e obediência aos princípios fundamentais da Igreja”. [Gevehr; Souza, 2014, p. 121].

Nota-se, que essas representações imagéticas revelam os aspectos culturais que perpetuaram a subordinação feminina no Medievo, fundamentada através da religião cristã, a construtora dos padrões de comportamento femininos – comportamentos que poderiam ser execrados, a exemplo de Eva, ou muito valorizados, na imitação da Virgem Maria.

Considerações Finais
Entre as inúmeras contribuições das novas narrativas elaboradas pelo campo da História das Mulheres ao dar protagonismo as figuras históricas femininas silenciadas, o olhar analítico sobre as construções dos papéis de gênero na sociedade medieval foram fundamentais para a explicação da subserviência do sexo feminino no Medievo.

Desse modo, o uso das fontes imagéticas da iconografia medieval, pode promover uma compreensão desse universo cultural, social e religioso no qual estavam imersas essas mulheres, pois a análise das representações de modelos bíblicos destacam Maria como a virgem pura e correta, ícone que deveria ser inspiração para todas as mulheres, e em oposto Eva, mãe do pecado original que amaldiçoou a humanidade e, portanto, renegada.

A reflexão proporcionada pelo universo das imagens, serve assim para análise das razões históricas acerca da permanência das mulheres abaixo dos homens na hierarquia social da Idade Média. Condições femininas influenciadas pelo âmbito religioso, que ao mesmo tempo que poderia vir a valorizar, também condenava o “segundo sexo”.

Referências
Esteffane Vianna Felisberto é graduada em Licenciatura em História na Universidade de Pernambuco – UPE (Campus Petrolina).
Marcos de Araújo Oliveira é graduado em Licenciatura em História na Universidade de Pernambuco – UPE (Campus Petrolina).

BURKE, Peter. Testemunha Ocular: História e Imagem. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2004.
DABAT, Christine Rufino. “Mas onde estão as neves de outrora?” Notas bibliográficas sobre a condição das mulheres no tempo das catedrais. Gênero e História – Dossiê. v. 1, n. 1. 2002.
DUBY, Georges; PERROT, Michelle. Apresentação. In:_____. História das mulheres: A Idade Média. Vol. 2. Porto: Afrontamento, 1992.
GEVEHR, Daniel Luciano; SOUZA, Vera Lucia de. As Mulheres e a Igreja na Idade Média: misoginia, demonização e caça às bruxas. Revista Acadêmica Licencia & Acturas. Ivoti. v. 2. n. 1. 2014. p. 113-121.
FRUGONI, Chiara. A mulher nas imagens, a mulher imaginada. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle (org). História das mulheres. A Idade Média. Vol. 2. Porto: Afrontamento, 1992, p. 462-482.
LE GOFF, Jacques. Homens e Mulheres da Idade Média. São Paulo: Estação Liberdade, 2013, 448 p.
PIRES, João Davi Avelar. Misoginia medieval: a construção da justificação da subserviência feminina a partir de Eva e do pecado original. FACES DA HISTÓRIA. Assis-SP, v.3, nº1, jan-jun., 2016, p. 128-142.
SOIHET, Rachel. História das Mulheres. In: Ciro Flamarion Cardoso; Ronaldo Vainfas (Orgs). Domínios da História: Ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2011, p. 263-283.
SCOTT, Joan. História das mulheres. In: A escrita da História. Novas perspectivas. Peter Burke (Org.). São Paulo: Editora Unesp, 1992, p. 63-95.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995, p. 71-99.
WEMPLE, Suzanne Fonay. As mulheres do século V ao século X. In: DUBY, Georges e PERROT, Michelle (Org). História das mulheres. A Idade Média. Vol. 2. Porto: Afrontamento, 1992, p. 238-244.

31 comentários:

  1. Quando voltamos o olhar aos estudos sobre a mulher no medievo, em grande parte, nos deparamos com a mulher silenciada, visto que a história se voltou aos grandes feitos dos homens. Esse silenciamento, hoje é questionado, trazendo a luz a presença das mulheres em diversas áreas, as quais as mostram como protagonistas da história e não mais como submissas. Em seu trabalho, foi possível encontrar algum documento próprio do período, além das gravuras, que mostrasse esse protagonismo da mulher, principalmente vindo de um contexto religioso? - Mirja Myrcea Dennisse Churquina Corro

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    1. Olá Mirja, Boa tarde !

      Primeiro gostaríamos de agradecer a participação e o interesse na nossa temática.
      Respondendo então a sua perguntas não utilizamos diante do nosso trabalho outros documentos próprios do período, pois no nosso foco, optamos por priorizar as figuras de Eva e Maria, apesar que em algumas bibliografias Maria Madalena aparece como modelo tbm, pois é a pecadora que se redime.
      Foi por nós analisado que as mulheres socialmente descritas no período da nossa pesquisa são por vezes silenciadas e são assimiladas em contextos históricos voltados apenas ao âmbito da família .
      Dito isso, reafirmo que não foi possível trabalhar com obras que engradeçam esse papel da mulher, contextualizamos e dialogamos ao longo do nosso trabalho com materiais que visam destacar como essas mulheres eram vistas no Medievo, e nisso é muito importante citarmos os textos do George Duby e da Michelle Perrot, que vem enalter a presença dessas mulheres em contextos religioso, mesmo que esse enaltecimento não seja para protagonizar uma história e sim para reafirmar o silenciamento histórico que foi transpassado durante anos.

      Mas sim,. Podemos citar no Medievo algumas realidades de mulheres transgressoras, que nem sempre ganharam destaques em maiores narrativas do período, alguns exemplos são a Rainha Clotilde, esposa do Rei Franco Cloves, a Propria Papisa Joana (Tida como Lenda da Igreja), A Guerreira Joana Darc, a Rainha Ana Bolena, Ou outras figuras femininas que a História das mulheres nos permite conhecer .

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  2. se a igreja não tivesse tomado partido sobre o modo como as mulheres deveriam agir, crês que a sociedade encontraria outra forma de responsabilizar a mulher por essas condutas ou seria uma sociedade completamente diferente? ótimo texto, parabéns!! rubia Anye Cassol

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    1. Olá Rúbia, Boa tarde !
      Primeiro gostaríamos de agradecer a participação e o interesse na nossa temática.
      Respondendo então a sua pergunta acreditamos que a sociedade seria completamente diferente, visto que a idéia da mulher como “pecadora” se engradece com a culpabilidade de Eva , que por fim se torna o comparativo de Maria, modelo de pureza. Então essas ideias religiosas transpõem o campo social, pois foram reproduzidas pela sociedade como forma de reafirmar a conduta obediente e casta da mulher e como forma de enaltecer o poder masculino. Com base nisso, acreditamos que se a sociedade tivesse condutas diferentes como no quesito da dominação masculina , onde houvesse no mínimo uma não inferiorização da mulher na política e contexto eclesiástico, os pensamentos seriam opostos aqueles no qual estamos acostumados a vivenciar em registros históricos: Mulheres sob o poder masculino.
      Porém ainda assim, a Igreja também buscou valorizar figuras femininas, afinal também existiam Santas e um culto expressivo a Maria.
      Essas questões surgem dos próprios conflitos de gêneros, em que homens sempre buscaram se manter no poder.

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  3. Olá!
    O meu objeto de estudo desde a graduação é uma mulher do século XII, constantemente analisada sob o prisma de seu esposo quando na verdade ela possui qualidades próprias e reconhecidas por ele. O que me chamou bastante atenção no texto de vocês foi a generalização, isso dado-se ao fato de que no século XII as artes liberais eram representadas por mulheres - com sábios aos seus pés, sei que o recorte é necessário mas como lidar com um período tão rico se nos posicionamos de modo geral!! Eu gostaria então de saber se vocês pensam em fazer esse contra ponto? E mais, elas eram submissas e se perpetuaram através de sua subordinação, ou só agora elas começaram a falar por si nos documentos e passaram a ser reconhecidas?

    Assinatura: Luciana Alves Maciel

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    1. Olá Luciana.
      Lendo e relendo sua pergunta, acreditamos que sua fonte de estudos seja Heloísa de Argenteuil. Se não o for, perdão...
      Então em relação a uma suposta generalização, acreditamos que o nosso objetivo maior era não cometer anacronismos.
      Afinal, expomos no nosso texto que as mulheres ocupavam muitos espaços no Medievo, mas em sua maioria eram subordinadas a homens. pai, maridos, clérigos, reis, etc.
      Afinal, Se falarmos de Heloísa, seria interessante destacar que a mesma era obediente a Abelardo, enquanto aluna com o professor e , ainda dominada pelo Tio, seu "Tutor", digamos assim.
      Sendo aqui, temos novamente um situação de uma mulher que está subordinada ainda a uma sociedade onde homens são figuras de poder, ainda que ela seja uma intelectual, cidadã crítica, etc... Mas entretanto Heloísa não era regra e sim exceção, já que outras mulheres não tinham os mesmos privilégios que ela. E se levarmos em conta até o triste fim de Heloísa, reclusa em um convento, vemos que ela após ter seu romance com Abelardo prejudicado, teve esse destino, já que não mantinha mais o status de virgem para a sociedade e no âmbito clerical, obteria uma condição respeitada, destino de muitas mulheres da época.


      Acreditamos porém que existiam sim mulheres que romperam esses padrões de submissão, pois como colocamos no texto a História das Mulheres, visa também mostrar a mulher como participante ativa na história, ainda assim a condição feminina estava subordinada ao pensamento religioso e a hierarquia dos gêneros, com homens dominando.
      Imagine que até como viúvas, muitas mulheres ainda assim lutavam para ter uma condição bem vista na sociedade.
      E até às que ousavam transgredir a submissão não tinham um "final feliz" como Joana D'arc e Ana Bolena, perseguidas por Homens.

      Recomendo a você a leitura do livro "Homens e Mulheres na Idade Média" de Jacques Le Goff, um medievalista muito famoso. Cremos que poderá te ajudar ainda mais a entender essas relações no Medievo.
      Obrigado pelo interesse no nosso texto.

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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    2. Olá Esteffane e Marcos,

      Primeiro de tudo obrigada por me responder. Bem, na verdade Heloísa e as epístolas são meu objeto de estudo, já usei como fonte as Correspondências de Abelardo e Heloísa, Martins Fontes/2000, mas nesse momento estou usando como fonte o The Letters of Heloise and Abelard: A Translation of Their Collected Correspondence and Related Writings (2009) da Palgrave Macmillan. Na graduação usei livros de Jacques Le Goff para entender o contexto/espaço em que Heloísa está inserida quando conhece Pedro Abelardo, este foi definido por ele como “espaço da palavra” (LE GOFF, Jacques, 1992), e atendeu minhas expectativas.
      Para entender o comportamento de Heloísa e dos que estavam em seu entorno me orientei pelo Processo Civilizador (vol. I e II) de Nobert Elias que diz ter sido, “em torno das mulheres que se formaram os primeiros círculos de atividade intelectual pacífica. Nos círculos aristocráticos do século XII, a educação das mulheres em geral era mais refinada que a dos homens” (ELIAS, Norbert, 2011). São recortes e temos de fazer escolhas, e sei como isso é bem difícil, além de termos de nos preocupar com o significado das palavras para entender um período tão distante. Por exemplo, “beleza” qual o significado dessa palavra no século XII? Héloisa era reconhecida por ser bela, mas segundo C. Stephen Jaeger, beleza era o símbolo visível da perfeição interior. Então de que tipo de beleza eu vou ter de tratar? Por isso em momento algum imaginei Heloísa submissa a Pedro Abelardo, até mesmo porque ele morre decadente e é ela quem negocia com Pedro, o venerável, para que o corpo dele seja transferido para o Paráclito – negociar era uma das funções do abade/abadessa.
      O embate entre criador e criatura, onde a criatura herdou do criador independência e consciência (em meados do século XI e no decorrer do século XII o mestre era uma fonte onde se beber) e no fim o “[...]pobre Pigmalião, era em um momento desconcertado pelas exigências de sua criatura, e depois gentilmente deixado para trás... (BOURGAIN, Pascale, 2019).
      Ouso discordar de você sobre Heloísa ter sido submissa à Pedro Abelardo ou dominada por Fulbert, obediente talvez, afinal isto estava inerente a condição do aluno. Mas como eu disse são recortes e agradeço pela sua recomendação, cuja contribuição foi a possível paternidade de Heloísa. Parabéns pelo trabalho de vocês!

      Att,
      Luciana A. Maciel

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  4. Muito interessante o artigo de vocês! Parabéns! Acredito que trazer a tona esses temas, principalmente em sala de aula, facilita na compreensão sobre alguns comportamentos e preconceitos que atingem as mulheres ainda hoje, e que é uma luta constante para que isso mude, principalmente as tentativas de se perceber as mulheres como sujeitos históricos atuantes. Percebo uma falta disso nos livros didáticos, onde, temas como as mulheres na idade média quase não aparecem, ou quando acontece é associada aos processos inquisitoriais e acusações de bruxaria, as mulheres sempre sendo temidas por fugirem de padrões sociais e religiosos da época. Esse discurso religioso medievo sobre os papeis femininos acabam por moldar toda uma sociedade, bem como seus costumes, que refletem no pensamento sobre as mulheres não apenas daquele período, mas também posteriores. Fazendo um parâmetro entre passado e futuro, bem como a condição feminina, de que forma vocês trabalhariam esse tema em sala de aula?
    Débora do Rocio Pacheco da Silva.

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    1. Olá Débora, agradecemos pelas considerações.
      Em se tratando de um trabalho pedagógico, podemos evidenciar como o uso das imagens podem revelar discursos em determinados contextos históricos, neste caso a idade média, pois vemos nessas gravuras medievais aspectos do imaginário religioso, que demonstram a cultura sobre as representações femininas. Sendo assim, é possível abordar em sala com os alunos como as relações de gênero se consolidavam no medievo, com base na justificativa religiosa, de que a mulher poderia ser um ser puro ou pecador, e como isso determinava a hierarquia entre os sexos, fazendo mulheres muitas vezes inferiores aos homens.
      Podemos debater. portanto, como essas construções históricas do passado, se refletem em várias esferas da nossa sociedade.

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  5. Boa noite, primeiramente parabéns pelo trabalho. Este é um tema sempre complicado de se tratar e abordar perante uma sociedade voltada ao homem.
    Sou um grande apreciador de obras que retratam as mulheres ao longo da história, gostaria de saber se vocês acham que essas obras, retratando a mulher, o sagrado feminino, ajudaram ou prejudicaram a imagem criada sobre as mulheres na idade medieval?
    Abraço.
    Júnior Henrique Ott

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    1. Olá, Henrique agradecemos as considerações!
      Acreditamos que a imagem em si do Sagrado feminino sempre foi muita valorizada em diversas sociedades humanas, seja as deusas da mitologia grega, romana, etc.
      Tanto é que no âmbito cristão, muitas mulheres foram alçadas a condição de santas e diversas catedrais foram dedicadas a Maria, durante o período medieval. Só que precisamos frisar que quem participava massivamente do âmbito clerical eram homens e no âmbito político também homens, então muitas vezes eles valiam-se dos discursos bíblicos para inferiorizar essas mulheres na hierarquia social, afinal imagine só o conflito de padres ou reis ao perderem espaço para mulheres? De certa forma, era pertinente para homens essa submissão feminina.
      Porém precisamos frisar que houveram sim mulheres transgressoras nesse contexto medieval, como a própria Joana D’arc ou a Rainha Ana Bolena.

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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    2. Com certeza, acho que sempre haverá os dois lados da moeda e o medo da classe (nesse caso o gênero) dominante perder espaço.
      obrigado pela resposta. Abraço.

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  6. Olá!
    Primeiramente, parabenizo pelo texto.
    A minha questão é em torno do discurso misógino propagado no Medievo. Essa dualidade entre Eva e Maria poderia ser a causa precursora das calúnias sobre o sexo feminino?
    Att.
    Maristela Rodrigues Lima.

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    1. Olá, Maristela. Agradecemos pela leitura.
      Acreditamos que não, pois até na antiguidade as mulheres ainda assim eram retratadas com certos preconceitos, afinal Cleópatra sofreu muitas calúnias de seus opositores e em várias lendas da mitologia Grega, como a de Hércules, temos na figura da Deusa Hera uma verdadeira vilã que persegue Hércules.
      Entretanto esse traço de uma mulher inferiorizada ao homem no Medievo se faz muito forte por conta dessa dominação da mentalidade pelo pensamento religioso, afinal não estava escrito no Genesis que as mulheres tinham que estar abaixo dos homens e controladas por ele, mas os Homens desse contexto se utilizaram da narrativa bíblica ( tanto Clérigos como reis) para legitimar a idéia de uma mulher que se desvia do bom caminho e sendo assim precisa ser obediente.
      Esperamos ter ajudado você.

      Esteffane Vianna Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  7. Olá!Parabenizo pelo trabalho, gosto bastante dessa temática. Fiz um trabalho em parceria com uma colega historiadora sobre a abordagem das mulheres medievais no livro didático e este tema gera muitos debates, principalmente em sala de aula. Gostaria de perguntar se vocês acham que o papel da mulher no período medieval estava atrelado apenas a "função" de mãe(reprodução para o aumento da família) segundo as referências da Virgem Maria e a Eva?

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    1. Rafaela, agradecemos pelas considerações.
      Ao Falarmos de mulheres medievais precisamos pensar que em todo contexto de imposição, sempre há transgressão.
      Apesar de se designar para as mulheres esse espaço de submissão, muitas ousaram ir além.
      Temos Rainhas como Ana Bolena, extremamente bem educada e interessada pela onda Reformadora, Joana D'arc, uma importante guerreira, Elizabeth Woodville, uma rainha que fez de tudo para garantir o trono do seu filho em meio a Guerra das Rosas na Inglaterra, então podemos analisar que mesmo no contexto religioso e a hierarquia social que privilegiava homens, haviam mulheres que se destacavam em outros espaços "masculinos".
      Ou até mesmo em conventos, a exemplo da ordem de Santa Clara.
      O que pesa muito para a ausência de maiores narrativas para essas mulheres medievais transgressores são os silenciamentos, pois muitas vezes essas narrativas eram ameaçadoras no mundo dos homens.
      Esperamos ter ajudado.

      Esteffane Vianna Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  8. A sociedade nos dias de hoje, ainda mantém essa figura da mulher, com as virtudes de Maria e as desvirtudes de Eva. Como essas figuras terão importância nas décadas que vierem? E se elas ainda servirão de modelo à essa sociedade que vêm?

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    1. Jaqueline, cada vez mais o Estado procura manter-se laico e com o advento das ciências, muitas pessoas se afastam dos pensamentos religiosos.
      Não queremos dizer que a Igreja Católica continua pregando esses modelos de mulher para inferioriza-las diante dos homens , pois hoje vemos o quanto as mulheres são importantes dentro da Instituição Católica, sendo muitas vezes maior numero em frequentadoras de missas.
      Talvez esses modelos de Eva e Maria não sejam tão utilizados para elas, mesmo Maria sendo o exemplo mais evocado ,isso acontece pois no novo século uma das pregações que a Igreja faz é que as pessoas busquem a santidade, sendo assim haverão novos Santos. Conforme diz o Papa João Paulo II:

      “Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio!”
      (Mensagem por ocasião da XV JMJ – 29/06/1999)

      Desse modo, talvez no futuro Eva e Maria continuem sendo importantes, porém a Igreja também busca novos sentidos e novas narrativas.

      Esteffane Vianna Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  9. Olá, achei o texto muito interessante. O que me intriga é como esses discursos de que a mulher é responsável por desgraças ou coisas ruins, como quando um filho tem uma conduta ruim e a culpa cai sobre a mãe ou quando um marido é infiel e a culpa cai sobre a esposa, e outras situações semelhantes, como esses discursos continuam presentes na sociedade mesmo após centenas de anos.

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    1. Olá Leticia, Bom dia ! Primeiro gostaríamos de agradecer as suas considerações. Acreditamos diante das pesquisas que essas contribuições e discursos semelhantes que permanecem na sociedade durante anos, foram construídos através de discursos que engradeceram o ser “homem” e por fim ocultou as personagens “femininas”. Sendo assim, a sociedade é uma construção de contribuições sociais, que foram descritas durante anos, então esses discursos eles se prologam diante de uma sociedade que por fim desvalorizam o papel feminino, fazendo com que assim as características sejam de desvalorização do papel da mulher. Mas, acreditamos contudo que já tivemos um avanço na história da sociedade feminina, com as condições que são possíveis agora a essas mulheres, e é importante frisar esse avanço social, que acreditamos ainda que passará por diversas mudanças.

      Esteffane Vianna Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  10. Olá! A informação repassada pelas gerações é que Eva é a mulher má que comeu o fruto proibido, o deu a Adão que o comeu também e por causa dela foram expulsos do paraíso e agora com a marca do pecado original. Então, vem Maria sem o pecado original e dá a luz aquele que seria o filho de Deus e que salvaria a humanidade. Ainda assim, mesmo que a ideia me pareça tão submissa, mesmo que Maria sempre seja retratada pelo silêncio (e que seu silêncio agrada a Deus), eu fico me indagando sobre a força dela perante o período. Eu posso estar cometendo um anacronismo enorme, mas com a imagem de Maria crescendo no século XIII e há uma "melhora" na imagem feminina a partir dela, acham que Maria poderia ser um símbolo feminista além do religioso?
    Agradeço pela atenção.

    Atenciosamente,
    Adrienne Peixoto Cardoso.

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    1. Olá Adrienne, Bom dia !

      Agradecemos as suas considerações.

      Acreditamos que utilizar a imagem de Maria como símbolo feminista estariamos sendo anacronistas, visto que o tempo em que essa imagem de maria perpassa é divergente com o surgimento do feminismo (fim do sex XIX, século XX e XXI). Mas, respondendo ao seu questionamento, é notório o engradecimento da personagem Maria como mulher, que em períodos já que em muitos períodos históricos, as mulheres foram silenciadas ao papel de coadjuvantes. Mas, podemos dizer sim, que ela foi além de uma imagem feminina forte e empoderada , digo empoderada no sentido de ser forte para o seu tempo, ela também foi um símbolo de conquistas femininas, além de ser prestigiada no contexto religioso.
      O contexto da imagem de Maria fortifica a mulher corajosa que lutou pelos seus objetivos, que acreditou em um ser maior que nesse caso é a figura de Deus, e que enfrenta isso no contexto histórico quando ela faz do oficio de ser mãe do filho de Deus, uma escolha que poderia ter prejudicado o seu convívio social, então ela corre o risco das perseguições sociais, mas escolhe ser serva de Deus, o qual tem o Apoio do seu esposo José. Ela não almejava ser a imagem da mulher divina submissa as vontades do senhor, mas através dela que predomina o contexto da divindade humana, de uma mulher divina, que é especial ao senhor a ponto de gerar o salvador, ainda de acordo a narrativa biblica. Porém dando ênfase ao período histórico da Personagem na Antiguidade, com muitas tensões.

      Atualmente Esse contexto da figura de Maria pode ser visto com um discurso feminista por conta da sua escolha, dedicando a sua história a se doar e ser Mãe do salvador, onde também é fortificado dentro do contexto religioso, onde esse discurso tenta elevar essa mulher grandiosa. Ela serve como exemplo de mulher divina e empoderada.

      Esteffane Vianna Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  11. Olá! As representações de Eva e Maria possuíam o mesmo "peso" para todas as mulheres medievais ou discerniam entre as mulheres camponesas e nobres?

    Thayline de Freitas Bernadelli

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    1. Olá Thayline,

      Sim, as representações de Eva e Maria possuiam os mesmos pesos para todos os tipos de mulheres. Nos periodos medievais essas mulheres eram simbolos de familia, onde deveriam conviver para a educação dos lares e a formação dos filhos, assim como zelar pelo ambiente da casa e da familia ! Tanto nobres quanto camponesas estavam assim inseridas em ambientes domésticos
      Existe um autor muito bom, Chamado José Rivair Macedo, que no livro "A Mulher na Idade Média"(1992), defenderá que os sexos sempre tiveram influência na hierarquia social do Medievo, muito desigual para as mulheres. Ele irá classificar essa mulher estava imersa no universo simbólico como Roca, afirmando que é importante o seu papel na construção social da familia e do lar, já o homem seria identificado pela espada, no universo da força e virilidade.
      Sendo assim, não existe definições diferentes para mulheres camponesas ou nobres, todas deveriam seguir as normas do Estado ou da Igreja onde sugeriam que todas deveriam ser semelhantes a Maria, nobres ou camponesas

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  12. Minha dúvida é acerca da desigualdade dos gêneros durante o medievo:

    É possível afirmar que a fusão entre a cultura greco-romana e a Igreja reforçou esse pensamento social sobre a condição feminina?

    Daniel Soares Lopes Morais
    moraislopesdaniel@gmail.com

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    1. Olá Daniel, a condição feminina no pensamento da Igreja surge a partir das narrativas bíblicas.
      Lembrando que na Bíblia não está escrito que a mulher deve ser silenciada ou posta abaixo da hierarquia social, mas a história de Eva e o seu desvio no Antigo Testamento serviram para que clérigos tecessem discursos alimentando a idéia de que a mulher era um ser propenso ao pecado e deveria ser dominado .
      Já no novo Testamento, a pureza e maternidade de Maria , levam a Igreja a tecer a idéia de uma mulher ideal e honrada . Nesse contexto, as virgens e as puras de coração, são mais valorizadas.
      Esperamos ter ajudado.

      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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  13. Artigo maravilhoso. Parabéns aos autores.
    As mulheres nas sociedades primitivas tinham um papel central nas decisões da comunidade, que acabou sendo reprimido conforme as sociedades se tornavam complexas. Na antiguidade as mulheres ja eram tratadas como inferiores e submetidas a restrições, que só intensificaram no medievo.
    Se com o cristianismo, a inferioridade da mulher era justificada pela atitude de Eva, nas sociedades mais antigas se davam por causa de uma esfera mística que envolviam o parto, entre outros acontecimentos que não eram compreendidos na época?

    Maria Amanda Nunes dos Santos

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    1. Olá Maria Amanda, obrigado pelas considerações.
      Em termos de sociedades antigas, podemos destacar que Grécia Antiga, um dos aspectos que restringia a mulher ao lar, era principalmente o medo da infidelidade, já que a submissão e fidelidade, garantia uma descendência sem maiores dúvidas em relação a paternidade.
      Além disso, a política na pólis grega era restrita aos homens, considerados mais aptos para tal oficio.
      Muitos ainda enxergavam a mulher como ser incompleto pela ausência do órgão sexual masculino, já que numa sociedade falocentrica, o falo era uma figura simbólica de poder
      Então podemos destacar que muito da inferiorização se dava por fatores diversos e plurais


      Esteffane Viana Felisberto e Marcos de Araújo Oliveira

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